Amanheceu, e a avenida em frente á pousada estava vazia, silenciosa. Estranho. Acordamos tarde, e por isso tivemos que ir procurar uma padaria, e achamos uma bem simples, só pra tomar um café e um pão de seda, típico de Alagoas. Fomos para a praia, e nos deparamos com uma multidão nas areias. Plena terça-feira, lotado daquele jeito?Ficamos sabendo depois que era feriado na cidade.A situação em Maceió, na minha modesta visão, é a seguinte: a cidade é dividida entre os pobres e uma elite que adora ostentar. Hoje deu pra ver isso direitinho: na praia lotada, a invasão da favela, turmas de pingaiada e afins; no calçadão e na avenida, gente desfilando roupas de marca, relojões e carros zero. Em nenhum dos dois lados eu me senti á vontade. Antipatia geral.Ficamos procurando uma “vaga” na areia, e acabamos encontrando. Aluguel das cadeiras e do guarda-sol, R$3. Isso aliás é a tônica do litoral alagoano: quando veêm que você é de fora, logo te pedem 10, 20, 50 centavos, ou estipulam logo um preço alto, tipo 10 reais. Surreal...Turismo predatório, onde a presa é o visitante!Ficamos na areia, cercados de gente. Foi até engraçado. Digno de nota mesmo fica por conta do mar: verde, calmo, uma verdadeira piscina. Fascinante.A bebedeira na areia corria solta, era questão de tempo até aquilo dar numa merda...meu instinto falou mais alto, e resolvemos sair da areia, caminhar. Sentamos num quiosque, pedi um suco. Iara voltou para a pousada. Eu fiquei mais um pouco, a tempo de ser abordado por um bêbado me pedindo dinheiro, e ver também um grupo de jovens, também bêbados, iniciar uma confusão. Quando eu ouvi “Ele tá armado!”, foi a deixa para eu sair dali imediatamente. Voltei para a pousada. Eu, que sou “da rua”, me senti inseguro naquela muvuca. Do quarto onde estávamos eu avistava um ponto de ônibus do outro lado da avenida. Determinada hora, aquele povo todo que estava na praia se dirigiu para os pontos, a espera da condução para casa. O espetáculo eu deixo para a imaginação do meu caro leitor.Caiu a noite, e nós precisávamos comprar algumas coisas no mercado. Uma caixa de mercado mal humorada me fez sentir raiva da “hospitalidade alagoana” escrita em alguma placa na estrada...e essa raiva só piorou na hora de comer alguma coisa numa esfiharia, e constatar que o alagoano médio de Maceió gosta mesmo é de botar uma banca, ostentando carro zero e roupinha de marca. Triste.Conversei com Iara, que concordou de imediato: amanhã vamos embora. Maceió decepcionou, não pelas praias, mas pela gente que vive nela.
Dica: Nunca, mas nunca mesmo, vá a Maceió num dia de feriado!
Dica: Nunca, mas nunca mesmo, vá a Maceió num dia de feriado!
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