Natal – Salvador – Lençóis (25/9)
Saí de Natal (RN) no vôo 1804, depois
de passar alguns dias na casa de meus amigos Gabi
e Junior. O vôo saiu no horário, às 4h25, e chegou em Salvador às 5h42.
Minha preocupação era o vôo atrasar a chegada ou a entrega de bagagem, já que
eu havia comprado a passagem para Lençóis (BA) em São Paulo, para o horário das
7h na rodoviária. Tudo correu bem, e eu saí com mochila e tudo por volta das
6h10, pagando abusivos R$ 84 por um táxi de cooperativa até o terminal de
ônibus.
A rodoviária de Salvador é
bem ajeitada e organizada, como boas opções de serviços. Corri no guichê da
Real Expresso e comprei a taxa de embarque por R$ 1,20. Logo estava embarcando
e saindo em direção a Lençóis.
Fizemos uma parada em Feira de Santana (BA), velha
conhecida de outra trip, e depois uma parada técnica em uma cidade chamada Itaberaba
(BA), parada esta um pouco mais longa para comermos alguma coisa, por volta
das 11h.
O bus tinha ar condicionado, condição
básica para se andar pelo sertão baiano e seu sol escaldante. Enquanto o
veículo rasgava as estradas por aquelas paisagens secas, ficava imaginando como
deveria ser a vida do sertanejo ali. Devaneios de um viajante.
Cheguei em Lençois por volta das 14h.
Quem vive do turismo e dos turistas já fica ouriçado quando vêem o ônibus
chegando. É assim em qualquer lugar que viva da atividade de turismo, e Lençóis
é considerada o portão de entrada da Chapada Diamantina. Fui abordado por um
monte de gente oferecendo hospedagem, e como não tinha nada determinado,
comecei a ouvir as propostas. Um rapaz chamado Batalha me convenceu a dar uma
olhada na Pousada Daime
Sono (Rua das Pedras, 102.
Tel.: 75 3334-1445. www.pousadadaimesono.com.br), um lugar muito
agradável cujos proprietários, Patrícia e Rodrigo, são gente boa demais. Acabei
acertando com eles minha permanência ali.
Travessia Lençóis –
Capão (Caeté-Açu) - (29/9)
Acordei às 6h da manhã, já com tudo
previamente preparado para a travessia até o Vale do Capão. Às 7h15 saí da Pousada Daime Sono, em direção
a hotel Portal de Lençóis,
local de onde parte a trilha. Subi rapidamente, alcançando a saída da cidade.
A trilha começa alternando
entre um caminho bem batido e lajedos, onde a indicação do caminho é a parte
mais desgastada na rocha. Vão se alternando subidas e descidas, enquanto
bordejo a Serra do Grisante.
A trilha vai seguindo até cruzar um
riachinho e logo adiante mais um lajedo. Subindo este lajedo encontramos uma
cachoeirinha (cachoeirinha?!), nesta época com pouca água devido à estiagem. A
trilha segue ao lado direito, e cerca de 20 metros depois bifurca em
um T. O correto é pegar à
esquerda, subindo assim para a Serra do Ribeirão. Este é um momento duro, pois
a trilha está fechada e há um momento que é preciso descer um degrau, mas a
visão da trilha fica prejudicada. Acabei caindo nesse degrau justamente em cima
de uma touceira de capim-bravo, o que me rendeu belos e ardidos cortes nos
braços e nas mãos! A trilha reaparece alguns metros à frente, com vários
lajedos novamente, mas com algumas setas rabiscadas na pedra, o que facilita a
orientação.
Às 9h30 já tinha superado a Serra do
Ribeirão e seguia firme para a serra seguinte, chamada do Sobradinho. À
esquerda da trilha fica o vale e o paredão da Serra do Sobradinho, belíssimo.
Às vezes a trilha parece um jardim, com as flores da Chapada dando o tom e
colorindo o caminho. Encontrei um dos bons pontos de camping às 10h15, dei uma
descansada, e continuei seguindo. Por volta das 11h30 parei para fazer um
lanche. Infelizmente nesta época as águas estão em um nível bastante baixo, e o
volume dos rios diminui dramaticamente. Cruzo o Rio Ribeirão no fundo do vale e
sigo por uma trilha bem clara até uma espécie de gruta, onde a trilha continua
até dar de novo no rio. Mas o caminho não era este: eu deveria ter saído à
esquerda uns 20 metros
antes. Por sorte tinha uma galera local se banhando no rio que me indicou o
ponto certo. Acelerei a pisada e às 12h20 parei para almoçar à beira de um
outro rio.
Já com a fome morta segui, avistando a
figura imponente do Morrão (ou Morro do Tabor) com sua topografia única, que se
assemelha à figura da Esfinge do Cairo! Fiquei hipnotizado com aquela visão,
sem dúvida uma das paisagens mais impressionantes que eu já vi. A Chapada é
abençoada neste sentido.
Bordejei o trechinho final da Serra do
Sobradinho e comecei a descida para Caeté-Açu, à sudoeste. A trilha desce com
razoável vontade, até encontrar um rio; passado esse rio o caminho segue,
alternando subidas e descidas leves. Em dado momento a trilha se encontra com
uma estrada vicinal, e a partir daí a pernada se torna um pouco monótona.
Cruzei mais um riacho, passei por alguns sítios e às 15h cheguei à entrada da
cidade, onde um francês (Laurent) estava perdido olhando para as montanhas
(!!). Me disse que pegou 25 horas de ônibus para ficar um dia e meio no Capão,
e depois voltaria para Recife (PE). Doideira.
Chegando ao vilarejo do Capão (também
conhecida como Caeté-Açu), acabei ficando em uma pousada chamada Tatu Feliz (Praça
da Vila, s/n. Tel.: 75 3341 1124. www.infochapada.com/pousadatatufeliz.htm),
R$50 por um quarto muito confortável.
De noite fui procurar um lugar para
comer, e encontrei o restaurante (na verdade, a casa) de dona Belí. Um PF
maravilhoso por R$8. Depois fiquei trocando idéias com os malucos e trilheiros
de plantão em um boteco pé-sujo na pracinha da vila.
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A cidade de Lençóis vista da trilha que leva ao Capão |
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Parada providencial para uma refrescada no ribeirão |
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Uma pequena cachoeira, sem muita água |
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Uma bela formação rochosa da Serra do Ribeirão |
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Flores da Chapada Diamantina |
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Serra do Ribeirão |
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Cruzando mais um ribeirão |
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Dando uma pausa antes de seguir. Á frente, logo chegaria o Morrão |
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Morrão ou Morro do Tabor, uma das formações mais interessantes da Chapada |
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Rio pedregoso antes de chegar ao Capão |
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Montanha bonita perto do vilarejo do Capão |
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Mais uma serra espetacular no caminho para Capão |
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Laurent, o francês maluco que viajou 25 horas desde o Recife para ficar 24 horas no Capão! |
Caeté-Açu até Cachoeira da Fumaça – (30/9/2011)
Acordei cedo, por volta das 7h da manhã, com a intenção de ir até a Cachoeira da Fumaça, mesmo sabendo que ela estava quase seca. Tomei café na pousada e por volta das 8h50 já estava na empoeirada estrada que leva até a localidade chamada Campos, cerca de 2 km do centro de Caeté-Açu. Chegando até Campos, imediatamente após a antena da Telemar, deve-se tomar à direita e seguir 200 metros até a Associação de Guias, que faz um “controle de fluxo” e pede donativos para continuar o trabalho de conservação das trilhas (conservar as trilhas dentro do Parque Nacional? Falou... ;-/).
A subida até o platô da Serra da Larguinha, caminho para a Fumaça, é penosa para pernas desacostumadas. O visual que vai se descortinando nesta subida é incrível: à direita, o Morrão; à esquerda, o Vale do Capão; à frente, a Serra da Candoba.
Terminada a subida, caminha-se por cerca de 1h30, sempre reto, alternando lajedos, trilhas arenosas e macegas (vegetação rasteira). Logo é possível perceber que o Cânion da Fumaça se aproxima, e então é hora de pegar o caminho à esquerda, descendo até o leito do rio que forma a cachoeira. Nesta época do ano o rio está quase seco, o que possibilitou que eu fotografasse a partir do próprio leito, coisa impensável uns meses antes! Subi até o mirante onde é possível ver a cachoeira em tempos de cheia, e a visão da altura da cachoeira deixa a boca seca: 380 metros que aceleram a pulsação. Foi difícil controlar a paúra. Fiquei um tempo ali, admirando e eventualmente conversando com quem chegava (um trio masculino e um casal, todos de MG), dividindo aquele sentimento de êxtase e um certo assombro.
Iniciei a volta com aquela visão na cabeça. Estava tão absorto que nem percebi direito o caminho, e logo estava na beira do platô, pronto para descer de volta a Caeté-Açu.
Descendo encontrei o casal que já havia conversado antes lá na Fumaça, mais o dono de uma lanchonete que fica na parte baixa da trilha. Ele sobe com as guloseimas e água, e fica vendendo ali, na descida da trilha. Parei um pouco e ficamos conversando. Nessas eu recebi umas dicas boas do casal mineiro para quando eu for fazer a travessia do Vale do Paty.
Terminei a descida e comi o famoso pastel de palmito de jaca, uma verdadeira delicia. Ainda mais quando acompanhado pelo caldo de cana fresquinho, tirado na hora. Putz! Fui apresentado a um nível superior do binômio “pastel - caldo de cana”!!
Voltei para a vila e tirei um sono até o cair da tarde. Internet, um PF na casa de Dona Belí novamente, e logo estava preparando as coisas para partir. Amanhã sigo para o Vale do Paty.
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No começo da trilha, palavras sábias |
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Caminhando para a Cachoeira da Fumaça |
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Vista do vilarejo do Capão |
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Serra do Macaco |
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Serra do Macaco |
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Chegando na Cachoeira, pelo leito do rio que a forma |
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Cachoeira da Fumaça, infelizmente bem seca nessa época |
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Leito do rio que forma a Cachoeira da Fumaça |
Travessia do Paty – (1/10/2011)
Acordei cedo e fui tomar um café antes de pegar o mototáxi (R$12) até a localidade do Bomba, distante 6 km de Caeté-Açu. O tempo nublado me deixou apreensivo, ma me pus a andar em direção à subida que me levaria até a entrada dos Gerais dos Vieiras, onde subiria até o topo da serra, para seguir até o Vale do Paty. A caminhada seria de mais de 20 km.
A subida do vilarejo do Bomba até o planalto ocorreu em meio a um denso nevoeiro. Encontrei uma bifurcação e mantive a direita. O vento e a cerração não davam trégua. De repente, tudo abriu e foi possível ver a Serra do Esbarrancado bem à minha direita. Cruzo o Rio Ancorado e sigo em frente entre subidas e descidas leves, e logo identifico um riacho e o Morro Manoel Vitor à minha esquerda. A idéia era subir à direita e encontrar a trilha para a subida do Quebra Bunda, mas acabei passando do ponto porque a trilha dá uma sumida em determinado momento. Conforme ia me distanciando da Serra do Esbarrancado (e da subida do Quebra Bunda) percebi que algo estava errado e voltei ao mesmo riacho que havia passado, onde farejei a trilha que levava para o alto da serra. Chegando lá em cima, uma visão espetacular do vale me fez dar uma parada e apreciar durante uns 15 minutos.
Uma vez no alto da serra fui caminhando em um ritmo forte, entremeada com paradas para fotos e água. Imagens lindas do Morro Branco, Morro da Lapinha e Serra da Rampa (em frente), e da Serra do Roncador à esquerda (leste).
Segui em frente até encontrar um muro de pedra. Ali sabia que deveria começar a descer pela rampa, fato confirmado por um casal carioca e o guia deles, vindos da comunidade de Guiné. Enquanto conversávamos, passou por nós uma nuvem de abelhas (!!), o que nos obrigou a ficarmos deitados no chão um tempo.
Logo em seguida comecei a descida da rampa: bem íngreme, qualquer descuido ali e você só pára de rolar lá embaixo! Quando cheguei na parte de baixo, peguei o caminho da Igrejinha, lugar onde vive João Calixto, sozinho naquele vale imenso. Ficamos proseando um bom tempo, e falamos de muitas coisas; no fim acabei presenteando ele com um relógio de pulso Orient automático, que levei exatamente para esse fim mesmo. Fiquei feliz em ter conhecido João Calixto.
Segui rumo até a casa do Sr. Wilson, local onde eu pousaria naquela noite. O Sr. Wilson e família são aquele tipo de gente generosa, que nos recebe de coração aberto e com uma prosa muito boa, a despeito dos R$60 cobrados pela cama, jantar e café da manhã. Preço mais que justo pela fartura de comida, doces, sucos e afins, que são servidos fresquinhos. Até suco de pitanga eu tomei, uma delícia!
Nesta noite eu conheci um casal, Telma e Tiziano. Ela alagoana, ele um velho italiano. Gente boa, ficamos conversando bastante, até que a caminhada cobrou seu preço e o cansaço bateu. Eram 20h40, e poucas vezes na minha vida adulta (ou até mesmo quando criança) dormi a essa hora. Mas dormi feliz, saciado de corpo e alma. Amanhã sigo pelo Paty.
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Começando a travessia no vilarejo do Bomba |
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Visão do alto do planalto |
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Seguindo pela trilha, já começam a aparecer as formações rochosas que fazem dessa travessia uma das mais bonitas do Brasil |
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Morro Branco |
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Na igrejinha, onde é possível acampar por preços módicos |
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João Calixto, o morador da Igrejinha: figuraça! |
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Morro Branco em tons sépia |
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Vale do Rio Paty |
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Telma e Tiziano: casal aventureiro na Chapada Diamantina |
Travessia do Paty – 2° dia – (2/10/2011)
Acordei cedo mais uma vez. Meus planos incluíam visitar a Cachoeira dos Funis, e depois seguir viagem, talvez até o Cachoeirão.
Café da manhã, mais uma vez aquela fartura sertaneja: frutas, bolos, sucos. Inacreditável a quantidade de comida disponível! Comi bem, conversei mais um pouco com o casal ítalo-alagoano, arrumei as coisas e segui para a Cachoeira dos Funis. Me despedi do casal, que seguia de volta para Guiné, e comecei o caminho para a cachoeira. Em 20 minutos cheguei à base dela, meio seca. Tirei fotos e voltei.
Preparei a mochila, paguei a estadia para o Sr. Wilson e segui caminho, descendo pelo vale do Paty. As formações rochosas são simplesmente lindas, e o rio mantem-se à sua esquerda, um pouco abaixo do nível da trilha. Passo pela “Prefeitura” (antigo prédio abandonado), parada rápida e continuo a pernada até encontrar de súbito a ponte sobre o Rio Paty. Cansado e suado, com todo direito e pompa parei para um banho e almoço. Eram 13h25. O sol brilhava forte, o Paty convidativo, fiquei ali um bom tempo. Afinal era cedo e eu não iria ver o Cachoeirão (está seca nesta época), restando ficar na casa de Dona Linda, a 100 metros da ponte. Após o merecido descanso, segui até a casa de Dona Linda, para descobrir que ela e a família tinham ido para Andaraí (BA) (hoje é domingo, dia da feira semanal). Resolvi seguir para a casa do Sr. Eduardo, no caminho para o Cachoeirão, quando cruzo com o Sr. Antonio, dono de uma casa também no caminho para a cachoeira gigante. Conversando com ele descobri que o Sr. Eduardo faleceu, e como o próprio Sr. Antonio acolhe viajantes também, resolvi ficar por ali mesmo. O preço é o mesmo do Sr. Wilson. A família dele me recebeu muito bem: Dona Dagmar (a esposa) e o filho do casal, Adauto. Um jantar simples, mas fenomenal: suco de limão cravo, arroz, ovos...até godó a Dona Dagmar preparou para mim. A hospitalidade do povo do Paty é espetacular.
Amanhã sigo para Andaraí, trecho final da travessia.
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Cachoeira do Funil |
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Sr. Wilson, morador da Chapada e dono de uma pousadinha simples e acolhedora |
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Margeando o rio Paty |
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O cânion que o rio Paty forma é bem alto! |
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Essa ponte foi destruída um ano antes devido às cheias do rio Paty! Imagine a força das águas... |
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Aproveitando para um banho refrescante no Rio Paty |
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Adauto, Sr. Antonio e dona Dagmar, moradores da Chapada |
Travessia do Paty – 3° dia – (3/10/2011)
Acordei com o canto dos galos que o Sr. Antônio cria em seu quintal. Dormi bem à noite, só fiquei um pouco ressabiado quando senti o cheiro de madeira queimada em determinado momento, mas não era incêndio: era a Dona Dagmar acendendo o seu fogão a lenha.
Por volta das 8h, depois de um café da manhã bem sertanejo, paguei a minha estadia junto àquela família simpática e acolhedora. A hospitalidade do povo da Chapada Diamantina é o seu verdadeiro patrimônio!
Atravessei o rio Paty pulando de pedra em pedra, em um movimento que seria impossível de se fazer na época de chuvas, já que o Paty fica largo e "nervoso". Achei a trilha que me levaria até a Subida do Império, íngreme até se perder de vista, um ziguezague quase interminável. O calçamento é em estilo “pé-de-moleque”, o que caracteriza essa trilha como um antigo caminho oficial para se cruzar aquela região. Em determinado momento avisto uma casa muito bem construída no meio da mata ciliar do rio Paty. Fiquei sabendo depois que é a casa de um milionário alemão, que chegou por ali há alguns anos. O problema é que ali é área de parque nacional! Coisas do Brasil...
A chegada ao topo da Subida do Império é coroada com uma imagem belíssima de todo o vale do Paty. Olhando por onde passei, me bateu certa melancolia. Foram dias realmente especiais por essas paisagens incríveis.
Segui em frente, decidido a chegar a Andaraí na hora do almoço. A temperatura amena da manhã foi dando lugar a um calor insuportável com o passar das horas, e só me restava tentar me refrescar em algumas eventuais bicas d água que apareciam vez ou outra pela trilha. Nesta hora do dia é muito comum cruzar com calangos aquecendo seu corpo de sangue frio nas pedras quentes. Perdi a conta de quantos eu vi.
Quando avistei Andaraí pela primeira vez, no alto da serra ainda, sabia que tinha acabado minha trip. Andei mais duas horas debaixo de um sol escaldante, com um sentimento misturado entre a satisfação de realizar uma travessia riquíssima, e a vontade de esticar mais esses dias em que passei por ali. Mas prevaleceu na verdade a sensação de dever cumprido.
Nas cercanias de Andaraí avisto uma réplica do Cristo de braços abertos me dá as boas-vindas. Andaraí me pareceu uma cidade bem movimentada, em alguns momentos até muvucada em excesso. Chegando ao centro, encontrei uma feira bem ao estilo nordestino, com todo tipo de produtos, e um movimento quase idêntico a da rua 25 de Março, em São Paulo. Doideira!!
Procurei informações sobre transporte de volta à Lençois, e teria que esperar cerca de uma hora até a chegada do bus que me levaria de volta ao meu ponto de partida, cinco dias atrás. Enquanto esperava o ônibus, já fazia planos para futuras incursões na Chapada Diamantina. Foi ali que me dei conta realmente do quanto aquele lugar marcou meu coração e minha alma. Em breve eu volto.
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Subida do Império, a temida |
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A Subida do Império e seu calçamento feito por escravos |
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Riacho no caminho para Andaraí |
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Andaraí, a cerca de dois quilômetros de distancia |
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Andaraí |