quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Trilha do Rio Branquinho - Mai/2011

Nota sobre este relato:

Fiz essa trilha em companhia do Rafael, Sandro, Paulo Piacitelli e do Augusto. 

Na época não fiz o relato, por isso me utilizo aqui do texto escrito pelo Rafael em seu blog (Raffa no Caminho), e com as fotos que fiz na trip, para dividir com vocês mais um momento importante na minha vida como montanhista. Valeu, Raffa, pela cessão do texto! Vamos ao relato:

Trilha Proibida - São Paulo à Itanhaém

Segunda tentativa de concluir a trilha Sampa x Itanhaém, através da Barragem, Zona Sul de Sampa até o litoral, via trilha do trem, Serra do Mar e finalizando na aldeia Indígena em Itanhaém.

Recentemente, fomos até o Rio Branco da Conceição, logo após o túnel 24 da linha férrea que passa pelo bairro da Barragem, zona sul de Sampa. Ali, tínhamos pouco tempo e não conseguimos encontrar o começo da picada que leva até o rio Branquinho no vale. Valeu a pena de qualquer forma. Deu para se refrescar nas cachoeiras.


A trupe: Paulo Piacitelli, Augusto, Sandro e Rafael. Eu fazendo a foto, claro!
Após uma discussão por e-mail, combinamos de descer a serra. Augusto, Gibson, Piacitelli, Sandro e eu.

Ponto de encontro: Metrô Vila Mariana. 20h. Após umas cervejinhas e lanches, pegamos o ônibus até Parelheiros. (20:30).

Encontramos com o Sandro no terminal Parelheiros, aonde pegamos outro ônibus, sentido Barragem, ponto final. Chegamos por volta da meia noite.

Caía uma chuva fraca. Colocamos nossas capas. Acomodamos as mochilas e seguimos a estradinha de terra sentido à linha férrea. No caminho paramos num buteco à esquerda para comprar água. 5 minutos depois já estávamos na estrada de terra, escuridão total, nenhum movimento. Só nós e a chuva fraca que não parava.

Depois de 1h30 caminhando, chegamos na linha do trem, pegamos o lado esquerdo. E nada da chuvinha dar uma trégua. Andamos paralelos à linha do trem até a estação Evangelista de Souza. Ali fizemos uma pequena pausa.

20 minutos depois continuamos pela linha do trem até o túnel 24, aonde seria nosso acampamento. Não andamos muito rápido porque estava bem liso.

Caminhando pela linha do trem, já no outro dia, pela manhã

Túnel 24: após este túnel, fica o pontilhão. Seguimos e ao fim deste, encontramos o início da trilha.

Placa da Funai, que indica exatamente aonde deve entrar no mato: início da trilha!

João, o índio guarani que mora no início da trilha. Gente fina!

Após o túnel 24, a direita, tem uma canaleta e dali desce uma trilha, só seguir ela até um pequeno descampado, aonde alguns anos atrás existia uma cabana (o índio João disse que o falecido tio dele morava ali). Cuidado na trilha a esquerda que existem alguns buracos gigantes!

Montamos a barraca na chuva. Ô delícia. rs

Dormimos por volta das 4:20 da madrugada. Ainda chovia e dentro da barraca bastante umidade por causa das capas, botas, mochilas molhadas e a chuva que caiu durante a montagem.

Uma das inúmeras quedas ao longo da trilha. A chuva alimentava o volume das águas, foi um desafio a mais!
Sábado, tempo nublado, garoa fraca, acordamos as 11h da manhã. Mas o esforço valeu a pena, pois ali na altura da cachoeira do Jamil (após a evangelista de souza), tem o comando da policia que não deixa ninguém passar trilha do trem abaixo.

Tomamos café, desmontamos nossas barracas molhadas, e subimos pela pequena trilha até a linha do trem novamente. Continuamos descendo pelos trilhos, passamos o túnel 24, andamos mais uns 100/200m e do pé de uma bananeira, avistamos uma placa TERRA PROTEGIDA, área indígena. Ai sim, começava nossa trilha que dá ultima vez falhamos.

A trilha que desce é bem demarcada. É só seguir ela até uma arvore bem grande, a direita segue para a cabana do índio João e a esquerda leva até o rio. Descemos primeiro pela direita. Chegamos na cabana do João, índio bem simpático, nos deu dicas para seguir o caminho, só não foi junto porque a mulher dele estava fazendo a comida. Tambem deixamos alguns alimentos que estávamos levando (Cada um levava 2kg de comida não perecível para doação). Voltamos para a trilha, viramos agora a direita na grande arvore e agora a trilha seguia para baixo. Bastante lama, cada hora um revezava no tombo.

A trilha é bem demarcada. uma hora ou outra tem alguma bifurcação, mas sempre continue na maior e mais batida. Assim que termina a trilha você chega no Rio. Antes, passamos por um ponto de camping e na sequencia um poço. Ali no remanso do poço, você tem que atravessar e seguir pela trilha, acompanhando o rio.

Uma parada para o Augusto reler alguns relatos e confirmar o caminho. Estávamos indo bem.

Corredeira forte do Rio Branquinho.

Confluência dos rios Capivari e Branquinho. Á frente, ele se torna o Rio Branco, já na planície de Itanhaém

Corredeira logo à frente. Parramos por aqui, seguiríamos adiante no dia seguinte

Acampamento na manhã seguinte, às margens da confluência dos rios Branquinho e Capivari. Aquele desjejum antes de seguir em frente!

Chegamos na confluência dos rios Branquinho e Capivari às 17:40h. Agora era hora de procurar uma área para o acampamento. Mais para frente da confluência havia um antigo acampamento. Não tivemos dúvidas e acampamos por ali, ao lado do rio (que estava forte devido as chuvas).

Cada um fez seu jantar, Augusto mandou miojão, Piacitelli uma massa, Gibson foi na sopa e depois uma lasanha, eu e o Sandro dividimos o clássico, arroz, feijão preto, farofa e linguicinha acebolada. 19:30 estavam todos capotados, úmidos e dormindo ao som do rio. Obs.: Nenhum dos acampamentos, comportavam mais que 6/7 barracas.

Piacitelli, acho que sofreu um pouco mais, pois entrou muita água em sua barraca e molhou todo saco de dormir. A madruga foi tranquila, eu só ouvia o rio.

Domingão chegou e com ele o sol, pena que ali na mata fechada, dificilmente secaria todas as nossas coisas. Acordei por volta das 9h. fizemos o desjejum, desmontamos o acampamento. O dia estava lindo.

Por volta das 10:40 já estávamos prontos para seguir a trilha. Agora procurando a trilha, já que ali no acampamento terminava o caminho. Com certeza a trilha estava do outro lado do rio, que ali passava um pouco forte. Na altura da cintura. Fizemos algumas incursões na mata e nada na trilha. Certeza. a trilha estava do outro lado do rio. E lá fomos nós. O rio estava um pouco forte, resolvemos usar a corda por precaução pois um dos nossos amigos não sabia nadar. Todos do outro lado e lá estava a trilha. Bem demarcada também.

Cruzando a corredeira, para a margem direita do rio

Paulo Piacitelli e Augusto, logo após a travessia da corredeira

Casa de pau-a-pique, a primeira construção pertencente à aldeia guarani que teríamos que passar, logo adiante

Cruzando o Rio Branco, manso e um tanto largo

Eu, o Rio Branco e a galera atravessando

Era meio dia e seguimos a trilha, que boa parte do tempo era paralela ao rio e depois foi se afastando. Era bem demarcada. depois foi voltando em direção ao rio e prontos. 13:30 chegamos em uma parte da aldeia indígena. Ali fizemos o primeiro contato com o índio Henrique.

Henrique também foi bem simpático. Deixamos mais alguns alimentos (fica a dica, entregue mais para a frente). Perguntamos sobre a possibilidade de conseguir uma carona ou pagar por ela. Ele disse que havia um carro na parte principal da aldeia, para corrermos e falar com o índio Miguel.

Pegamos o caminho, atravessamos o rio novamente (bem tranquilo naquela parte) na altura dos joelhos.

Rio Branco, visto de dentro

Sede da comunidade: chegamos e fomos recebidos com certa desconfiança, o que eu considero até normal

A aldeia conta com escola, sede administrativa, telefone...estão relativamente bem de infra estrutura
 Chegamos na área central da aldeia, todos estavam em uma reunião. Esperamos um pouco, observamos a aldeia, bastante construções de alvenaria, postes de luz e também algumas cabanas bem simples. Também conhecemos o cacique Arlindo, índio novo, aparentando ter menos de 35 anos, de poucas palavras.

Entregamos o restante dos alimentos e conversamos com o dono do caminhão que estava ali de visita para retirar alguns bambus e cipós para trazer para SP.

Foi nossa sorte. Economizamos uma pernada de 21 km até a rodovia. Passamos pelo bar do Zé Pretinho, aonde passa o ônibus circular que leva ate Itanhaém 2 vezes por dia. Não conseguimos a informação de horários.

Chegamos no posto ao lado da Breda, aonde as 14:40h o Sandro já conseguiu passagem para Osasco, às 15h o Piacitelli para SP e como não tinha mais passagem, eu, Augusto e Gibson, embarcamos no das 16h. Deu tempo até para a cervejinha.

18h todos estavam em SP !

Fim de semana com direito a trekking noturno, chuva, lama, atravessamos vários riachos, 2 rios e uma trilha que ninguém conhecia, só seguimos relatos (Beck e Jorge) e mapas.

Descolando carona até a rodovia, em Itanhaém. se não tivesse rolado essa carona, seriam 21 km até a rodovia

Esperando partir. Um tanto cansados...

Dá vontade de mandar este relato para o repórter que a classificou como "proibida", e para quem bota a culpa no GPS quando falta bom senso e responsabilidade em levar várias pessoas, sendo que em nenhum momento o meu GPS e o do Piacitelli perderam o sinal. Agora temos o tracklog. De "proibida", é só para pessoas sem noção e despreparadas.

...mas valeu cada metro percorrido nesta trilha! Valeu galera, que venham outras!
Equipos que levei:

Mochila Alpina 43l trilhas e rumos
Saco de dormir Micron Lite (passei um pouco de frio)
Segunda pele quechua
Botas titã Nômade
Banqueta guepardo
Parka trilhas e rumos
Head lamp guepardo
Fogareiro nomad da Nautika
Barraca Falcon 2
Isolante inflável Therm a Rest
Facão 18 polegadas (só foi preciso da trilha do acampamento pós túnel 25)
Bastão ultralight Quechua
Calça climatic trilhas e rumos
3 pares de meia
3 camisetas
2 bermudas térmicas
Conjunto panelas backpacker
Câmera canon sx 120 (fotos borradas porcausa do vapor dentro da parka)
GPS hcx Etrex
2kg feijão/fubá para entregar aos índios
+ou- 3kg de mantimentos

Um comentário:

Paulo Kruger disse...

Olá, obrigado por compartilhar.
Onde consigo o relato do Beck e Jorge como voce descreveu?
Procuro na internet e não encontro. Obrigado