segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Parque Estadual Carlos Botelho – Núcleos São Miguel Arcanjo (SP) e Sete Barras (SP) – Set/12


Chegando ao Parque e descendo pela estrada-parque – 17/9/2012

Com uma semana de férias já corrida, decidi conhecer uma região que há muito eu tinha deixado em segundo plano: o Vale do Ribeira. Com um mosaico de Unidades de Conservação (UC) se sobrepondo, me planejei para passar uma semana conhecendo esta região.
Comecei a trip pelo Parque Estadual Carlos Botelho (PECB), cuja sede se encontra na simpática cidade de São Miguel Arcanjo (SP), e que abriga em seu interior uma estrada-parque muito interessante. Descendo pelo Vale do Ribeira, o PECB tem ainda outro núcleo, chamado Sete Barras.

Na SP-250, um totem no caminho do PECB.
Em uma bela manhã de segunda-feira (17/9), às 6h19, comecei minha viagem. Havia alugado um carro para esse fim. Segundo informações colhidas, a melhor maneira de chegar seria pela Castello Branco (SP-280), saindo depois sentido Sorocaba. Mas eu preferi fazer um caminho diferente, ainda que mais longo: peguei a rodovia Raposo Tavares (SP-270), seguindo até Sorocaba, depois seguindo por Pilar do Sul (SP) até São Miguel Arcanjo. Sinceramente, curti cada curva linda e perigosa deste caminho.
Entrada do Parque Estadual Carlos Botelho (Núcleo São Miguel Arcanjo)

Cheguei em São Miguel Arcanjo por volta das 10h30. Cidadezinha realmente muito simpática, dei um tempo ali para me refazer um pouco e comer alguma coisa. Aproveitei e passei em um supermercado para me abastecer, caso eu acampasse (o que eu acabei fazendo mesmo). Acertei em cheio!
De São Miguel Arcanjo segui para o parque. São 25 km por uma estradinha bucólica, cercada de muito verde e visuais muito interessantes. Quase uma hora depois (eram 12h21) cheguei à sede do PECB. De cara deu para perceber que é um parque bem estruturado. Fui recepcionado muito bem, os funcionários do parque são muito atenciosos.


Placa indicando a Trilha das Bromélias
Esta trilha é totalmente acessível para pessoas com deficiência motora.

As trilhas, em sua maioria, são todas monitoradas. Conversando com o pessoal do parque, descobri que havia duas delas que estavam liberadas: Trilha das Bromélias, uma trilha totalmente adaptada para pessoas com necessidades especiais, com cerca de 300 m de comprimento; e a Trilha do Rio Taquaral, extensão de 1800 m, que margeia o rio de mesmo nome.
  •       Trilha das Bromélias: estruturada como de passarela de madeira, esta trilha forma um circuito pequeno, que passa no meio de um bosque bonito. A trilha é curta, mas proporciona uma interação importante para os portadores de deficiência.
  • ·         Trilha do Rio Taquaral: o rio Taquaral passa dentro do parque e pertence à bacia do rio Paranapanema. A trilha em questão é muito interessante, começa em uma cota alta e vai descendo forte, por volta de uns 20 minutos, até encontrar o Taquaral. Nesse ponto você escolhe seguir para a direita (até um deck à beira do rio), ou à esquerda (margeando o rio, até encontrar a estrada-parque e uma cachoeira gostosa para banho).


Entrada da Trilha do Rio Taquaral

Pegando à esquerda na trilha, você chega à estrada-parque, e à esta cachoeira deliciosa

Pegando à direita, você chega a este deck de banho
Eu, tomando um banho no Rio Taquaral

Foi muito bom, aproveitei para me banhar um pouco, tanto na cachoeira quanto no próprio rio Taquaral, e espantar o calor. Voltei à sede por volta das 14h, coloquei as coisas no carro e comecei a descida pela estrada-parque, também conhecida como SP-139, até o núcleo Sete Barras. Do núcleo onde eu estava até o núcleo Sete Barras são 33 km descendo por esta estrada de terra bem batida, com vários pontos de parada com quiosques estratégicos, sempre a beira de algum ribeirão; cachoeiras, mirantes do Vale do Ribeira, vários avistamentos de animais e pássaros, dezenas deles. Alguns buracos em alguns trechos e os diversos atrativos me fizeram cobrir esses 33 km em cerca de duas boas horas, muito bem aproveitadas! Cheguei ao núcleo Sete Barras exatamente às 16h. Conversei com o pessoal do parque e perguntei onde eu podia andar sem precisar de um “guia” para me acompanhar. Me indicaram a Trilha da Figueira, com cerca de 2km ida e volta.
  • ·         Trilha da Figueira: esta trilha nada mais é que um caminho que margeia o Ribeirão da Serra, de águas cristalinas e geladinha, até uma figueira-branca enorme que tem, segundo o levantamento dos especialistas, aproximadamente mil anos. No trajeto é possível observar alguns tipos de vegetação bem interessantes, Mata Atlântica secundária e várias árvores, todas identificadas com placas. Prato cheio para quem curte árvores! Nessa trilha eu avistei um macuco, pássaro bem difícil de avistar porque é muito arisco.
  • ·       O pessoal que trabalha nesse parque merece destaque: Nil, o segurança boa praça; Sr. Tércio, que trabalha ali há cerca de 20 anos, conhece tudo de pássaros e do parque.

Jà na estrada-parque, parado em um dos quiosques na beira de um braço de rio.
Mais um ribeirão, chamado Água da Vaca
Entrada do núcleo Sete Barras. Na parte de baixo do parque, este núcleo também é espetacular.
Placa ilustrativa do Parque Estadual Carlos Botelho - núcleo Sete Barras.
A quantidade de pássaros que existe nessa região é impressionante!! Para quem curte birdwatching como eu, ali é um verdadeiro Paraíso: gaviões, saíras, jacutingas, papagaios, alma-de-gato, todo tipo de beija-flores e a eterna araponga com seu canto característico.
Ribeirão da Serra, dentro do núcleo Sete Barras. Muito bem cuidado!
Não tem como não estar feliz!
Quando voltei da Trilha da Figueira, às 16h49, fiquei sabendo que poderia acampar no parque, e usufruir das instalações boas que o núcleo Sete Barras oferece: chuveiro quente, uma área coberta muito boa, banheiro com papel higiênico, filtro com água gelada. Praticamente um resort, e não um camping. Ok!! Montei minha barraca (uma iglu para três pessoas, um verdadeiro latifúndio...kkkk) e preparei meu jantar naquela noite maravilhosa de céu estrelado e sons noturnos da fauna que desperta com o cair do Sol.
Amanhã, sigo para a Cachoeira do Travessão.
Com um "telhado", banho quente e banheiro bacana, nem parece um camping, parece mais um resort!


Parque Estadual Carlos Botelho – em busca da cachu escondida – 2º dia (18/9/2012)

Acordei cedo depois de uma boa noite de sono. Como o Sr. Tércio havia me dito na noite anterior, pela manhã o responsável pelo parque, um cara simpático chamado Márcio, me preparou um mapa bem ilustrativo de como eu chegaria à Cachoeira do Travessão (também conhecida como Cachoeira Alta), uma queda que fica exatamente na divisa do parque com uma propriedade particular. Tomei um café rápido e saí do parque às 10h20 em direção ao bairro de Rio Preto (ou Nazaré), na zona rural da cidade de Sete Barras (SP).
Na SP 139, já com asfalto e indo em direção a Sete Barras, pega-se à esquerda sentido bairro Rio Preto
O trajeto total levou cerca de 18 km, em uma sequência de estradinhas de terra que vão se enfiando mais e mais para dentro de um gigantesco bananal, produto principal do glorioso Vale do Ribeira. Chega a confundir a quantidade de “ruas” de bananal que vão cruzando o caminho principal. Depois de alguma dificuldade e da ajuda de uma turma de agricultores que iam cuidar da plantação, cheguei ao que eles chamam de “rotatória”, que é uma clareira uma a estradinha acabava. Dali, eu deveria pegar uma trilha, que saía tímida de um ponto da “rotatória”. E segui pela trilha, que logo começou a margear o Rio Ipiranga e suas pedras.


Rio Ipiranga: subindo em direção a sua cabeceira, encontra-se a Cachoeira do Travessão
Caminhei pela trilha mais ou menos uns 15 minutos, eu já conseguia escutar a Travessão, mas não conseguia vê-la ainda. Quando o relógio marcava 11h10 finalmente a cachoeira se descortinou para mim: belíssima, encorpada, com um poço agitado e verde. A cachu se dividia em duas, e do seu lado direito uma segunda queda, menor, também me encantava. Não pensei duas vezes e entrei naquela água boa, e menos gelada do que eu esperava. Fiquei por ali até as 12h20, quando comecei a fazer a trilha de volta para o carro.
Cachoeira do Travessão (ou Cachoeira Alta). Um certo sufoco para chegar até aqui, mas valeu muito a pena.
Eu, um pouco antes de entrar nas águas movimentadas da Cachu do Travessão
No caminho de volta, descobri um poção de uns 5 metros de profundidade, e águas transparente
O calor já começa a dar mostras do que eu ia enfrentar durante o resto do dia. Mas eu estava feliz pela aventura, por ter conhecido uma cachoeira de difícil acesso, e sobretudo, por ter conhecido uma Unidade de Conservação onde realmente vale a pena pagar o ingresso.
Segui caminho, minha aventura pelo Vale do Ribeira tinha muitos capítulos, mas esta história você vê (aqui).

Um comentário:

Anônimo disse...

Dezenas de animais atropelados nessa rodovia maldita que você desceu e todo mundo elogia.
Quem duvida basta descer a pé e tirar fotografias. Estão lá para todo mundo ver.