terça-feira, 27 de novembro de 2012

Seguindo pelo Vale do Ribeira: Parque Estadual Caverna do Diabo – Set/12


Logo depois de ter conhecido a Cachoeira do Travessão (clique aqui), segui de carro para a cidade de Registro (SP), porque tinha que resolver uns assuntos bancários inadiáveis. Registro é uma cidade que eu sinceramente não curto nem um pouco, é uma cidade que me dá uma espécie de “deprê”.
Serviço feito, sentei na calçada em frente de uma loja e abri os mapas. Minha próxima Unidade de Conservação na lista era o Parque Estadual Caverna do Diabo, e eu buscava um caminho mais alternativo possível. Não queria ir pela Dutra (BR 116) para depois subir. Queria aventura! Acabei encontrando um caminho bem interessante, margeando o Rio Ribeira até a cidade de Eldorado (SP), onde fica a sede do PECV. E assim eu fiz: subi pela SP-139 em direção a Sete Barras (SP), mas em determinado momento saí da estrada para pegar uma variante à esquerda, a SP-250. Uma das estradas mais sinuosas que eu já peguei, e sempre, sempre, margeando o lindo rio Ribeira de Iguape! Foi uma escolha feliz, em um dia ensolado e de calor.
Rio Ribeira de Iguape, grande rio do Estado de São Paulo. Infelizmente, está um pouco assoreado. Mas continua lindo!

Passei pela cidade de Eldorado, parei na Central de informações ainda a tempo de saber se era possível visitar o parque. Eram por volta das 16h20, e o parque fecharia a visitação à caverna às 17h. Acelerei o máximo que pude naquela estrada sinuosa, subi os 5 km da estrada íngreme até a sede, mas consegui chegar a tempo de fazer a visita (monitorada) à caverna.
Eldorado, o portal das cavernas

Portal de entrada da cidade de Eldorado (SP): a capital do caving, auto-intitulada, é claro...

Placa estilizada do parque

  •       A sede do Parque Estadual Caverna do Diabo impressiona logo de cara: um enorme pátio de estacionamento antecede um conjunto de casarões, onde estão instalados um restaurante muito bom (Restaurante Kaverna. 13 3871 0259), banheiros grandes. As coisas funcionam ali. Obrigatoriamente você tem que pagar por uma monitoria pela Caverna do Diabo (R$16, ingresso+monitoria), mas nesse caso, mesmo não curtindo essa “obrigação”, eu vi vantagem. Tem coisas ali que só um cara que já conhece poderia mostrar.



O monitor que me acompanhou foi o Geraldo, que eu descobri depois ser primo de um cara que eu havia conhecido uma semana antes, em São Paulo, em um evento profissional. Esse cara era o Ivo, guia e parte do Conselho do Circuito Turístico Quilombola. O mundo é muito pequeno! Acabei aproveitando e perguntando ao Geraldo se ele tinha um abrigo para eu abrir minha barraca, no que ele prontamente ajeitou um lugar para eu ficar, no quintal enorme de um primo dele.

Infra estrutura bacana, e sem chance de entrar na caverna sem guia...
A Caverna do Diabo é imponente, apesar de estar totalmente descaracterizada pelas escadarias de concreto, que na verdade são para diminuir o impacto dos visitantes ao local. Alguns espeleotemas interessantes, salões enormes, um rio que corre internamente. Fiquei ali cerca de 50 minutos, não tirei nenhuma foto. Mas gostei muito dali. Claro, há cavernas mais selvagens, sem iluminação, mas me agradou o que eu vi ali.


Entrada da Caverna do Diabo

Cachoeira do Araça, ou uma das várias quedas da cachoeira

Cachoeira do Araça
No fim do tour pela caverna, ainda tive tempo de fazer uma trilha até uma cachoeira chamada Araçá, na verdade uma sequencia de quedas bem interessantes. Fiquei ali até às 18h20, e saí do parque já quase no escuro, para procurar o tal local que o Geraldo havia me falado para montar a barraca.
Caminhos dentro do parque
 Montei a barraca, os mosquitos infernizando, meu corpo suado pedia um banho! Mas onde? E a fome apertou. O sobrinho do Geraldo veio falar comigo, e me deu uma dica: 2 km pela estrada, sentido Eldorado, tinha um bar, chamado Bar da Bica, onde podia comer alguma coisa, e também tomar um banho na bica que dá nome ao bar. Corri para lá. Tomei um banho revigorante de bica, pedi uma porção de linguiça frita e uma breja. Logo puxei papo com umas mulheres que também estavam por ali, Graça, Ruth e Regina, que eu havia visto no parque também. Graça, descobri depois, é a dona do restaurante que fica na sede do parque; Ruth e Regina são professoras.
Sede do Parque Estadual Caverna do Diabo. Muito boa estrutura!
O papo rolou animado, calor, cerveja, e de repente veio chegando o povo da comunidade quilombola Sapatu. Do nada, alguém puxou um violão. E assim começou uma festa que foi até altas horas, agora regada a dança e cachaça. Ainda joguei bilhar contra o dono do bar, ganhei a melhor de três dele, o que causou certo espanto na galera (e em mim também! Foi pura sorte!! Kkkk).


Saí do Bar da Bica meio “torto”, voltei para o camping e me enfiei na barraca. O dia tinha sido realmente espetacular, e fechou com chave de ouro!

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Parque Estadual Carlos Botelho – Núcleos São Miguel Arcanjo (SP) e Sete Barras (SP) – Set/12


Chegando ao Parque e descendo pela estrada-parque – 17/9/2012

Com uma semana de férias já corrida, decidi conhecer uma região que há muito eu tinha deixado em segundo plano: o Vale do Ribeira. Com um mosaico de Unidades de Conservação (UC) se sobrepondo, me planejei para passar uma semana conhecendo esta região.
Comecei a trip pelo Parque Estadual Carlos Botelho (PECB), cuja sede se encontra na simpática cidade de São Miguel Arcanjo (SP), e que abriga em seu interior uma estrada-parque muito interessante. Descendo pelo Vale do Ribeira, o PECB tem ainda outro núcleo, chamado Sete Barras.

Na SP-250, um totem no caminho do PECB.
Em uma bela manhã de segunda-feira (17/9), às 6h19, comecei minha viagem. Havia alugado um carro para esse fim. Segundo informações colhidas, a melhor maneira de chegar seria pela Castello Branco (SP-280), saindo depois sentido Sorocaba. Mas eu preferi fazer um caminho diferente, ainda que mais longo: peguei a rodovia Raposo Tavares (SP-270), seguindo até Sorocaba, depois seguindo por Pilar do Sul (SP) até São Miguel Arcanjo. Sinceramente, curti cada curva linda e perigosa deste caminho.
Entrada do Parque Estadual Carlos Botelho (Núcleo São Miguel Arcanjo)

Cheguei em São Miguel Arcanjo por volta das 10h30. Cidadezinha realmente muito simpática, dei um tempo ali para me refazer um pouco e comer alguma coisa. Aproveitei e passei em um supermercado para me abastecer, caso eu acampasse (o que eu acabei fazendo mesmo). Acertei em cheio!
De São Miguel Arcanjo segui para o parque. São 25 km por uma estradinha bucólica, cercada de muito verde e visuais muito interessantes. Quase uma hora depois (eram 12h21) cheguei à sede do PECB. De cara deu para perceber que é um parque bem estruturado. Fui recepcionado muito bem, os funcionários do parque são muito atenciosos.


Placa indicando a Trilha das Bromélias
Esta trilha é totalmente acessível para pessoas com deficiência motora.

As trilhas, em sua maioria, são todas monitoradas. Conversando com o pessoal do parque, descobri que havia duas delas que estavam liberadas: Trilha das Bromélias, uma trilha totalmente adaptada para pessoas com necessidades especiais, com cerca de 300 m de comprimento; e a Trilha do Rio Taquaral, extensão de 1800 m, que margeia o rio de mesmo nome.
  •       Trilha das Bromélias: estruturada como de passarela de madeira, esta trilha forma um circuito pequeno, que passa no meio de um bosque bonito. A trilha é curta, mas proporciona uma interação importante para os portadores de deficiência.
  • ·         Trilha do Rio Taquaral: o rio Taquaral passa dentro do parque e pertence à bacia do rio Paranapanema. A trilha em questão é muito interessante, começa em uma cota alta e vai descendo forte, por volta de uns 20 minutos, até encontrar o Taquaral. Nesse ponto você escolhe seguir para a direita (até um deck à beira do rio), ou à esquerda (margeando o rio, até encontrar a estrada-parque e uma cachoeira gostosa para banho).


Entrada da Trilha do Rio Taquaral

Pegando à esquerda na trilha, você chega à estrada-parque, e à esta cachoeira deliciosa

Pegando à direita, você chega a este deck de banho
Eu, tomando um banho no Rio Taquaral

Foi muito bom, aproveitei para me banhar um pouco, tanto na cachoeira quanto no próprio rio Taquaral, e espantar o calor. Voltei à sede por volta das 14h, coloquei as coisas no carro e comecei a descida pela estrada-parque, também conhecida como SP-139, até o núcleo Sete Barras. Do núcleo onde eu estava até o núcleo Sete Barras são 33 km descendo por esta estrada de terra bem batida, com vários pontos de parada com quiosques estratégicos, sempre a beira de algum ribeirão; cachoeiras, mirantes do Vale do Ribeira, vários avistamentos de animais e pássaros, dezenas deles. Alguns buracos em alguns trechos e os diversos atrativos me fizeram cobrir esses 33 km em cerca de duas boas horas, muito bem aproveitadas! Cheguei ao núcleo Sete Barras exatamente às 16h. Conversei com o pessoal do parque e perguntei onde eu podia andar sem precisar de um “guia” para me acompanhar. Me indicaram a Trilha da Figueira, com cerca de 2km ida e volta.
  • ·         Trilha da Figueira: esta trilha nada mais é que um caminho que margeia o Ribeirão da Serra, de águas cristalinas e geladinha, até uma figueira-branca enorme que tem, segundo o levantamento dos especialistas, aproximadamente mil anos. No trajeto é possível observar alguns tipos de vegetação bem interessantes, Mata Atlântica secundária e várias árvores, todas identificadas com placas. Prato cheio para quem curte árvores! Nessa trilha eu avistei um macuco, pássaro bem difícil de avistar porque é muito arisco.
  • ·       O pessoal que trabalha nesse parque merece destaque: Nil, o segurança boa praça; Sr. Tércio, que trabalha ali há cerca de 20 anos, conhece tudo de pássaros e do parque.

Jà na estrada-parque, parado em um dos quiosques na beira de um braço de rio.
Mais um ribeirão, chamado Água da Vaca
Entrada do núcleo Sete Barras. Na parte de baixo do parque, este núcleo também é espetacular.
Placa ilustrativa do Parque Estadual Carlos Botelho - núcleo Sete Barras.
A quantidade de pássaros que existe nessa região é impressionante!! Para quem curte birdwatching como eu, ali é um verdadeiro Paraíso: gaviões, saíras, jacutingas, papagaios, alma-de-gato, todo tipo de beija-flores e a eterna araponga com seu canto característico.
Ribeirão da Serra, dentro do núcleo Sete Barras. Muito bem cuidado!
Não tem como não estar feliz!
Quando voltei da Trilha da Figueira, às 16h49, fiquei sabendo que poderia acampar no parque, e usufruir das instalações boas que o núcleo Sete Barras oferece: chuveiro quente, uma área coberta muito boa, banheiro com papel higiênico, filtro com água gelada. Praticamente um resort, e não um camping. Ok!! Montei minha barraca (uma iglu para três pessoas, um verdadeiro latifúndio...kkkk) e preparei meu jantar naquela noite maravilhosa de céu estrelado e sons noturnos da fauna que desperta com o cair do Sol.
Amanhã, sigo para a Cachoeira do Travessão.
Com um "telhado", banho quente e banheiro bacana, nem parece um camping, parece mais um resort!


Parque Estadual Carlos Botelho – em busca da cachu escondida – 2º dia (18/9/2012)

Acordei cedo depois de uma boa noite de sono. Como o Sr. Tércio havia me dito na noite anterior, pela manhã o responsável pelo parque, um cara simpático chamado Márcio, me preparou um mapa bem ilustrativo de como eu chegaria à Cachoeira do Travessão (também conhecida como Cachoeira Alta), uma queda que fica exatamente na divisa do parque com uma propriedade particular. Tomei um café rápido e saí do parque às 10h20 em direção ao bairro de Rio Preto (ou Nazaré), na zona rural da cidade de Sete Barras (SP).
Na SP 139, já com asfalto e indo em direção a Sete Barras, pega-se à esquerda sentido bairro Rio Preto
O trajeto total levou cerca de 18 km, em uma sequência de estradinhas de terra que vão se enfiando mais e mais para dentro de um gigantesco bananal, produto principal do glorioso Vale do Ribeira. Chega a confundir a quantidade de “ruas” de bananal que vão cruzando o caminho principal. Depois de alguma dificuldade e da ajuda de uma turma de agricultores que iam cuidar da plantação, cheguei ao que eles chamam de “rotatória”, que é uma clareira uma a estradinha acabava. Dali, eu deveria pegar uma trilha, que saía tímida de um ponto da “rotatória”. E segui pela trilha, que logo começou a margear o Rio Ipiranga e suas pedras.


Rio Ipiranga: subindo em direção a sua cabeceira, encontra-se a Cachoeira do Travessão
Caminhei pela trilha mais ou menos uns 15 minutos, eu já conseguia escutar a Travessão, mas não conseguia vê-la ainda. Quando o relógio marcava 11h10 finalmente a cachoeira se descortinou para mim: belíssima, encorpada, com um poço agitado e verde. A cachu se dividia em duas, e do seu lado direito uma segunda queda, menor, também me encantava. Não pensei duas vezes e entrei naquela água boa, e menos gelada do que eu esperava. Fiquei por ali até as 12h20, quando comecei a fazer a trilha de volta para o carro.
Cachoeira do Travessão (ou Cachoeira Alta). Um certo sufoco para chegar até aqui, mas valeu muito a pena.
Eu, um pouco antes de entrar nas águas movimentadas da Cachu do Travessão
No caminho de volta, descobri um poção de uns 5 metros de profundidade, e águas transparente
O calor já começa a dar mostras do que eu ia enfrentar durante o resto do dia. Mas eu estava feliz pela aventura, por ter conhecido uma cachoeira de difícil acesso, e sobretudo, por ter conhecido uma Unidade de Conservação onde realmente vale a pena pagar o ingresso.
Segui caminho, minha aventura pelo Vale do Ribeira tinha muitos capítulos, mas esta história você vê (aqui).

sábado, 24 de novembro de 2012

Trilha das Sete Praias – Ubatuba (SP) – Dez/11


Decidido a dar uma descansada da jornada cansativa nos dois meses finais de 2011, procurei alguns destinos em que eu pudesse caminhar tranquilamente e sem grandes pretensões, passando uma semana de recesso numa boa. Dentre as várias opções, acabei escolhendo as trilhas das Sete Praias e Saco das Bananas, ambas em Ubatuba (SP).
Saí de São Paulo no dia 26/12 debaixo de um tempo feio, que só piorou a medida que eu seguia em direção ao litoral norte. A chuva forte e o trânsito pesado, parado em vários momentos da viagem, quase me fizeram desistir. Cheguei em Ubatuba já no meio da tarde, e entre uma breja e outra, fui procurar um local para ficar. Acabei ficando em um camping chamado Cantinho da Amizade, R$25 por barraca. Inflação de fim de ano...
Acordei no outro dia cedo, por volta das 6h30, e fui preparar as coisas para ir para a trilha. Munido de um relato do meu amigo montanhista Augusto, comecei a caminhar às 8h06, em direção à Praia da Lagoinha, que fica à esquerda do camping. A trilha começa ali, ao cruzar um pequeno rio. Eram 8h53.
Praia da Lagoinha, inicio da trilha. No canto esquerdo, cruzando o rio, começa  a Trilha das Setes Praias
A trilha é bastante aberta e sempre tem gente passando por ali. Neste trecho inicial passamos por muitas casas, algumas verdadeiras mansões escondidas na Mata Atlântica. Exatamente às 9h passei por um rancho de pesca, e continuei caminhando pela trilha aberta até chegar à primeira praia, chamada Perez. Lá encontrei um casal idoso com uma matilha de cães, fiquei um tempo ali descansando. O relógio marcava 9h21, e o sol estava gostoso e convidativo para um mergulho.
Continuei a caminhada pela vereda aberta e vinte minutos depois cheguei à Praia do Bonete. Passei batido por ela pois já tinha bastante gente se ajeitando por ali, e segui para a Praia Grande do Bonete, onde vi pela primeira vez as placas do programa turístico chamado Passos de Anchieta, que é um conjunto de trilhas que percorre de sul a norte todo o litoral paulista. A Praia Grande do Bonete é extensa, e pude ver porque muita gente a procura: é bem bonita e tem um infra aconchegante.

Praia do Bonete
Placa na Praia Deserta
Continuei a caminhada pela vereda aberta e vinte minutos depois cheguei à Praia do Bonete. Passei batido por ela pois já tinha bastante gente se ajeitando por ali, e segui para a Praia Grande do Bonete, onde vi pela primeira vez as placas do programa turístico chamado Passos de Anchieta, que é um conjunto de trilhas que percorre de sul a norte todo o litoral paulista. A Praia Grande do Bonete é extensa, e pude ver porque muita gente a procura: é bem bonita e tem um infra aconchegante.
Segui pela trilha. A próxima praia que passei foi a Deserta, com uma galera notadamente abonada curtindo a areia. Gostosas e bombadinhos conversando enquanto eu ia passando, mochila nas costas e bota de montanha. Não eram nem 10h e eu já tinha avançado rápido por cinco praias.
Umas das placas de sinalização do programa de trilhas Passos de Anchieta
10h13 e eu já estava nas areias da Praia do Cedro, onde uma ripongada fazia a festa no canto esquerdo da praia. Mas os ripongas do século 21 estão muito bem preparados, e eles tinham até cerveja gelada à disposição. Só não me pergunte como...
A trilha neste ponto começa a ficar mais íngreme. Não tenho altímetro nem GPS, mas percebi que subi bastante antes de começar a descer até a praia de novo. O desgaste, para mim, começou a bater ali.
Vista do mar, indo para a Praia do Cedro

Às 10h40 cheguei em um ponto da trilha onde pude ver a última praia da trilha, chamada de Fortaleza. Desci devagar e peguei uma variante à direita, descansando um pouco em um costão rochoso. Fiz ali um lanche e fiquei olhando o mar, o céu meio nublado e uma chuva ao longe, que caía no horizonte. Fiquei pensando no quanto eu gosto de andar sozinho, e quantas coisas eu vivi assim. Ponderando os prós e os contras. Devaneios de um caminhante...
Depois desse lanchinho, segui adiante, em um ritmo mais devagar. Cheguei a pegar uma variante à direita, para o caminho ser mais comprido. Enfim, cheguei á Praia de Fortaleza às 11h28, com a praia lotada e meu espírito tranquilo. Fiquei de bobeira ali ainda, tomando uma breja e comendo um peixinho, até resolver pegar o bus em direção à pista, para depois voltar até a Praia da Lagoinha e ao camping onde eu estava. 

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Travessia Lençóis - Capão - Vale do Paty (Parque Nacional da Chapada Diamantina) - Set/11


Natal – Salvador – Lençóis (25/9)


Saí de Natal (RN) no vôo 1804, depois de passar alguns dias na casa de meus amigos Gabi e Junior. O vôo saiu no horário, às 4h25, e chegou em Salvador às 5h42. Minha preocupação era o vôo atrasar a chegada ou a entrega de bagagem, já que eu havia comprado a passagem para Lençóis (BA) em São Paulo, para o horário das 7h na rodoviária. Tudo correu bem, e eu saí com mochila e tudo por volta das 6h10, pagando abusivos R$ 84 por um táxi de cooperativa até o terminal de ônibus.

A rodoviária de Salvador é bem ajeitada e organizada, como boas opções de serviços. Corri no guichê da Real Expresso e comprei a taxa de embarque por R$ 1,20. Logo estava embarcando e saindo em direção a Lençóis.


Fizemos uma parada em Feira de Santana (BA), velha conhecida de outra trip, e depois uma parada técnica em uma cidade chamada Itaberaba (BA), parada esta um pouco mais longa para comermos alguma coisa, por volta das 11h.


O bus tinha ar condicionado, condição básica para se andar pelo sertão baiano e seu sol escaldante. Enquanto o veículo rasgava as estradas por aquelas paisagens secas, ficava imaginando como deveria ser a vida do sertanejo ali. Devaneios de um viajante.


Cheguei em Lençois por volta das 14h. Quem vive do turismo e dos turistas já fica ouriçado quando vêem o ônibus chegando. É assim em qualquer lugar que viva da atividade de turismo, e Lençóis é considerada o portão de entrada da Chapada Diamantina. Fui abordado por um monte de gente oferecendo hospedagem, e como não tinha nada determinado, comecei a ouvir as propostas. Um rapaz chamado Batalha me convenceu a dar uma olhada na Pousada Daime Sono (Rua das Pedras, 102. Tel.: 75 3334-1445. www.pousadadaimesono.com.br), um lugar muito agradável cujos proprietários, Patrícia e Rodrigo, são gente boa demais. Acabei acertando com eles minha permanência ali.


Travessia Lençóis – Capão (Caeté-Açu) - (29/9)

Acordei às 6h da manhã, já com tudo previamente preparado para a travessia até o Vale do Capão. Às 7h15 saí da Pousada Daime Sono, em direção a hotel Portal de Lençóis, local de onde parte a trilha. Subi rapidamente, alcançando a saída da cidade.

A trilha começa alternando entre um caminho bem batido e lajedos, onde a indicação do caminho é a parte mais desgastada na rocha. Vão se alternando subidas e descidas, enquanto bordejo a Serra do Grisante.


A trilha vai seguindo até cruzar um riachinho e logo adiante mais um lajedo. Subindo este lajedo encontramos uma cachoeirinha (cachoeirinha?!), nesta época com pouca água devido à estiagem. A trilha segue ao lado direito, e cerca de 20 metros depois bifurca em um T. O correto é pegar à esquerda, subindo assim para a Serra do Ribeirão. Este é um momento duro, pois a trilha está fechada e há um momento que é preciso descer um degrau, mas a visão da trilha fica prejudicada. Acabei caindo nesse degrau justamente em cima de uma touceira de capim-bravo, o que me rendeu belos e ardidos cortes nos braços e nas mãos! A trilha reaparece alguns metros à frente, com vários lajedos novamente, mas com algumas setas rabiscadas na pedra, o que facilita a orientação.


Às 9h30 já tinha superado a Serra do Ribeirão e seguia firme para a serra seguinte, chamada do Sobradinho. À esquerda da trilha fica o vale e o paredão da Serra do Sobradinho, belíssimo. Às vezes a trilha parece um jardim, com as flores da Chapada dando o tom e colorindo o caminho. Encontrei um dos bons pontos de camping às 10h15, dei uma descansada, e continuei seguindo. Por volta das 11h30 parei para fazer um lanche. Infelizmente nesta época as águas estão em um nível bastante baixo, e o volume dos rios diminui dramaticamente. Cruzo o Rio Ribeirão no fundo do vale e sigo por uma trilha bem clara até uma espécie de gruta, onde a trilha continua até dar de novo no rio. Mas o caminho não era este: eu deveria ter saído à esquerda uns 20 metros antes. Por sorte tinha uma galera local se banhando no rio que me indicou o ponto certo. Acelerei a pisada e às 12h20 parei para almoçar à beira de um outro rio.


Já com a fome morta segui, avistando a figura imponente do Morrão (ou Morro do Tabor) com sua topografia única, que se assemelha à figura da Esfinge do Cairo! Fiquei hipnotizado com aquela visão, sem dúvida uma das paisagens mais impressionantes que eu já vi. A Chapada é abençoada neste sentido.


Bordejei o trechinho final da Serra do Sobradinho e comecei a descida para Caeté-Açu, à sudoeste. A trilha desce com razoável vontade, até encontrar um rio; passado esse rio o caminho segue, alternando subidas e descidas leves. Em dado momento a trilha se encontra com uma estrada vicinal, e a partir daí a pernada se torna um pouco monótona. Cruzei mais um riacho, passei por alguns sítios e às 15h cheguei à entrada da cidade, onde um francês (Laurent) estava perdido olhando para as montanhas (!!). Me disse que pegou 25 horas de ônibus para ficar um dia e meio no Capão, e depois voltaria para Recife (PE). Doideira.


Chegando ao vilarejo do Capão (também conhecida como Caeté-Açu), acabei ficando em uma pousada chamada Tatu Feliz (Praça da Vila, s/n. Tel.: 75 3341 1124. www.infochapada.com/pousadatatufeliz.htm), R$50 por um quarto muito confortável.


De noite fui procurar um lugar para comer, e encontrei o restaurante (na verdade, a casa) de dona Belí. Um PF maravilhoso por R$8. Depois fiquei trocando idéias com os malucos e trilheiros de plantão em um boteco pé-sujo na pracinha da vila.




A cidade de Lençóis vista da trilha que leva ao Capão 


Parada providencial para uma refrescada no ribeirão

Uma pequena cachoeira, sem muita água

Uma bela formação rochosa da Serra do Ribeirão

Flores da Chapada Diamantina

Serra do Ribeirão

Cruzando mais um ribeirão

Dando uma pausa antes de seguir. Á frente, logo chegaria o Morrão

Morrão ou Morro do Tabor, uma das formações mais interessantes da Chapada

Rio pedregoso antes de chegar ao Capão

Montanha bonita perto do vilarejo do Capão

Mais uma serra espetacular no caminho para Capão
Laurent, o francês maluco que viajou 25 horas desde o Recife para ficar 24 horas no Capão!

 Caeté-Açu até Cachoeira da Fumaça – (30/9/2011)
Acordei cedo, por volta das 7h da manhã, com a intenção de ir até a Cachoeira da Fumaça, mesmo sabendo que ela estava quase seca. Tomei café na pousada e por volta das 8h50 já estava na empoeirada estrada que leva até a localidade chamada Campos, cerca de 2 km do centro de Caeté-Açu. Chegando até Campos, imediatamente após a antena da Telemar, deve-se tomar à direita e seguir 200 metros até a Associação de Guias, que faz um “controle de fluxo” e pede donativos para continuar o trabalho de conservação das trilhas (conservar as trilhas dentro do Parque Nacional? Falou... ;-/).

A subida até o platô da Serra da Larguinha, caminho para a Fumaça, é penosa para pernas desacostumadas. O visual que vai se descortinando nesta subida é incrível: à direita, o Morrão; à esquerda, o Vale do Capão; à frente, a Serra da Candoba.

Terminada a subida, caminha-se por cerca de 1h30, sempre reto, alternando lajedos, trilhas arenosas e macegas (vegetação rasteira). Logo é possível perceber que o Cânion da Fumaça se aproxima, e então é hora de pegar o caminho à esquerda, descendo até o leito do rio que forma a cachoeira. Nesta época do ano o rio está quase seco, o que possibilitou que eu fotografasse a partir do próprio leito, coisa impensável uns meses antes! Subi até o mirante onde é possível ver a cachoeira em tempos de cheia, e a visão da altura da cachoeira deixa a boca seca: 380 metros que aceleram a pulsação. Foi difícil controlar a paúra. Fiquei um tempo ali, admirando e eventualmente conversando com quem chegava (um trio masculino e um casal, todos de MG), dividindo aquele sentimento de êxtase e um certo assombro.
Iniciei a volta com aquela visão na cabeça. Estava tão absorto que nem percebi direito o caminho, e logo estava na beira do platô, pronto para descer de volta a Caeté-Açu.

Descendo encontrei o casal que já havia conversado antes lá na Fumaça, mais o dono de uma lanchonete que fica na parte baixa da trilha. Ele sobe com as guloseimas e água, e fica vendendo ali, na descida da trilha. Parei um pouco e ficamos conversando. Nessas eu recebi umas dicas boas do casal mineiro para quando eu for fazer a travessia do Vale do Paty.

Terminei a descida e comi o famoso pastel de palmito de jaca, uma verdadeira delicia. Ainda mais quando acompanhado pelo caldo de cana fresquinho, tirado na hora. Putz! Fui apresentado a um nível superior do binômio “pastel - caldo de cana”!!
Voltei para a vila e tirei um sono até o cair da tarde. Internet, um PF na casa de Dona Belí novamente, e logo estava preparando as coisas para partir. Amanhã sigo para o Vale do Paty.


No começo da trilha, palavras sábias

Caminhando para a Cachoeira da Fumaça

Vista do vilarejo do Capão

Serra do Macaco

Serra do Macaco

Chegando na Cachoeira, pelo leito do rio que a forma

Cachoeira da Fumaça, infelizmente bem seca nessa época

Leito do rio que forma a Cachoeira da Fumaça


Travessia do Paty – (1/10/2011)

Acordei cedo e fui tomar um café antes de pegar o mototáxi (R$12) até a localidade do Bomba, distante 6 km de Caeté-Açu. O tempo nublado me deixou apreensivo, ma me pus a andar em direção à subida que me levaria até a entrada dos Gerais dos Vieiras, onde subiria até o topo da serra, para seguir até o Vale do Paty. A caminhada seria de mais de 20 km.

A subida do vilarejo do Bomba até o planalto ocorreu em meio a um denso nevoeiro. Encontrei uma bifurcação e mantive a direita. O vento e a cerração não davam trégua. De repente, tudo abriu e foi possível ver a Serra do Esbarrancado bem à minha direita. Cruzo o Rio Ancorado e sigo em frente entre subidas e descidas leves, e logo identifico um riacho e o Morro Manoel Vitor à minha esquerda. A idéia era subir à direita e encontrar a trilha para a subida do Quebra Bunda, mas acabei passando do ponto porque a trilha dá uma sumida em determinado momento. Conforme ia me distanciando da Serra do Esbarrancado (e da subida do Quebra Bunda) percebi que algo estava errado e voltei ao mesmo riacho que havia passado, onde farejei a trilha que levava para o alto da serra. Chegando lá em cima, uma visão espetacular do vale me fez dar uma parada e apreciar durante uns 15 minutos.

Uma vez no alto da serra fui caminhando em um ritmo forte, entremeada com paradas para fotos e água. Imagens lindas do Morro Branco, Morro da Lapinha e Serra da Rampa (em frente), e da Serra do Roncador à esquerda (leste).
Segui em frente até encontrar um muro de pedra. Ali sabia que deveria começar a descer pela rampa, fato confirmado por um casal carioca e o guia deles, vindos da comunidade de Guiné. Enquanto conversávamos, passou por nós uma nuvem de abelhas (!!), o que nos obrigou a ficarmos deitados no chão um tempo.

Logo em seguida comecei a descida da rampa: bem íngreme, qualquer descuido ali e você só pára de rolar lá embaixo! Quando cheguei na parte de baixo, peguei o caminho da Igrejinha, lugar onde vive João Calixto, sozinho naquele vale imenso. Ficamos proseando um bom tempo, e falamos de muitas coisas; no fim acabei presenteando ele com um relógio de pulso Orient automático, que levei exatamente para esse fim mesmo. Fiquei feliz em ter conhecido João Calixto.

Segui rumo até a casa do Sr. Wilson, local onde eu pousaria naquela noite. O Sr. Wilson e família são aquele tipo de gente generosa, que nos recebe de coração aberto e com uma prosa muito boa, a despeito dos R$60 cobrados pela cama, jantar e café da manhã. Preço mais que justo pela fartura de comida, doces, sucos e afins, que são servidos fresquinhos. Até suco de pitanga eu tomei, uma delícia!

Nesta noite eu conheci um casal, Telma e Tiziano. Ela alagoana, ele um velho italiano. Gente boa, ficamos conversando bastante, até que a caminhada cobrou seu preço e o cansaço bateu. Eram 20h40, e poucas vezes na minha vida adulta (ou até mesmo quando criança) dormi a essa hora. Mas dormi feliz, saciado de corpo e alma. Amanhã sigo pelo Paty.

Começando a travessia no vilarejo do Bomba


Visão do alto do planalto

Seguindo pela trilha, já começam a aparecer as formações rochosas que fazem dessa travessia uma das mais bonitas do Brasil

Morro Branco

Na igrejinha, onde é possível acampar por preços módicos

João Calixto, o morador da Igrejinha: figuraça! 

Morro Branco em tons sépia

Vale do Rio Paty

Telma e Tiziano: casal aventureiro na Chapada Diamantina
 Travessia do Paty – 2° dia – (2/10/2011)


Acordei cedo mais uma vez. Meus planos incluíam visitar a Cachoeira dos Funis, e depois seguir viagem, talvez até o Cachoeirão.
Café da manhã, mais uma vez aquela fartura sertaneja: frutas, bolos, sucos. Inacreditável a quantidade de comida disponível! Comi bem, conversei mais um pouco com o casal ítalo-alagoano, arrumei as coisas e segui para a Cachoeira dos Funis. Me despedi do casal, que seguia de volta para Guiné, e comecei o caminho para a cachoeira. Em 20 minutos cheguei à base dela, meio seca. Tirei fotos e voltei.

Preparei a mochila, paguei a estadia para o Sr. Wilson e segui caminho, descendo pelo vale do Paty. As formações rochosas são simplesmente lindas, e o rio mantem-se à sua esquerda, um pouco abaixo do nível da trilha. Passo pela “Prefeitura” (antigo prédio abandonado), parada rápida e continuo a pernada até encontrar de súbito a ponte sobre o Rio Paty. Cansado e suado, com todo direito e pompa parei para um banho e almoço. Eram 13h25. O sol brilhava forte, o Paty convidativo, fiquei ali um bom tempo. Afinal era cedo e eu não iria ver o Cachoeirão (está seca nesta época), restando ficar na casa de Dona Linda, a 100 metros da ponte. Após o merecido descanso, segui até a casa de Dona Linda, para descobrir que ela e a família tinham ido para Andaraí (BA) (hoje é domingo, dia da feira semanal). Resolvi seguir para a casa do Sr. Eduardo, no caminho para o Cachoeirão, quando cruzo com o Sr. Antonio, dono de uma casa também no caminho para a cachoeira gigante. Conversando com ele descobri que o Sr. Eduardo faleceu, e como o próprio Sr. Antonio acolhe viajantes também, resolvi ficar por ali mesmo. O preço é o mesmo do Sr. Wilson. A família dele me recebeu muito bem: Dona Dagmar (a esposa) e o filho do casal, Adauto. Um jantar simples, mas fenomenal: suco de limão cravo, arroz, ovos...até godó a Dona Dagmar preparou para mim. A hospitalidade do povo do Paty é espetacular. 

Amanhã sigo para Andaraí, trecho final da travessia.  



Cachoeira do Funil

Sr. Wilson, morador da Chapada e dono de uma pousadinha simples e acolhedora

Margeando o rio Paty

O cânion que o rio Paty forma é bem alto!

Essa ponte foi destruída um ano antes devido às cheias do rio Paty! Imagine a força das águas...

Aproveitando para um banho refrescante no Rio Paty

Adauto, Sr. Antonio e dona Dagmar, moradores da Chapada

Travessia do Paty – 3° dia – (3/10/2011)

Acordei com o canto dos galos que o Sr. Antônio cria em seu quintal. Dormi bem à noite, só fiquei um pouco ressabiado quando senti o cheiro de madeira queimada em determinado momento, mas não era incêndio: era a Dona Dagmar acendendo o seu fogão a lenha.

Por volta das 8h, depois de um café da manhã bem sertanejo, paguei a minha estadia junto àquela família simpática e acolhedora. A hospitalidade do povo da Chapada Diamantina é o seu verdadeiro patrimônio!

Atravessei o rio Paty pulando de pedra em pedra, em um movimento que seria impossível de se fazer na época de chuvas, já que o Paty fica largo e "nervoso". Achei a trilha que me levaria até a Subida do Império, íngreme até se perder de vista, um ziguezague quase interminável. O calçamento é em estilo “pé-de-moleque”, o que caracteriza essa trilha como um antigo caminho oficial para se cruzar aquela região. Em determinado momento avisto uma casa muito bem construída no meio da mata ciliar do rio Paty. Fiquei sabendo depois que é a casa de um milionário alemão, que chegou por ali há alguns anos. O problema é que ali é área de parque nacional! Coisas do Brasil...

A chegada ao topo da Subida do Império é coroada com uma imagem belíssima de todo o vale do Paty. Olhando por onde passei, me bateu certa melancolia. Foram dias realmente especiais por essas paisagens incríveis.

Segui em frente, decidido a chegar a Andaraí na hora do almoço. A temperatura amena da manhã foi dando lugar a um calor insuportável com o passar das horas, e só me restava tentar me refrescar em algumas eventuais bicas d água que apareciam vez ou outra pela trilha. Nesta hora do dia é muito comum cruzar com calangos aquecendo seu corpo de sangue frio nas pedras quentes. Perdi a conta de quantos eu vi.

Quando avistei Andaraí pela primeira vez, no alto da serra ainda, sabia que tinha acabado minha trip. Andei mais duas horas debaixo de um sol escaldante, com um sentimento misturado entre a satisfação de realizar uma travessia riquíssima, e a vontade de esticar mais esses dias em que passei por ali. Mas prevaleceu na verdade a sensação de dever cumprido.

Nas cercanias de Andaraí avisto uma réplica do Cristo de braços abertos me dá as boas-vindas. Andaraí me pareceu uma cidade bem movimentada, em alguns momentos até muvucada em excesso. Chegando ao centro, encontrei uma feira bem ao estilo nordestino, com todo tipo de produtos, e um movimento quase idêntico a da rua 25 de Março, em São Paulo. Doideira!!


Procurei informações sobre transporte de volta à Lençois, e teria que esperar cerca de uma hora até a chegada do bus que me levaria de volta ao meu ponto de partida, cinco dias atrás. Enquanto esperava o ônibus, já fazia planos para futuras incursões na Chapada Diamantina. Foi ali que me dei conta realmente do quanto aquele lugar marcou meu coração e minha alma. Em breve eu volto. 



Subida do Império, a temida

A Subida do Império e seu calçamento feito por escravos

Riacho no caminho para Andaraí
Andaraí, a cerca de dois quilômetros de distancia

Andaraí