terça-feira, 18 de junho de 2013

Protestos Contra a Corrupção no Brasil - Jun/13

Ou como eu me senti participando deste dia histórico no Brasil.

Eu havia participado de uma parte dos protestos da quinta-feira da semana anterior, onde ocorreram choques terriveis entre os manifestantes e a Polícia Militar de São Paulo. Já havia decidido que participaria integralmente do protesto da segunda-feira, 17/6/2013, pois sentia que estava diante de um momento histórico para a cidade de São Paulo. Só não fazia idéia que seria histórico para o Brasil!

"Vem, vem pra rua! Vem lutar contra o aumento, vem!"

Cheguei ao Largo da Batata de metrô, junto com muita gente que também se dirigia à passeata. O clima era ameno, as pessoas estavam mobilizadas e alegres, era perceptível isso. Desci na estação Pinheiros, acatando a orientação do Metrô, e andei até a concentração. Foi o meu primeiro arrepio da noite: era muito mais gente do que eu imaginava.

"O Povo acordou! O Povo acordou! O Povo acordoooou!"

Passei em um bar, comprei uma garrafa de água, e me meti na multidão. Muita gente com placas, cartazes, algumas fantasiadas. Muitas dessas pessoas se manifestava conta diferentes coisas, não só contra o aumento das passagens de ônibus: PEC 37, corrupção, Copa do Mundo, todas essas porcarias que essa bandalha política foi enfiando goela abaixo de nós, O POVO, estava sendo vomitada ali, de forma coletiva. Me senti à vontade, logo estava cantando com a galera, essa foi uma característica desta passeata, os diversos cantos que iam sucedendo, alguns com palavras de ordem, outros mais humorados. E tudo em paz, perfeitamente em paz!

"Brasil, vamo acordar! Um professor vale mais que o Neymar!"

Conforme íamos andando pela Avenida Faria Lima, a cada pessoa que colocava a cabeça para fora da janela, a multidão gritava "Vem, vem pra rua! Vem contra o aumento, vem!". Tivemos o apoio de diversas dessas pessoas, outras apenas olhavam, meio incrédulas, talvez imaginando quando poderiam ir para a casa.  Alguns mais efusivos acenavam e colocavam lençois brancos nas janelas. Aquilo era a prova que de que o movimento, apartidário por natureza, tinha o apoio da população. Com esse pensamento, senti uma vontade de chorar pela primeira vez, ainda mais quando veio acompanhado da multidão cantando o hino nacional. Isso eu não vou esquecer jamais!

"Um, dois, três. Quatro, cinco, mil. Queremos que a Copa vá pra puta que o pariu"

Em determinado momento, já na parte "nova " da Faria Lima, diante daqueles prédios de arquitetura moderna e espelhada, o povo percebeu a imensidão de gente que compunha a passeata. Aquilo, junto com as primeiras informações que apareciam dando conta que cerca de 100 mil estavam na rua, animou todo mundo!! E dá-lhe cantoria e palavras de ordem.

"Que coincidência, não tem polícia e não tem mais violência!" 

Muito legal foi a reação das pessoas paradas no transito, nos carros. Percebi que elas também davam seu apoio, seja buzinando no ritmo do canto que a massa mandava naquele momento, seja com o piscar das luzes nos ônibus. Foi especial perceber que estávamos unidos.

"...verás que um filho teu não foge á luta!"

Quando a passeata pegou a Avenida Luis Carlos Berrini, saquei que o objetivo da liderança era de alguma forma botar o povo na cara da Rede Globo, emissora de tv que desde o começo das manifestações insistiu em dizer que o movimento era "puro vandalismo". Eu mesmo queria isso, ainda mais depois de ter visto o colunista da emissora, o cineasta Arnaldo Jabor, desmerecer cretinamente o movimento popular. E lá fomos nós! Pouco a pouco seguimos, e quando dei conta, já estava na alça de acesso da Ponte Estaiada, o acesso-cenário que a Rede Globo utiliza em seus telejornais.

"Ih, fudeu! O povo apareceu!"

Eu, que só tinha passado uma vez ali, de carro (a ponte não foi feita para pessoas andarem) estava caminhando por ela, junto de mais umas dez mil pessoas, pelo menos. Aquela massa enorme, unida. Cruzei a ponte, cheguei até a Marginal Pinheiros, tomada pelo povo. A multidão seguia , dizendo que iria até o Palácio do Governador. Para mim, já tinha dado. Voltei pela mesma ponte, cruzei para a outra margem do rio e me dirigi à estação de trem Berrini, que estava lotada. O povo gritava ali, "sem violência", uma principio de muvuca começou, e eu decidi seguir andando até a próxima estação (Vila Olímpia), menos muvucada. Minha sensação era uma mistura de cansaço com alegria, mas era mais como uma satisfação mesmo. 

Ao descer na estação Pinheiros de trem, e fazer a baldeação para o metrô, a última e especial experiencia neste dia único: enquanto as pessoas iam descendo as escadas rolantes, TODOS nós cantávamos o hino nacional e cantos como "O povo acordou", em uníssono. E aquele canto fazia um eco estrondoso, e cada vez mais e mais. Ali estava a minha certeza, eu havia participado de um dia histórico na vida deste país.  



terça-feira, 4 de junho de 2013

Parque Nacional das Emas (GO) - Set/12

1º dia - 3/10


Acordei cedo e comecei a arrumar as coisas. Estava na hora de ir para o Parque Nacional das Emas. Saí do hotel Beira Rio ás 8h12, com sol a pino. Tomei o café da manhã, e segui estrada. O sol domina os céus do Mato Grosso do Sul, completamente. O dia está lindo.
Placa no caminho para o Parque Nacional das Emas

Segui pela saída norte da cidade, pegando a MS 316, depois a MS 306 até uma borracharia chamada "Bolicho Seco". Ali pega-se a direita a GO 206, uma estrada de terra já em Goiás, que nos leva até o Portão Bandeira do parque, 47 km desde Costa Rica (MS)

Cheguei à portaria do parque e fui recepcionado por Rafael, funcionário do parque e guia. Conversamos um tempo, e à conversa se juntou o Valdir Almeida, guia e Secretário de Meio Ambiente de Costa Rica. Combinei com Rafael de fazermos algumas incursões pelo parque.

Quase chegando ao parque. A estrada é de terra, mas muito bem sinalizada.
O Parque Nacional das Emas é todo cortado por estradinhas e aceiros, o que facilita o acesso e contenção em caso de incêndios. Em 2010 houve um incêndio enorme que devastou 89% do parque. Uma olhada no mapa e decidimos ir até a divisa norte do parque, chamada Jacuba. Lá existe uma trilha de duas horas chamada de Homem Seco. Antes de ir para a Jacuba, porem, passamos pelo Rio Formoso, rio cristalino e encachoeirado que permeia boa parte do parque. A trilha do "Homem Seco" percorre um tipo de vegetação bem diferente do restante do parque (que é predominantemente cerrado), um tipo de mata bem fechada. Na volta da trilha, uma nuvem negra rugia alto a possibilidade de chuva. Voltamos para o carro e tocamos de volta à sede.
Portão Guarda do Bandeira, ou simplesmente Bandeira.
Avistar animais pelo parque é  parte mais fácil e divertida da visita por aqui. Emas, bando de queixadas, veados campeiros, siriemas, perdizes, pássaros diversos, uma águia cinzenta rara e um pica pau de cabeça amarela. Parece que você está em um safári, tamanha a quantidade de avistamentos que ocorrem. De volta à sede, a chuva apertou. Conversei com o pai do Rafael, o senhor Manoel, funcionário antigo do parque. Foi uma conversa muito boa, com histórias e estórias. A que mais me impressionou foi sobre o ataque que o senhor Manoel sofreu por parte de uma sucuri, às margens de uma alagado no meio do parque, e também do ataque coordenado de duas suçuaranas (onças-pardas) em um veado campeiro, tudo testemunhado por ele nesses anos todos. Show de bola o papo!


Olha aí: visitação só com guia! Fazer o que...
Já dentro do parque, uma placa orienta a direção.
O bonito Rio Formoso. Esse rio permeia todo o parque, e serve para a galera fazer rafting.

Mais uma do Rio Formoso, com a parte encachoeirada.

Encontro com as emas, que dão nome ao parque.
Em um dos mirantes dentro do parque. Segundo o guia, na baixada que se vê atrás de mim, as onças pintadas costumam andar.
Bando de queixadas. Repare nos pelos ouriçados, significa que eles estavam meio estressados conosco...
Entrada Jacuba, lado oeste do parque.
Guia Rafael, mostrando o local da lenda do "homem seco".
Agora eu, com o "homem seco".
Placa indicando a Pousada das Emas: lugar muito bom!!

Vista da casa que eu fiquei na Pousada da Emas.

O dia havia acabado. Combinei com o Rafael de voltar amanhã, havia algumas coisas interessantes para fazer. Com a chuva, segundo informações, é bem provável que amanhã eu consiga ver o fenômeno da bioluminescência dos cupinzeiros dentro do parque. Segui até a Pousada das Emas (tel.: 64 9988 1310, falar com Mag), hospedagem muito boa pertinho do parque.

Amanhã cedo estou dentro do parque.
Eu descansando, depois de um dia de aventuras no parque.

2º dia - (4/10)

Mais uma vez de pé ao alvorecer, com o canto dos pássaros e os gritos das araras.

Me ajeitei, tomei café preparado pela Rose (a moça que cuida da pousada) com muito carinho, e fui para o parque. 9h40 estava entrando pela portaria, o Sol já rachando, e encontrei o Rafael.

O itinerário de hoje: Trilha do Brigadista, Lagoa da Capivara e Mata da Glória.


No outro dia, já me preparando para entrar na Trilha do Brigadista.
A trilha é demarcada, e em alguns trechos tem essas madeiras para cobrir o alagadiço.

A Trilha do Brigadista é uma trilha de cerca de 2 km, que vai até um ponto às margens do Rio Formoso, e depois segue em direção de uma torre de observação que não é mais utilizada. É uma trilha curta mas agradável, passando por um remanso bonito do Rio Formoso. Na torre de observação nós tentamos subir, mas fomos enxotados por um enxame nervoso de vespas! 

Na beira do Rio Formoso.
O remanso do Rio Formoso.
Seguindo pela trilha, logo se avista uma torre de observação, hoje em desuso.

Um cupinzeiro com cerca de 2 metros de altura. Cupinzeiros como esses é que emitem o fenômeno da bioluminescência.

Lagoa da Capivara.
Pier da Lagoa da Capivara.
Logo em seguida, pegamos o carro e nos encaminhamos até a Lagoa da Capivara. Ela é um imenso poço formado pelo Rio Formoso, onde as capivaras podem ser vistas com mais frequência. É onde também é possível  com bastante sorte, topar com uma sucuri, espreitando alguma presa. Estava doido para este encontro, mas não tive sorte. Aproveite e me banhei ali, já que o calor estava insuportável. Água deliciosa!

A Mata da Glória é um belo pedaço de mata que vai além dos limites do parque, e onde acontece, segundo o guia, muita caça de animais.

Tomando um banho, que não sou de ferro.
Que água deliciosa!
Um bando de papagaios nas árvores, quando eu seguia em direção a Chapadão do Céu (GO).
Mais uma dos papagaios. Espetacular!

Neste dia fiz menos avistamentos de animais, mas sempre é emocionante ver araras, tatus, emas e veados campeiros neste parque.

Combinei com o Rafael que voltaria à noite para ver o fenômeno da bioluminescência  Saí do parque e fui até Chapadão do Céu (GO), cidade distante 27 km do parque. Abasteci o carro, comprei pilhas e provisões, e voltei para a Pousada das Emas, onde descansei até umas 20h30. 

Quando cheguei ao parque, o Rafael já me esperava. Ele me disse que dois minutos antes havia uma jaritataca por ali, comendo besouros. Perdi por dois minutos, mas o cheiro da urina almiscarada ainda estrava no ar!
A segunda caranguejeira da noite. Essa era grande!!
Seguimos para dentro do parque, noite escura e fresquinha. Encontramos quatro cupinzeiros com larvas luminescentes, um fenômeno difícil de se descrever, mas belíssimo de se presenciar. Aquilo que há alguns anos atrás eu tinha visto em vídeos estava ali, na minha frente. Foi uma experiencia fantástica. Quando se olhava ao longe, nas planícies largas do cerrado, os cupinzeiros brilhando davam uma aparência estranha, como se estivéssemos observando uma cidade com prédio, de muito longe.

Não foi possível ver animais de porte, somente alguns pares de olhos brilhantes quando iluminávamos o cerrado ao longe. Interessante foi encontrar duas caranguejeiras na estrada, graças aos olhos argutos do Rafael. Paramos, fotografei e constatamos que se tratava do tamanho de uma mão, pelo menos.

Por volta da meia-noite me despedi do Rafael, feliz com o que tinha feito e visto. Voltando para a Pousada das Emas, ainda tinha a surpresa de cruzar com um enorme bando de queixadas, com cerca de 40 indivíduos, pelo menos. Inclusive vários filhotes. E aquele cheiro forte, característico desse animal.

Minha incursão pelo parque nacional havia acabado. Mais um parque nacional que eu conheci e me encantei. E ainda há muito a conhecer. Vamos em frente!


Dicas: Para visitar o Parque Nacional das Emas, você pode fazer base em duas cidades: Costa Rica (MS) ou Chapadão do Céu (GO). Esta última fica mais próxima ao parque, mas não é tão estruturada quanto a cidade sul mato-grossense.

1. Dentro do parque não é possível andar sozinho. Eu sou bem reticente quanto a isso, mas no caso deste parque, valeu a pena contratar o guia Rafael para mostrar as belezas do lugar. Paguei cerca de R$ 70 por dia, um pouco caro, mas foi de muita valia, principalmente na incursão noturna para ver a bioluminescência.

2. Procure olhar a previsão do tempo, porque o avistamento de animais é mais complicado com o tempo chuvoso. Tive muita sorte, peguei tempo aberto e pude avistar muitos animais. O próprio guia Rafael se surpreendeu com a minha sorte!

3. A Pousada das Emas é muito boa, perto do parque, e ainda rola um jantar e um café da manhã preparado pela Rose, que mora com a família lá e cuida do lugar. Paguei um preço muito bom pelo que recebi de volta!

4. Não há o que pague você acordar de manhã com uma revoada de araras, tucanos e papagaios. É isso o que você encontra no parque e nos arredores. Para os amantes do birdwatching, é quase orgasmática a passagem pela região!

5. Se quiser emendar um circuito bacana, dá pra fazer os parques perto de Costa Rica (MS), Alcinópolis (MS) e Chapadão do Céu (GO): Parque Estadual Nascente do Taquari, Parque Natural Serra do Bom Jardim, Parque Natural Municipal Templo dos Pilares, e o Parque Nacional das Emas. É coisa para quase duas semanas de aventura!

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Costa Rica (MS) - Set/12



Miranda - Campo Grande - Costa Rica - (1/10)



Depois de minha viagem pelo Trem do Pantanal e dois dias descansando em Miranda (MS) (clique aqui para saber mais), decidi tocar em frente e voltar para Campo Grande. Na verdade, meu próximo destino seria a cidade de Costa Rica (MS), na porção leste do Estado do Mato Grosso do Sul. Depois de algumas pesquisas, descobri que lá haveria muitas trilhas e cachoeiras para explorar, espalhadas em várias unidades de conservação.



De pé desde às 6h da manhã, me arrumei e segui para a rodoviária de Miranda, rumo à Campo Grande. Minha ideia era chegar à capital e alugar um carro, seguindo imediatamente para a cidade de Costa Rica e começar a explorar a região.


Cheguei em Campo Grande por volta das 11h, com o dia bastante quente. Como já tinha pego algumas informações sobre locadoras de veículos, liguei para algumas e acertei com a Locadora Yes (Avenida Afonso Pena, 829. Tel.: 67) 3324-0055), o aluguel de um Corsa por 4 dias. Seguindo algumas informações, segui o caminho em direção à Costa Rica. Antes, porém, passei em um supermercado e fiz compras de algumas provisões, nunca se sabe quando vai precisar de água, frutas e alimentos. Eram 13h quando peguei estrada.

Na BR-163, um pouco depois de sair de Campo Grande, a  primeira indicação da cidade de Costa Rica.



Portal da cidade de Camapuã, na BR-060



O caminho até Costa Rica é basicamente composto por duas estradas: a BR-163 e depois, na cidade de Capim Verde (MS), pega-se a BR-060. O tráfego na primeira é intenso, muitos caminhões escoando produção, carros (SVU na maioria dos casos) passando sempre além do limite de velocidade, e muitos animais silvestres à beira da estrada. Muitos deles mortos, atropelados. Já na segunda rodovia, o tráfego diminui, mas em toda extensão ela é mão dupla, o que a torna um pouco tensa. Mas está bem conservada, para minha surpresa.



O calor me obrigava a ficar com o ar condicionado ligado sempre. Na BR-060 cruzei com uma ema que ciscava tranquilamente à beira da estrada. O bicho é lindo, imponente. E muito seguro, uma vez que eu parei o carro para fotografá-lo, e ele nem aí!

Primeira ema que eu avistei, à beira da BR-060. E ela nem me deu bola...

Por ser uma região muito plana, com pastos a perder de vista salpicados por bolsões de cerrado, de longe eu conseguia ver as cortinas de chuva que caiam lá no horizonte. E eu sabia que estava indo em direção a elas. O tempo passou, e no fim da tarde o céu de primavera escureceu rapidamente. Logo depois de passar pela cidade de Chapadão do Céu (MS) a coisa realmente ficou tensa,com a chuva forte, o começo da noite e os caminhões passando muito rápido no sentido contrário, levantando um spray de água sobre o carro. Do jeito que começou, a chuva passou, de repente. E um lindo céu estrelado se abriu. E alguns insetos batendo no pára-brisas do carro.


Cheguei em Costa Rica às 18h47, mas parecia bem mais tarde. O que me chamou de verdade foi o tamanho da cidade, bastante grande e com movimento acima do esperado. A cidade me agradou. Me hospedei no Hotel Beira Rio (Rua José Narciso Totó, 703. Tel.: (67) 3247 1091), um confortável hotel por R$50, preço muito bom pelo quarto agradável.


A imensidão dos campos de soja, tão extensos que chega a dar um medo, uma solidão.

Cruzando o Rio Verde, na BR-060.

Depois de um banho e jantar, fui buscar algumas informações na internet sobre alguns locais que começo a visitar amanhã. Agora é descansar e se preparar para amanhã.
Dando uma descansada, com o Rio Verde atrás.

Parada providencial na cidade de Paraíso (MS)

Entrada do Parque Natural Municipal Salto do Sucuriú


Costa Rica - 2° dia (2/10)



Mais uma vez acordei cedo e com muita disposição. Já tinha um plano traçado e os lugares que eu queria conhecer nesse primeiro dia. Tomei o café da manhã e assim que deu 8h30, parti para conhecer o Parque Natural Municipal Salto do Sucuriú, um parque municipal que me pareceu interessante pela internet. Fica a 3 km da cidade, fruto de uma compensação ambiental por causa da hidrelétrica que foi instalada aqui.



O local superou minhas expectativas, em todos os aspectos: muito limpo, conta com uma estrutura espetacular. Tem restaurante, banheiros bons, uma piscina natural que é bastecida com a água do Rio Ribeirão. Dentro do parque existem vários atrativos naturais, entre eles o Saltinho (queda com 36 metros) e o Salto do Sucuriú, uma portentosa cachoeira de 64 metros de queda, linda. É a queda do Rio Sucuriú, o mesmo que corta a cidade. Existe uma trilha no parque, chamada Trilha da Cutia, com 350 metros de extensão.

Portaria do parque

Não me cobraram nada para entrar. Portaria estava vazia!

Já dentro do Parque Natural Salto do Sucuriú.

Andei muito pelo parque, e fiquei um tempo admirando o Salto do Sucuriú. Depois subi de volta à sede e dei uma descansada, aproveitando a piscina natural e o sol de rachar que fazia àquela hora. Uma cervejinha, dois caldos de piranha deliciosos, um papo com o pessoal que trabalha lá, e logo consegui infos importantes sobre o Parque Nacional das Emas, um dos meus objetivos principais nessa trip, além de outras cachoeiras da região.
Uma estrutura muito boa, bem cuidada e aprazível. E na faixa, cidadão!

Piscina natural, cheia com água do próprio Rio Ribeirão

Seguindo por uma trilha, encontramos uma cachoeira chamada Saltinho.

O Saltinho, visto de frente.

Eu e o Saltinho!

A escada chega bem próximo da queda.

Aí está a grande atração do parque, o Salto do Sucuriú. O nível, na época da minha visita, não estava muito grande, mas mesmo assim, é impressionante!

Mesmo de longe, é impressionante!

Bem embaixo do Salto do Sucuriú

Caldinho de piranha e uma cervejinha para combater o calor, depois


Saí do parque por volta do meio-dia, caçando uma cachu que eu tinha visto na internet, a Cachoeira da Formiga. Ninguem conhecia, mas fucei muito e consegui encontrar o tal Rio Formiga, mas nada de cachu. O legal foi o avistamento de diversos animais nesse caminho, como tatus-peba, caricacas e siriemas. 


Voltei para a cidade e abasteci o carro. Eram 14h22 e decidi ir atrás de outra cachoeira, chamada Rapadura, distante 33 km da cidade. Estrada de terra, depois uma pavimentada, e mais uma de terra. Nesse caminho, muitos animais avistados: carcarás, a sempre presente ema, e um encontro surpreendente com uma irara. Os gigantescos campos de cultivos me dão uma impressão de pequenez, você se sente ínfimo perante aquela paisagem. Em determinado momento o caminho se emparelha com a estrada de ferro Ferronorte. O carro só chega até um viradouro, como eles chamam aqui. Dali, segui a pé, margeando o rio que forma a cachoeira. Esse rio tem uma mata ciliar muito bonita, volumosa.
Saindo de Costa Rica para a Cachoeira da Rapadura: pegando um atalho muito bom que me ensinaram, economiza 15 km!

Placa indicando alguns atrativos, entre eles a Cachu da Rapadura
Quase chegando...



O som da Cachoeira da Rapadura vai aumentando de volume, dá pra perceber que a cachoeira está perto. Quinze minutos depois de começar a caminhar, a vejo pela primeira vez. Realmente é uma cachoeira que impressiona pela beleza cênica, e o volume da queda. E dizem que a quantidade de água nessa época é baixa ainda. A queda forma um poço de aparência profunda, um lugar de tirar o chapéu pela a beleza!


Fiquei ali contemplando, tirando fotos, mas uma imensa corina de chuva no horizonte me preocupou. Voltei para o carro e comecei o caminho para a cidade. Era fim de tarde, e os pássaros estão em atividade máxima! Araras, siriemas, pombas-espelho, curicacas, maritacas, papagaios, andorinhões...a quantidade de pássaros é assombrosa.
Cachoeira da Rapadura, vista de lado. Muito bonita!

Outra vista da Cachoeira da Rapadura,  um pouco mais distante: uma sucessão de quedas muito bonitas.

No alto de uma palmeira, uma arara.

Capela do Santo Feijão, perdida no meio do nada!

Seguindo para Costa Rica, passei por uma capela no meio do nada, chamada Capela do Santo Feijão. Conversei com um morador da área, o Sr. Alcides, que me contou um pouco sobre a capela, e um pouco sobre a história da própria cidade. Muito carismático, ficamos conversando durante muito tempo. Ele acabou me ensinando um caminho mais curto para a cidade.



Chegando ao hotel, no fim do dia, liguei para a sede do Parque Nacional das Emas, e peguei todas as infos para poder visitar o parque. Amanhã sigo para lá, com a esperança de ver o fenômeno da bioluminescência dos cupinzeiros. E aproveitar que a Lua continua cheia e bela!
Ponte sobre o mesmo rio que forma a Cachoeira da Rapadura
Fim do dia. Voltando para Costa Rica, descansar para mais aventuras no dia seguinte


Dicas: Primeiro, faça uma pesquisa em Campo Grande a respeito das locadoras. Os preços variam bastante, e não espere um atendimento primoroso. Ar condicionado é item de primeira necessidade por aqui. Já em Costa Rica, faça um planejamento cuidadoso, lá existem diversos atrativos, em um raio de até 60 km de Costa Rica. Fiquei o tempo necessário para conhecer algumas cachoeiras, mas o ideal é ficar pelo menos 5 dias, pois há muita coisa nos arredores!