São Paulo – Rio das Ostras (2/9)
Eu e Iara levantamos por volta das 4h30 da manhã, depois de
uma véspera bem agitada preparando a viagem. Saímos exatamente ás 5h20, dia
escuro ainda, em direção a rodovia Presidente Dutra, a BR 116. O ânimo não
podia estar melhor.
Seguimos bem, num ritmo bom,
sem forçar. A estrada está muito boa, e vale cada centavo que se paga nos cinco
pedágios pelos quais passamos. Fizemos algumas paradas para café e esticar um
pouco as canelas em Roseira (SP), Piraí (RJ) e Itaboraí (RJ). O calor estava
forte, e eu me senti desgastado por isso. Iara ia tocando o carro, enquanto eu
“navegava” com o mapa. Foi uma parceria harmoniosa nesse primeiro dia.
Momentos tensos: a passagem
pelo Rio de Janeiro e o medo de alguma bala perdida na favela da Maré, e a
estrada BR 101 na região de Casemiro de Abreu (RJ), onde os
motoristas dos carros e caminhões são todos malucos!
No Rio, o meu medo era o de
não encontrar o caminho certo para Niterói (RJ), e esse medo era encorpado pela
insegurança de saber sobre a situação de violência da cidade. Isso para mim era
um ameaça muito maior do que o de perder o caminho; quando cruzamos a ponte
Rio-Niterói, relaxei. Ah, para cruzar a ponte, tem mais um pedágio.
A situação em Casimiro de
Abreu (RJ) é muito estranha: a estrada, apesar de mão dupla, é muito boa. A
insegurança vem mesmo dos motoristas fluminenses, que dirigem ali
alucinadamente, como se estivessem participando de um racha, ou fugindo de
alguém. Presenciamos diversos quase-acidentes por causa disso. Felizmente, só
ficou no quase mesmo.
Finalmente chegamos em Rio
das Ostras (RJ). A cidade é muito simpática, ajeitadinha. Fomos procurar pela Pousada
da Lenna (R. São José, 49 tel. 22 2764 2681), na praia do Cemitério.
Perguntamos inicialmente para dois guardas municipais, zé ruelas que não sabiam
de nada e nem tinham muita disposição em ajudar. Ligamos para a pousada, e com
um pouquinho de paciência, encontramos. A dona é muito simpática, paulista de
Guarulhos. Um bom quarto por R$ 60, preço honesto. Tomamos um banho e fomos em
busca do nosso tesouro: comida! Estávamos famintos. Mandamos ver um delicioso
filé de dourado, precedido de iscas de peixe. Comemos muito, e depois
caminhamos bastante pela cidade. Voltamos para a pousada, pois merecíamos um
descanso depois de 8 horas de estrada dura. Á noite eu fui dar uma volta,
sentir a brisa do mar. Amanhã continuamos por aqui, vamos conhecer a praia
mais famosa da região, chamada Costa Azul.
Dica: Dirigir numa estrada que você não conhece direito é osso! Vá sempre devagar, e só ultrapasse com segurança. Nessa BR 101, aquele lance de “dirigir para você e para os outros” é absolutamente verdadeiro. Olho vivo.
Primeira parada da trip, na cidade de Roseira (SP) |
Chegada em Rio das Ostras (RJ) |
Cair da tarde em Rio das Ostras (RJ) |
Acordamos cedo. Quer dizer, cedo pra quem está de férias:
8h20 e nós de pé, já nos ajeitando para descermos e tomarmos o café da manhã,
que aliás foi muito bom.
Tiramos algumas infos com a
Lenna sobre como chegar até a praia Costa Azul, a mais conhecida aqui, e ela
nos indicou uma maneira alternativa para chegarmos lá: pelos costões rochosos!
Eu adorei a ideia. Então seguimos, eu de olho na Iara, que não é muito chegada
em aventura...aproveitamos a maré baixa e cruzamos a foz do rio das Ostras a
pé, até encontrarmos a trilha do outro lado, já nos costões. Começamos a subir
o morro, e logo se abriu um visual impressionante do mar, seguindo a trilha, lá
embaixo, a Praia da Joana.
Na Praia da Joana a coisa é
mais ou menos assim: praia de tombo, uma ilhota bem em frente, um único
quiosque para suprir de água e cerveja os mais sedentos, pouca gente na areia.
E as visitantes mais ilustres nadando assim pertinho da gente: as tartarugas.
Ficamos um bom tempo ali, tomando sol, cerveja e um banho de mar, contemplando
aquela paisagem.
A galera aqui é simpática, a
cidade tem vocação turística, e por isso mesmo duas práticas sempre duelando:
os caras querendo meter a faca em você nos preços, e você pechinchando até não
poder mais! Saímos da Praia da Joana, e seguimos pelos costões rochosos para a
próxima praia, chamada Verde: mar bravo, areia grossa; milhares de conchinhas
espalhadas, e ainda vimos um pinguim. Seguimos.
Saímos dos costões, os pés
estavam castigados. Preferimos seguir pela bonita rua que margeia a praia da
Costa Azul. Mais alguns metros, e uma entrada de madeira junto a uma placa onde
se lia “Patrimônio Natural dos Costões Rochosos”. Decidimos entrar, e foi a
melhor escolha: demos de cara com belas formações de pedra, e um mirante
espetacular.
Impressionante como essa
cidade é bem cuidada, limpa e hospitaleira. Descemos do mirante e demos de cara
com uma praça bem projetada, chamada Praça da Baleia. Adivinha porque? É que
tem uma escultura, em tamanho natural, de uma baleia jubarte, e um mergulhador
segurando a nadadeira dela. Bem original.
Ficamos por ali, em algum
daqueles quiosques...a fome ia batendo, e foi nessa que descobrimos a primeira
barbada da trip: um restaurante que serve prato+salada+bebida+sobremesa por
R$15! E é barbada porque o prato servido é enorme, o individual serve duas pessoas
na boa; como a gente tava com uma fome legal, cada um comeu o seu...(rsrs)
Desfeitos do tormento da fome,
nos jogamos na areia, e dormimos um bom tempo. Foi bom, gostoso e necessário.
Quando o vento começou a vencer o Sol, levantamos e fomos embora, dessa vez
seguindo o curso do rio de volta á praia do Cemitério.
Depois de um banho, eu fui ao
mercado comprar algumas frutas, para comer no caminho. Amanhã, vamos até
Marataízes (ES).
E meu dente tá doendo.
Dica: O nome do restaurante na praia da Costa Azul, aquele da comida farta por 15 mangos, é Ponto Tropical (Av. Atlântica, praia da Costa Azul). Mas fica esperto, ali tem vários restaurantes nesse estilo, “coma bastante e pague pouco”, vale pesquisar. Só não coma nos quiosques, que são bem carinhos.
Costa Azul, em Rio das Ostras (RJ) |
Iara na Praça da Baleia |
O rio que dá nome à cidade: Rio das Ostras |
Rio das Ostras – Marataízes (4/9)
Acordamos cedo, mais uma vez, hoje por necessidade de
estrada: até Marataízes (ES) são, teoricamente, 4 horas e meia de viagem.
Tomamos café mais uma vez bem,
pagamos os R$60 da diária, e seguimos. A missão agora era outra, encontrar um
posto com boa relação custo x benefício para encher o tanque. Imaginei que
Macaé (RJ) fosse a melhor opção, já que lá está sediada uma enorme refinaria da
Petrobrás, mas me enganei redondamente...Macaé sofre do mal de toda cidade que
vive de royalties do petróleo: grana sobrando, cidade mal cuidada. A ganância
política faz estragos grandes aqui. Não no centro da cidade, que é vivo e
interessante, mas no seu entorno, na perifa. Fora que o custo de vida lá é
muito alto. Eu e Iara rodamos a cidade inteira atrás de um posto onde a
gasolina fosse menos de R$2,76, mas não encontramos, um absurdo! Ironia da
vida, cidade onde a Petrobrás tem sede, a gasolina é um assalto.
Abastecemos e seguimos. Uma
placa me chamou a atenção: “Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba”. Pedi a
Iara que entrasse. A estrada que dá acesso ao parque é de terra, e é acesso
também para um bairro, na divisa com o parque nacional. A guarita na entrada está
destruída, entra quem quer. Eu quis, e seguimos até onde deu, uma lagoa cor
negra chamada Jurubatiba. Linda. Depois das dunas, o mar. Lindo também. Fiquei
decepcionado é com o estado do parque, largado, abandonado. Ainda volto pra
caminhar ali. Tocamos de volta á estrada.
Estrada adentro, a mesma cena
na BR 101: gente louca querendo ultrapassar a qualquer custo. Para quê?
O sol rachando mamona, e já
dentro dos limites do município de Campos (RJ), resolvemos fazer uma
parada. São 13h, e o sol arde como numa fornalha. A BR 101 está muito bem
conservada, talvez o único problema seja mesmo o fato de ser mão dupla; o calor
que enfrentamos hoje foi o grande adversário, fiquei desgastado ao volante,
Iara já vinha tocando no trecho anterior, e não havia outra coisa a fazer senão
encarar a estrada embaixo daquele Sol...
Fizemos diversas paradas, uma
que vale destaque: um lugar chamado Natureza´s, à beira da BR 101 em Mimoso
do Sul (ES). Sucos, pães artesanais, tudo muito natural. Foi bom parar ali.
Adiante 60 km, e chegamos em Marataízes (ES).
Marataízes é uma cidade
estranha, de cara bastante feia. As praias tem uma estreita faixa de areia,
quando tem areia. Ficamos hospedados numa pousada chamada Vista
Oceânica (Av. Beira Mar, 702 tel: 28 3532 4268), simples mas muito
boa. Preço honesto de R$60. Fomos recepcionados pela Dna. Elma, muito
simpática. Mas o centro não tem nenhuma atração, tirando a Igreja de Nsa. Sra.
da Penha, bonita. Comemos numa padoca e nos rendemos ao cansaço e à falta de
opções na cidade.
Igreja Nsa. Sra. da Penha, em Marataízes (ES) |
A praia de Marataízes: feia e sem nenhum atrativo |
Lagoa Jurubatiba, dentro do Parque Nacional da Restinga da Jurubatiba |
Marataízes – Conceição da Barra (5/9)
8h da manhã, e já levantamos.
Marataízes não agradou mesmo. Tomamos café, pagamos a simpática dona da
pousada, e seguimos.
Decidimos sair um pouco da BR
101: é muito motorista imprudente, e o estresse que causa ao volante, eu tô
fora...estudando o mapa, decidimos seguir pela ES 060, chamada Rodovia do
Sol, uma estrada duplicada que segue pela costa. Tem pedágio, mas também muito
mais segurança e tranquilidade.
Além de boa, a estrada passa
por um litoral belíssimo: Iriri (ES), Anchieta (ES), Meaípe (ES).
Em Anchieta, na foz do rio Benevente, a paisagem é muito bonita, com
barcos, garças...a cidade é histórica, ali o padre José de Anchieta escreveu os
seus famosos versos. Seguindo, passamos pelo porto de Meaípe, numa vista
panorâmica estupenda.
Rodovia do Sol adentro,
pedágio pago, chegamos em Vila Velha (ES), cidade-irmã de Vitória
(ES). Em Vila Velha se pode ver o convento de Nsa. Sra. da Penha, de 1558, no
alto de um morro belíssimo; a monumental engenharia da 3ª Ponte, depois
Vitória...sempre que venho aqui, me impressiono com a paisagem.
Resolvemos abastecer em
Vitória. Com o preço na estrada alto, e aqui mais barato (pagamos R$2,59),
decidimos completar o tanque e evitar gastarmos demasiadamente. Em Nova
Almeida (ES), escolhemos parar em um restaurante chamado Ninho da Roxinha,
com uma vista linda da enseada, e preços um pouco proibitivos...acabamos
encontrando uma moqueca muito boa por um preço honesto.
Na volta á estrada, seguimos
margeando a costa: Santa Cruz, Coqueiral, localidades que vão ficando para trás
a medida que avançamos. Em determinado momento, a estrada se vira para o
interior, e entramos nos domínios da Aracruz S.A., empresa de celulose
gigantesca, que “criou” uma cidade com o mesmo nome. Enormes áreas de terras
cobertas por eucaliptos, e seguindo em frente, a fábrica: o que se vê não
agrada, e o cheiro é de produtos químicos. Terrível.
Ao final dessa estrada, que
passa a se designar como ES 010, caímos na BR 101 novamente. O
mesmo tráfego de sempre. Cruzamos o rio Doce na região de Linhares
(ES), e rasgamos a 101 em direção á São Mateus (ES), onde
chegamos ás 17h30, já quase escuro. Decidimos então seguir até Conceição
da Barra (ES), que era o nosso destino mesmo.
Lá chegamos ás 18h20, onde
paramos no centro. Abri uma cerveja e logo estávamos papeando com um mineiro
chamado Josué, contador de causos. Duas brejas, e seguimos atrás de um lugar
para dormir. Acabamos ficando na Pousada do Sol (Av. Atlântica, 226),
muito boa, na praia de Guaxindiba.Vale lembrar que no primeiro quarto que
pegamos, tinha uma barata enorme, que obrigou o dono da pousada nos dar um
quarto muito melhor pelo mesmo preço (R$50). Valeu, dona barata!
Pra fechar a noite, fomos a um
bar chamado Um Butikin e um Violão tomar umas e comer alguma coisa.
Tava animado e agitado. Nessa noite tivemos nossa primeira discussão na viagem.
Dica: Antes de Conceição da Barra, existe uma cidade chamada São Mateus, maior e mais estruturada que Conceição. Mas a hospedagem em Conceição era mais barata que em São Mateus. Por isso, prefira ficar mesmo em Conceição da Barra, que é o lugar mais próximo a Itaúnas (ES). Eu fui na baixa temporada, mas na alta as vagas ficam escassas, e os preços disparam.
A belíssima cidade de Anchieta (ES) |
Iriri (ES), outro achado no caminho |
Vista do alto de um morro em Nova Almeida (ES), onde fica o restaurante Ninho da Roxinha |
Um dos melhores restaurantes da viagem: Ninho da Roxinha, em Nova Almeida (ES) |
Conceição da Barra – 2º dia (6/9)
8h em pé, tomando o café da
manhã: esse ânimo todo era resultado do céu azulzinho e do Sol que já iluminava
Guaxindiba. A Pousada do Sol fica bem em frente á praia, coisa de 10m
caminhando...era aqui mesmo que a gente ia ficar hoje.
Iara logo se jogou na areia,
eu botei minha mochila nas costas e saí caminhando. Segui pela faixa de areia,
observando famílias que brincavam, crianças, cães...todo mundo tem cachorro
aqui, e metade leva eles para dar um rolê na areia da praia.
A orla de Conceição, em boa
parte, apresenta molhes de pedras bem grandes, claramente usadas ali como
“escudos” contra as ondas. Caminhando pude ver que várias casas a beira mar já
foram destruídas pela força das ondas, que aqui quebram forte mesmo. Cheguei
até onde pude, a Praia da Bugia, onde se encontra um farol de 1914.
Interessante.
Voltei pela praia, o mesmo
cenário de antes. Um dos inúmeros cachorros na praia correu atrás de mim, filho
da puta...
Guaxindiba é uma praia
estranha, amarronzada pela areia em suspensão. O vento nordeste batendo forte sempre;
a ondulação é razoável, o Guia Quatro Rodas diz que a praia é boa pro surfe,
mas não vi nenhum surfista aqui.
Fiquei um pouco na areia,
depois banho de mar. Sol a pino, resolvemos ir pra piscina da pousada. Lá
ficamos, tomando umas e outras, e papeando com um casal capixaba, bom papo.
Fiquei breaco e subi para um banho, mas nem tive forças: dormi depois da
chuveirada. Iara também. Acordamos com uma fome monstro!
Matamos a danada com um
suculento bife á cavalo, dois bifões com ovos fritos, show de bola. O resto da
noite foi so preguiça, tv, uma voltinha na cidade...amanhã, Itaúnas (ES).
Dicas: O restaurante Terra e Mar serve umas refeições muito boas a um preço bacana. Se quiser um PF esperto, o melhor mesmo é o Um Butikin, onde sempre rola uma música ao vivo e um breja gelada no ponto.
Entrada do Parque Estadual de Itaúnas (ES) |
As dunas de Itaúnas e a praia ao fundo |
Essa pousada foi um verdadeiro achado: barata, muito boa e confortável. Pousada do Sol! |
Um antigo farol, ainda em uso, em Itaúnas |
Conceição da Barra – 3º dia (7/9)
Viva, Dia da Independência!
Sem festejos, sem fogos, sem nada. Só me lembrei porque a Globo deu um flash de
uma parada militar no Rio.
Tomamos café, e seguimos para
Itaúnas, a famosa localidade a 25 km de Conceição. Pegamos a estrada, e cinco
km depois, entramos na estrada de terra que nos leva até a vila. Itaúnas é uma
vila que fica ao lado do P.E. Itaúnas, que na real é o lugar que todo
mundo quer visitar. É uma vila muito estruturada, com pousadas, bares,
serviços...logo se percebe que no verão o lugar bomba.
Da vila se cruza o Rio
Itaúnas, e logo avistamos as dunas que caracterizam o parque: brancas, areia
fina, e o mar ao fundo. Puta cenário. Caminhamos em direção a praia, e eu
escolhi uma das “barracas” para usar como base, já que eu não tava afim de sol
hoje. Escolhi a Barraca da Tartaruga, e logo negociei com o dono um guarda-sol,
claro, em troca de três cervejas em lata...coisas do comércio turístico.
Iara na areia, tratei de
curtir. Entrava no mar, voltava...foi quando reconheci um cara: Davide, um
italiano que eu tinha conhecido em Cumbica! Esse mundo é pequeno demais.
Lá pelas 14h30, bateu a
vontade de ir embora. Valeu, Itaúnas, qualquer dia eu volto.
Voltamos para a pousada,
tomamos um banho e fui dar uma dormidinha: eu estava bem cansado, nadei muito
contra a forte correnteza e queria descansar. Iara idem. E assim foi.
Acordamos, eu fui rever os
planos de viagem, ficamos na pousada até umas 21h, então saímos para jantar: um
big filé de frango com arroz à grega no restaurante Terra e Mar, show de
bola, serviu nós dois muito bem por R$25.
Amanhã, seguimos viagem para
Bahia.
Dicas: Itaúnas! Esse é um lugar que todo viajante tem que conhecer. Dunas branquinhas, uma praia legal, gente bonita...o problema lá é que você vai ser sempre um turista, e os locais vão querer te arrancar uma grana a qualquer custo...a ideia mesmo é ficar em Conceição da Barra, fazer a base lá. E não se esqueça de tomar um banho de rio, é bom demais.
Patrimônio cultural, e muito simpática! |
Muitas dunas em Itaúnas! |
Olhando da praia para as dunas |
Conceição da Barra – Prado (8/9)
De pé desde as 7h, e saindo da pousada ás 8h30: fizemos como
havíamos combinado na noite anterior. Realmente a pousada da Dona Maria foi um
achado. Pagamos, nos despedimos e seguimos viagem.
A BR 101 depois da
divisa ES/BA fica horrível, no que toca ao estado do asfalto:
buracos, falta de acostamento, uma paisagem feia de morros vermelhos
pelados...estranho.
Na região de Mucuri (BA),
paramos para abastecer num posto BR e aproveitar o preço da gasolina:
R$2,67. Parece ser a média por aqui, apesar de eu ter visto um posto por
R$2,59. Mas é impossível saber a qualidade. Na dúvida, só posto BR.
Na altura de Teixeira de
Freitas (BA), saímos da BR 101 e pegamos a BA 290 em direção
a Alcobaça (BA). São cerca de 60 km até lá, e então você decide: á
direita, Caravelas (BA), à esquerda, Prado (BA). Pegamos à esquerda,
para o Prado. 20 km a frente, cruzamos o rio Jurucuçu, e chegamos na
cidade do Prado.
Eu tinha três endereços, todos
de camping. Sinceramente, pelo preço cobrado não valia a pena, ainda mais se
tratando de baixa temporada. Começamos a caçar pousada: todas caras, R$60,
R$70...rodamos até achar uma pousada chamada Casa Branca (R. Clarício
Cardoso, 40 tel.: 73 3298 1399), ao lado da rodoviária. Preço: R$45. Foi nessa
mesmo.
Almoçamos um PF por 7 reais.
A curiosidade é que o PF é você mesmo quem faz, desde que coloque só dois tipos
de carnes (!). Foi bom demais, o restaurante se chama Ciclone.
Já eram 14h30, e resolvemos visitar
a praia do Centro. Poucas barracas abertas, a baixa temporada aqui obriga
quase todos a baixarem as portas. Ficamos numa barraca chamada Gil Mineiro,
pessoal do bem. A praia dispensa comentários, é belíssima. Tentei caminhar um
pouco, até a foz do rio Jucuruçu, mas a maré começou a subir, e eu
desisti, ficou tarde.
Saímos da praia e fomos andar
pela cidade: Matriz, Beco das Garrafas, Praça Redonda...essa
parte é aquela que ferve com turistada no verão. É bem ajeitadinha. Passamos no
mercado, compramos algumas coisas para abastecer o frigobar, e voltamos para a
pousada.
A noite caiu, e voltamos para
o Beco das Garrafas, na esperança de encontrar alguma coisa aberta: nada.
Voltamos nossa atenção então para a Praça de Alimentação. Não, não é
nenhum shopping no Prado, é um monte de barracas numa praça, que vendem lanches
e refeições. Tudo bem arrumado. Achamos uma barraca que vendia açaí, e foi lá
mesmo que matamos uma tigela de 400 ml com banana e granola.
Satisfeitos, voltamos para a
pousada. Amanhã, Alcobaça e Caravelas.
Dicas: Prado é uma cidade pequena, mas muito legal. E a galera lá é muito simpática. Na praia do Centro, tem várias barracas bem estruturadas, e todo mundo te trata na boa, sem te tirar de “turista”. No Beco das Garrafas, os restaurantes são bons, mas um pouco mais caros também, mas nada absurdo. Caso você queira ficar na Pousada Casa Branca, não deixe de bater um papo com o proprietário, seu Tito: o cara é gente boa, e tem várias histórias, algumas de arrepiar...
Prado (BA), uma cidadezinha realmente espetacular |
Local onde os bares e restaurantes se concentram, em Prado |
Admirando o mar |
Prado – 2º dia (9/9)
Não dormi muito bem, talvez
por causa do colchão, não sei.
8h30 estávamos de pé, na mesa
do café: sucos, pães, frutas e a companhia do seu Tito, dono da pousada. Ele faz um
misto de filosofia com reclamação, solta umas pérolas, e logo em seguida uma
reclamação. É engraçado.
Seguimos para Alcobaça, e
rolou uma decepção grande, a cidade não agradou. Tem um farol lá de mais ou
menos 80 anos, bem legal; de resto, mais do mesmo, e gente pedindo dinheiro.
Chato. Seguimos para Caravelas.
Na entrada de Caravelas, uma
escultura que faz alusão às caravelas portuguesas que ali chegaram um dia. De
cara eu gostei de lá. Fomos até o centro histórico, muito bonito, com a matriz
e o casario, e ao fundo, o rio Caravelas, bonito, largo, e do outro
lado, o mangue intacto. Puta cenário!
Na cidade mesmo não tem praia,
então seguimos em frente, buscando o mar: nos dirigimos para a praia de Iemanjá.
Só que para chegar lá, 11 km de estradinha de terra, uma das mais isoladas que
eu já percorri, além de irregular e com bolsões de areia, um risco de ficar
atolado. Depois de andar bastante (e devagar), chegamos em Iemanjá:
bonita, enorme, um mar gigante, e nenhuma alma viva!!Ficamos ali vinte minutos,
começou a me bater uma tristeza, solidão...próxima praia: Ponta da Baleia.
Seguimos até onde deu, mas a areia fofa nos impediu, e atolamos. Baita sufoco,
areia fofa + calor + isolamento...De repente, pintou um jipe amarelo na estradinha,
e o cara ao volante desceu pra me ajudar a empurrar e desatolar o Corsa.
Desistimos da Ponta da Baleia e tocamos para Caravelas de novo. Só
que a vida reserva surpresas, e a boa desse dia foi a praia de Grauçá: vila
de pescadores, boca do rio Caravelas, jeitosa e com um bar/restaurante
providencial. Acabamos almoçando ali mesmo, no restaurante Tio Berlindo,
atendimento atencioso. E o PF? Por R$8, um prato monstro com três pescadas
brancas enormes, arroz, feijão, salada e farofa! Voltamos para o Prado,
direto para a praia do Centro. Ficamos ali até o sol se pôr. Voltei para a
pousada, Iara foi comprar algumas coisas. Nesse meio tempo, fiquei conversando
com o seu Tito. Foi um papo interessante, onde ele me contou dos seus tempos na
terraplanagem de estradas, incluindo a própria BR 101. Histórias macabras,
como a do soterramento de 35 operários da divisa do Maranhão, onde o
engenheiro-chefe ordenou que se jogasse mais terra por cima, afim de “apagar”
as evidências...enfim, histórias da década de 70.
Á noite, de novo na Praça
de Alimentação, um açaizinho para rebater, e minha noite em Prado chegou ao
fim. Essa é uma cidade que me marcou bastante. Volto aqui um dia. Amanhã, Ilhéus
(BA).
Dicas: Várias...primeiro,
Alcobaça é mesmo estranha, mesmo que você goste dos prédios históricos (e tem
vários), vai se encher com a molecada, a mulherada e os velhinhos pedindo
dinheiro. Fuja! Caravelas, ao contrário, encanta de cara. Quer ver baleias
jubarte?Lá é o lugar. Quer ver mangue intacto? Caravelas...as praias de
Caravelas ficam bem distante, e o acesso é bem difícil em alguns momentos.
Grauçá é o meio termo, Ponta da Baleia o extremo. Se quiser ir lá, se prepare,
e vá com um carro alto. O melhor PF da minha vida foi lá em Grauçá.
Os casarios de Caravelas (BA) são sensacionais e muito bem conservados |
O largo Rio Caravelas |
Mais um exemplo de casario excepcional |
Praia de Iemanjá |
Prado –Valença (10/9)
Hoje nós só ficamos na estrada, praticamente.
Saímos do Prado ás 8h20,
depois do café. Nos despedimos do seu Tito e seguimos rumo a BR 101. Eu
comecei tocando até a 101, tudo tranquilo pela BA 489. A paisagem é
de campos, e passamos nos fundos do Parque Nacional do Descobrimento, mas
dessa vez não pude entrar, infelizmente.
Entramos na BR 101 na
cidade de Itamaraju (BA), um lixo de cidade que não tem uma placa sequer,
o que me levou a cometer um engano de navegação: peguei a BR 101 no
sentido sul, em direção ao ES. Andamos quase 30 km até eu notar o erro, meia-volta, e acelerei para compensar o vacilo.
O trecho entre Itamaraju e Eunápolis
(BA) é muito pesado, no que tange ao tráfego: caminhões, treminhões
levando cana, carros...fora que o asfalto está em péssimo estado. Foi bem
cansativo dirigir nessas condições.
Quando chegamos em Eunápolis,
resolvemos abastecer e descansar um pouco. Gasolina cara, R$2,84, mas era
necessário. Aproveitamos e fizemos um lanche. A partir dali, Iara assumiu o
volante. Coincidentemente, dali para frente o asfalto melhorou muito, assim como
o tráfego deu uma diminuída grande.
Passando Eunápolis, entramos
na região de produção cacaueira, que vai até depois de Itabuna (BA).
Cruzamos o rio Jequitinhonha, e também diversas fazendas antigas de cacau.
Na altura de Travessão,
distrito de Camamu (BA), saímos da BR 101 á direita, em direção
a Camamu e Valença (BA). A estrada é sinuosa, mas a paisagem vale muito a
pena, mata atlântica exuberante: estamos na península do Maraú. No caminho
até Valença, várias cidadezinhas: Ituberá, Taperoá, Nilo Peçanha...a noite já
ameaçava cair, e a gente rodando, nada de Valença. O cansaço pegou a gente.
Chegamos á Valença,
finalmente. Logo fomos procurar hospedagem. Nos dois primeiros, tudo lotado.
Conseguimos um quarto por R$100 no hotel Onda Azul, caro demais para o
nosso padrão estipulado, mas a única opção. O desespero é o pai das
imprudências, e o cansaço não deixou a gente pensar muito.
Banho, roupa limpa, faltava
arranjar um restaurante. Fomos ao Mega Chic, um self-service bacaninha.
Satisfeitos, saímos pela cidade. A cidade é cortada pelo rio Acaraí, de onde
saem barcos para Morro de São Paulo (BA) e a Ilha de Boipeva. Gostei
do clima daqui, tem uma energia legal. Prédios antigos, alguns decadentes,
outros lindos. Os barcos ancorados no rio dão um toque de charme ao local.
No meio do rolê, começou a
chuviscar. Foi a senha para nós voltarmos ao hotel. Amanhã vamos cruzar a Baía
de Todos os Santos de balsa, a partir de Itaparica (BA), como havia me
sugerido numa conversa o seu Tito, lá do Prado.
Dicas: Essa é uma região que vale gastar um tempo maior para conhecer. Morro de São Paulo, Cairú, Boipeva...uma pena que só passei uma noite lá, a cidade é bem legal.
Nas terras baianas, da BR 101 é possível ver algumas belas formações. Esta fica no Parque Nacional Pau Brasil |
Rio Jequitinhonha, que vem lá de Minas Gerais e desagua no litoral baiano |
Cidade de Valença, muito bonita e interessante! |
Pracinha de Valença. Gostei da cidade! |
Valença – Sítio do Conde (11/9)
Hoje foi mais um dia em que
passamos uma boa parte do tempo na estrada. Mas ao contrário de ontem, hoje foi
bem menos cansativo, e mais produtivo.
Saímos de Valença por volta
das 9h. Posso dizer que o hotel Onda Azul é muito bom, apesar do preço ter
saído bastante da média por nós estipulada. Seguimos em frente, depois de
termos parado num quiosque de infos turísticas, para pegarmos um mapa. Ali
fiquei sabendo que até Bom Despacho (o local de onde os ferry boats partem para
Salvador) levaria uma hora e meia; também ficamos sabendo do horário de partida
do próximo ferry: 11h15.
O asfalto da BA 001 até
a ilha de Itaparica é um pouco ruim, com bastante buracos. Mas por volta das
10h20, chegamos ao porto de Bom Despacho. Pagamos os R$27,60 do carro, mais
R$3,35 de um passageiro. Total: R$30,95. Numa travessia estimada em 50 minutos.
Ficamos na fila, esperando, e a Iara resolveu ir ao banheiro. Nesse exato
momento, a fila começou a andar, os carros sendo guardados no
ferry...estacionei dentro do ferry e saí correndo pra buscar Iara,
gritando...foi hilário.
A travessia é feita com muita
tranquilidade. O ferry é equipado com duas TV´s, onde o povo que não quer ver a Baía
de Todos os Santos fica lá, vendo desenho animado na Globo...eu creio que
se estivesse um dia de Sol mais radiante, a visão teria sido muito melhor do
que já foi, mas mesmo assim foi fantástico. O skyline de Salvador, já de longe,
nos permite ver vários prédios antigos inúmeras igrejas (dizem que aqui tem uma
para cada dia do ano). É definitivamente muito bonito.
Descemos do ferry, e decidimos
visitar o Mercado Modelo. Encontrá-lo levou quase uma hora, ninguém sabia
explicar direito, e quando a gente encontrou, achar uma vaga que não tivesse um
flanelinha foi duro. O diálogo a seguir se deu com um frentista de um posto BR,
ao lado do Mercado Modelo:
- Oi, bom dia! Você sabe onde
a gente pode encontrar uma vaga para estacionar?
- Olhe, vaga não tem, mas se
você me der um agradinho ($$), eu arrumo uma vaga agora!
Dito e feito, arrumamos uma
vaga por um agrado de R$2,50. Saiu barato...em Salvador, as coisas funcionam
bem quando rola um “agrado”.
Visitamos a Igreja de Nsa.
Sra. Conceição, belíssima, mas um pouco mal cuidada. Seguimos então para o
Mercado Modelo. O local é um mercado municipal que vende artesanato e
comidinhas, muito frequentado por turistas e baianos em geral. O clima é um
misto de barganha, malandragem, diversão e prazer. A arquitetura é muito
bonita, e a todo momento somos abordados por algum vendedor, te oferecendo
qualquer coisa, tipo relógios, colares, etc. Mas é possível fazer bons negócios
lá.
Acabei comendo um peixe-agulha
e tomando um caldinho de sururu; logo depois dividimos uma casquinha de siri,
que aqui se chama siri cascão, que eu fui entender quando o prato pousou no
balcão: era enorme!
Voltamos ao posto, aquele do
agrado. Aproveitamos o preço da gasolina (R$2,65) e completamos o tanque.
Estávamos a caminho da Linha Verde (BA 099). Só para não passar em
branco: Salvador tem uma das orlas mais bonitas que eu já vi.
Seguimos pela Linha Verde, e o
nosso destino era Praia do Forte (BA), mas decidimos ganhar mais kms e
seguir até Conde (BA), ou quem sabe Sítio do Conde (BA). De lá até a
divisa com SE, cerca de 36 km. Bem perto.
Pegamos um pouco de chuva no
caminho, chuva rápida e fina, mas um sinal do que pode vir.
Chegando ao Conde, procuramos
um hotel. Não achamos, só tinha uma pensão da Dona Docinho. Sem condições. O
negócio foi irmos para Sítio do Conde, onde tem mais pousadas e hotéis. Foi aí
que encontramos a Pousada Bem Viver (Av. Beira Mar, 25 tel.: 75 3449
1086), por um bom preço (R$50), e um quarto bem equipado. Ainda tivemos tempo
de ir a um boteco ao lado, tomar umas caipirinhas e comer uma porção de fritas.
Amanhã, Aracaju (SE).
Dicas: Salvador é uma das cidades mais interessantes que eu já passei, e olha que fiquei poucas horas lá. Mas acostume-se, se você não é de lá, é turista, e se torna o “alvo” da vez, todo mundo vai querer tirar um dinheirinho de você . Pegando a Linha Verde, você paga um pedágio de R$4,60, mas a estrada é sempre boa. Ao longo dessa estrada, há várias praias interessantes. Sítio do Conde é bem pequena e tranquila, não espere muita infra, mas vale a pena.
Vista da Baía de Todos os Santos |
Igreja Nossa Senhora da Conceição, cidade baixa, Salvador |
Mercado Modelo, na cidade baixa, Salvador |
Praia de Sítio do Conde |
A simpática Pousada Bem Viver, em Sítio do Conde |
Sítio do Conde – Aracaju (12/9)
De pé às 7h, depois de uma noite bem dormida. Depois do café,
aproveitamos para fazer fotos da praia, que a gente não tinha conseguido ver
ontem á noite. A praia tem uma linha de arrecifes, que não permite que as ondas
quebrem na areia. É bonita, mas talvez um pouco perigosa para banhos.
Nos despedimos de Gil, o
simpático atendente da pousada, e tocamos em direção á BA 099. Antes,
obrigatoriamente, passamos por dentro da cidade do Conde: a cidadezinha é muito
simpática mesmo.
De volta a BA 099, a
famosa Linha Verde. Ela segue assim até a divisa com SE, mas informalmente
vai com outro nome até a cidade de Estância (SE), onde se entronca com a BR
101 de novo. E a BR 101 é aquela loucura de sempre...a grande
sacada foi que ontem adiantamos muito o local de parada, e hoje só nos resta
160 km até Aracaju. Barbada!
No caminho até Aracaju, uma
placa: São Cristóvão (SE). É uma cidade antiga, com vários prédios
centenários. Resolvi visitar. Saímos da BR 101, e andamos 8 km até São
Cristóvão. A chegada na cidade me causou uma certa frustração, afinal o aspecto
não é dos melhores. O casario secular (imagino que seja do séc. XVII) está bem
detonado, e eu imagino que algum tonto que compre um pacote turístico afim de
ver uma atração bacana, se sinta enganado com o que encontra lá. O bom é que em
todo prédio histórico tem uma placa informando que estão em reforma...uma
esperança de dias melhores, pelo menos.
Seguimos para Aracaju por uma
rodovia vicinal, não retornamos pela BR. Pegamos uma estrada chamada João
Bebe Água, horrível. Mas foram só 19 km até Aracaju. Bom, isso foi em tese,
porque acabamos pegando um desvio errado, e fomos em direção ao centro. Levamos
um tempo até chegarmos á praia de Atalaia.
Chegando lá fomos logo buscar
uma hospedagem. Depois de procurar um pouco, achamos uma bem em conta, chamada Relicário (Av.
Santos Dumont, 622 tel.: 79 3243 1584), na avenida da orla mesmo. R$40 por um
quarto com tv a cabo, bacana. Saiu barato.
Fomos dar um rolê. A praia da Atalaia tem
uma faixa enorme de areia, mas muita sujeira; os donos de barraca te tratam
como turista, ou seja, estamos ali para sermos enganados; e o povo ali, pelo
menos naquele pedaço, era esquisito...não foi muito legal.
Resolvemos caminhar pela orla,
aliás muito bonita e equipada. Eu peguei um mapa na CIT (Central de Informação)
de Atalaia, e fomos ver o Oceanário, que é a base do Projeto
Tamar na cidade. Foi muito legal, valeu e muito os R$6 de entrada. Vários
tanques e aquários com exemplares da fauna marinha local e, é claro, as
tartarugas. Show!
Mais á frente, encontramos o Centro
de Arte e Cultura, local onde rola uma feirinha de artesanato. Iara entrou, eu
fui ver o mar.
Voltamos para a pousada,
tomamos um banho e descansamos um pouco. Mas logo nos animamos para andar na Passarela
do Caranguejo, a alameda que reúne os bares e restaurantes na orla de Atalaia:
gente bonita, animação, forró...entramos num restaurante-forró chamado Cariri,
um lugar muito legal, animado, boa comida e atendimento espetacular. Comemos e
bebemos bem, animados ao som de uma banda de forró. Ficamos papeando, mas o
cansaço desses dias de viagem bateu forte, e fomos dormir. Esses dois dias em
Aracaju vieram a calhar, já não aguento mais andar de carro.
Dicas: Aracaju é uma das capitais nordestinas mais baratas que eu já fui. Você se diverte, come e bebe gastando muito pouco. O artesanato é bacana, e a galera muito simpática. A base do Projeto Tamar merece ser visitada, é um espetáculo. Na Passarela do Caranguejo você encontra os bares e restaurantes, mas se você caminhar em direção ao Centro de Arte e Cultura, também consegue encontrar boas opções mais baratas. O restaurante Cariri é um caso a parte, mesmo um pouco caro, vale cada centavo. Pra você ter uma ideia, pra refrescar a clientela, de vez em quando eles borrifam do teto um pouco de água, num sistema bem interessante...Sobre a cidade de São Cristóvão, me disseram que há uma outra cidade com o mesmo tipo de casario, mas muito mais conservado: Laranjeiras (SE). Não visitei, mas fica também a cerca de 20 km de
Aracaju.
Aracaju – 2º dia (13/9)
Dicas: Aracaju é mesmo a capital do caldinho, tem caldinho de tudo: camarão, peixe, sururu, caruru. Aproveite! É baratinho.
Aracaju – Canindé do São Francisco (14/9)
Rio Real: este vai terminar lá em Mangue Seco |
Praça central de São Cristóvão |
Eu e os casarios peculiares de São Cristóvão |
Mais uma de São Cristóvão. A cidade é muito histórica |
Praia de Atalaia, Aracaju. Uma das melhores capitais nordestinas |
Passarela do Caranguejo: local onde se concentram os bares e restaurante na orla de Atalaia |
Hoje é sábado, e a praia promete animação.
Decidimos ficar na praia em frente ao Centro de Arte e Cultura, que tem uma faixa de areia menos larga e mais limpa. Iara se estendeu na areia, preferi ficar na sombra, tomando uma cerveja e alguns caldinhos de camarão e sururu. Essa é uma opção barata e ótima de se alimentar, sem falar que é uma delícia.
O dia passou rápido na praia. Notas rápidas: a fixação da galera local (e no Nordeste em geral) por som alto beira o absurdo. Estamos em época eleitoral, e eu não me lembro de nenhuma cidade que não tivesse carros ou caminhões com equipamento de som monstro fazendo propaganda política. Chega a irritar, imagino como devem ficar os moradores dessas cidades...O mesmo acontece na praia: o cara chega, encosta o carro, abre o porta-malas e bota axé, bombando no volume 100...foda!
Resolvemos comer caranguejo. Puta trabalho que dá, mas vale a pena, é gostoso. Voltamos á praia para finalizar o dia, e decidimos ir para a pousada.
À noite, saímos para comer um prato executivo, e achamos uma boa refeição por R$15. Coisas da baixa temporada. Nota: é sábado, e parece que todos os candidatos resolveram fazer carreata com trio elétrico hoje...mother fuckers!
Bateu o cansaço. Amanhã, Canindé de São Francisco (SE) e os cânions do Velho Chico.
Dicas: Aracaju é mesmo a capital do caldinho, tem caldinho de tudo: camarão, peixe, sururu, caruru. Aproveite! É baratinho.
Curtindo um merecido descanso na praia de Atalaia |
Restaurante Cariri, onde passamos uma noite muito boa ontem |
Pousada Relicário: boa e barata |
Hoje acordei preguiçoso. Com
algum custo, levantei e tomei banho.
Fomos tomar café no mesmo
espírito preguiçoso, quase não querendo ir...mas fomos. Pagamos o hotel,
colocamos as coisas no carro e seguimos em direção a BR 101. A 101 é
aquela coisa de sempre, muito trânsito, asfalto bom. Na entrada para Siriri
(SE), pegamos a SE 206 para Canindé.
Essa estrada tem trechos
razoáveis, mas a maior parte do trajeto é horrível, verdadeiras peneiras,
buracos medonhos, horror, horror...alguns trechos não davam para ir além dos 40
km/h, e isso faz com que os 200 km que separam Aracajú de Canindé sejam
vencidos em no mínimo 3 horas, um absurdo...e não há outro caminho.
Chegamos em Canindé por volta
das 13h30, Sol a pino, sertão brabo. Fomos procurar hospedagem, acabamos
encontrando o Hotel Canindé, na entrada da cidade , ao lado de um posto de
gasolina BR: quarto para casal a R$ 35, num apê muito confortável. Fomos
nos informar sobre as partidas de escuna para os cânions de Xingó. Foi um pouco
complicado achar o famoso restaurante Karranca´s, de onde partem as
escunas e catamarãs para visitar os cânions, mas perguntando para os bombeiros
que ficam ali na margem do rio, ficou fácil. Os bombeiros ficam ali para
garantir a segurança dos banhistas, que utilizam as margens como balneário. As
margens se tornam uma verdadeira farofada, com cinco ou seis carros e seus
inevitáveis porta-malas abertos, som no último, e os pingaiadas se divertindo.
É curioso.
Quando chegamos ao Karranca´s,
faltavam 20 minutos para sair o último catamarã para os cânions. Quase não pude
embarcar por causa da Iara, que alegava não estar de biquini (!!). A questão
foi logo resolvida, e embarcamos: R$40 muito bem investidos.
O passeio começa no
reservatório formado atrás da barragem do Xingó, na divisa SE/AL. É um
lugar belíssimo, a pujança e força desse rio sempre povoou minha
cabeça...finalmente estava ali. O catamarã partiu com 35 pessoas, o que é pouco
mais de 10% da capacidade total. O barco era praticamente nosso! Seguimos
cortando as águas verdes do Velho Chico, a tripulação do catamarã ia
explicando pontos interessantes, a história do rio, curiosidades...por exemplo,
a profundidade ali, média de 150 m; ou que os cânions foram invadidos pelas
águas do lago represado do Velho Chico, não havia água ali antes de 1994. O
serviço é ótimo mesmo.
Fizemos duas paradas: um para
ver a imagem de São Francisco de Assis, que foi colocada numa das paredes
do cânion, e a outra para a galera dar um mergulho no rio, água fresca num
remanso do cânion. Esse é o “filé” do passeio, a hora que todo mundo esperava, inclusive eu!
Nadei muito, a água numa
temperatura boa e com cheiro meio terroso, gostoso, e a cor esverdeada. Ficamos
ali 30 minutos e voltamos para o Karranca´s, alvorada de um lado do rio,
enquanto do outro subia a lua cheia mais linda que eu já vi.
Pegamos o carro, a noite
caindo rápido, voltamos para Canindé no escuro. A fome tava forte, e procuramos
um restaurante para matar a danada. Achamos o restaurante Cangaço, com o
PF básico a R$6. Básico naquele esquema, come o que aguentar...Show de bola.
Voltamos ao hotel para um banho merecido. Eu ainda me animei a ir para o
centrinho de Canindé, enquanto Iara já se preparava para dormir. Dei uma volta,
tomei uma breja, mas o cansaço me pegou. Amanhã saio de Canindé com um
sentimento muito legal de ter realizado um sonho antigo, ver aqueles cânions.
Agora vou em busca da foz do Velho Chico.
Dicas: Quando você chegar até a beira do Velho Chico, faça uma reverência, o rio precisa e merece. Para chegar até o Karranca´s, fica esperto, porque a estrada oficial tá bloqueada, caiu a ponte. Pergunte para alguém de lá, eles te ensinam o novo caminho, que começa um pouco antes da rotatória. Curta o passeio pelos cânions, não entra numas de tomar todas (como a maioria da turistada faz...) e não curtir a energia daquele lugar. É um lugar mítico. Se não quiser gastar uma grana a mais, coma em Canindé, ou em Piranhas (AL), que além de tudo é uma cidade bem interessante: Lampião e seu bando morreram na região.
Meu primeiro encontro com o Rio São Francisco |
Lindo, verde, histórico |
Já a bordo do catamarã, indo ver os cânions do São Francisco |
Belos paredões, e o rio represado para gerar energia na usina de Xingó |
Belíssimos paredões |
Vista da proa do catamarã |
Local de parada para um banho de rio |
Fim do dia, e o sol se pondo... |
Canindé do São Francisco – Maceió (15/9)
Tive uma noite mal dormida no
hotel, por causa de um acontecimento meio insólito: tinha um grilo dentro do
quarto, que ficou “cantando” a noite inteira. Procurei o danado, mas não
encontrei, desconfio que ele estava dentro da porta do banheiro. Foi difícil
conseguir engatar o sono.
Pegamos a estrada depois de
tomar café, por volta das 8h20. Eu não ia colocar o carro na mesma estrada
esburacada da vinda, a SE 206, então fui estudar os mapas. Achei uma rota
alternativa, que sai exatamente um pouco antes de Monte Alegre do Sergipe
(SE), em direção a Porto da Folha (SE). As informações eram que a estrada
estava boa até Gararu (SE), depois dali se tornava uma incógnita...Resolvi
arriscar e a aposta se mostrou certa: até Propriá (SE) a estrada
estava boa, muitíssimo melhor do que a SE 206. Valeu a pena arriscar.
No caminho, situações: mega
feira popular em Porto da Folha (parecia a 25 de Março); parada em Gararu, ás
margens do Velho Chico, e um papo com um paulistano que se mudou pra lá,
pra cuidar do sogro doente; parada rápida em Propriá, e fotos da divisa SE/AL.
O caminho foi tranquilo, e logo cruzamos a ponte para Alagoas.
Voltamos para a BR 101,
agora com uma “novidade” em termos de 101: buracos. Decidimos sair da 101
e pegar a esquerda, visitar Penedo (AL). Foi a segunda boa escolha do dia.
Penedo é uma cidade à
beira-rio, com um cais importante, mas para embarcações pequenas. O casario
desse cais já impressiona: séc. XVI, XVII, XVIII. Coisas mais modernas também,
mescladas. É bonito. Começamos a caminhar, e literalmente cada passo revelava
um cenário mais incrível que o outro! Fotografei muitos prédios, igrejas,
conventos. E é claro, as paisagens da foz do rio São Francisco. Não é a
toa que Penedo é chamada de a “Ouro Preto do Nordeste”, um daqueles títulos
meio bobos de comparação, mas que faz jus à beleza do lugar.
Almoçamos num restaurante
self-service ao lado de uma igreja, PF a R$7, incluindo uma ambrosia
fantástica, que a dona do restaurante chamava de doce de leite. Pra quem não
conhece, é um doce de leite que ao acrescentar suco de limão e batido no
liquidificador, fica talhado.
Enquanto Iara ia resolver uns
problemas de banco, eu fui caminhar. E fotografar. Acabei achando um forte,
chamado da Rocheira, testemunha das invasões holandesas nessas terras.
Hoje em dia tem um restaurante ali, bem agradável.
Por volta das 15h, seguimos
viagem. As infos davam conta de que a estrada litorânea estava esburacada.
Perguntando em um posto de gasolina, a info foi totalmente diferente! E agora,
em quem confiar? Escolhemos pela costa. Foi a terceira boa escolha do dia.
Seguimos pela costa então,
passando por uma interminável sequência de coqueirais, onde quase não se vê o
mar, mas quando se vê, o azul é hipnotizante. Passamos por Coruripe (AL), Barra
de São Miguel (AL) e a Praia do Francês (AL), todos pela AL 101,
até chegarmos a Maceió (AL).
Maceió apresenta uma orla bem
urbanizada, e o que vimos até então (ou seja, a praia de Pajuçara) foi uma
quantidade gritante de hotéis, pousadas e restaurantes. Alguns bem caros. E
pedintes, vários deles.
Saímos à caça de pousada. Foi
meio complicado, mas acabamos encontrando uma com bom custo-benefício: por
R$70, quarto completo, a Pousada Girassol tem um atendimento
simpático. Descansamos um pouco e saímos para jantar. Entramos num rodízio de
pizza, R$10,90 por cabeça, e deu pra comer na boa. Um rolê pela orla, e fomos
para a pousada, dormir.
Dicas: Nunca, mas nunca mesmo, vá a Maceió num dia de feriado!
Rio São Francisco, na cidade de Gararu |
Igreja em Propriá |
Casario em Penedo |
Penedo tem diversos exemplares de casario antigo |
Para todo lado que se olhe, pérolas dos séculos XVI e XVII |
Rio São Francisco, já quase perto da sua foz, em sua passagem por Penedo... |
...e eu às margens do Velho Chico |
Maceió – 2º dia (16/9)
Amanheceu, e a avenida em frente á pousada estava vazia, silenciosa. Estranho. Acordamos tarde, e por isso tivemos que ir procurar uma padaria, e achamos uma bem simples, só pra tomar um café e um pão de seda, típico de Alagoas. Fomos para a praia, e nos deparamos com uma multidão nas areias. Plena terça-feira, lotado daquele jeito? Ficamos sabendo depois que era feriado na cidade.
A situação em Maceió, na minha modesta visão, é a seguinte: a cidade é dividida entre os pobres e uma elite que adora ostentar. Hoje deu pra ver isso direitinho: na praia lotada, a invasão da favela, turmas de pingaiada e afins; no calçadão e na avenida, gente desfilando roupas de marca, relojões e carros zero. Em nenhum dos dois lados eu me senti á vontade. Antipatia geral.
Ficamos procurando uma “vaga” na areia, e acabamos encontrando. Aluguel das cadeiras e do guarda-sol, R$3. Isso aliás é a tônica do litoral alagoano: quando vêem que você é de fora, logo te pedem 10, 20, 50 centavos, ou estipulam logo um preço alto, tipo 10 reais. Surreal...Turismo predatório, onde a presa é o visitante!
Ficamos na areia, cercados de gente. Foi até engraçado. Digno de nota mesmo fica por conta do mar: verde, calmo, uma verdadeira piscina. Fascinante.
A bebedeira na areia corria solta, era questão de tempo até aquilo dar numa merda...meu instinto falou mais alto, e resolvemos sair da areia, caminhar. Sentamos num quiosque, pedi um suco. Iara voltou para a pousada. Eu fiquei mais um pouco, a tempo de ser abordado por um bêbado me pedindo dinheiro, e ver também um grupo de jovens, também bêbados, iniciar uma confusão. Quando eu ouvi “Ele tá armado!”, foi a deixa para eu sair dali imediatamente.
Voltei para a pousada. Eu, que sou “da rua”, me senti inseguro naquela muvuca. Do quarto onde estávamos eu avistava um ponto de ônibus do outro lado da avenida. Determinada hora, aquele povo todo que estava na praia se dirigiu para os pontos, a espera da condução para casa. O espetáculo eu deixo para a imaginação do meu caro leitor.
Caiu a noite, e nós precisávamos comprar algumas coisas no mercado. Uma caixa de mercado mal humorada me fez sentir raiva da “hospitalidade alagoana” escrita em alguma placa na estrada...e essa raiva só piorou na hora de comer alguma coisa numa esfiharia, e constatar que o alagoano médio de Maceió gosta mesmo é de botar uma banca, ostentando carro zero e roupinha de marca. Triste.
Conversei com Iara, que concordou de imediato: amanhã vamos embora. Maceió decepcionou, não pelas praias, mas pela gente que vive nela.
Dicas: Nunca, mas nunca mesmo, vá a Maceió num dia de feriado!
Rio São Miguel, divisa com Alagoas |
Comendo um camarãozinho em Maceió, em um dia bem confuso e muvucado |
Pessoal curtindo a praia |
Visualmente, as praias são bem bonitas em Maceió |
Maceió – Maragogi (17/9)
134 km. É o que separam Maceió de Maragogi (AL). No
caminho, várias praias e promessas de belos cenários.
Saímos no nosso horário
habitual, entre 8h30 e 9h. O pessoal da Pousada do Girassol foi gente boa. Bom,
pelo menos alguém simpático por aqui, né...Paramos num posto BR e
completamos o tanque para seguir viagem. O preço da gasolina não foi dos
melhores, R$2,79 ; mas não teve jeito, já que a gasosa tava na reserva. O bom é
que Porto de Galinhas (PE) fica a 220 km, mais ou menos, o que quer dizer
que reabastecer, só no caminho de volta. Menos mal!
O caminho para Maragogi é
quase todo pela costa, exceção feita por uma parte que pega um pouco dos
canaviais, mais para dentro do sertão. E canavial aqui tem de tonelada,
cobrindo os morros e planícies; e onde tem canavial, tem sempre uma usina:
vimos pelo menos quatro.
Antes de chegarmos a Maragogi,
paramos numa praia chamada Japaratinga (AL), onde a maré estava baixa e
descortinou vários arrecifes, e ao longe, vários barquinhos pintavam o mar com
os seus cascos coloridos.
Seguimos em frente, já
imaginando o que encontraríamos em Maragogi. Chegamos. A cidadezinha é muito
simpática, e o mar belíssimo. Procuramos um lugar para ficar, e decidimos
gastar uma grana a mais dessa vez: ficamos na Shalon Beach (R. Manoel
dos Santos Rangel, s/n tel.: 82 3296 7115), uma pousada a beira mar bem
estruturada, com serviço top. Pagamos R$90, preço muito bom pela qualidade da
pousada. Como ficaremos só hoje mesmo, tá tudo bem. Para comer, é só cruzar uma
estreita rua de areia, que temos um restaurante muito maneiro, e a piscina da
pousada, bem legal também. Ficamos ali, almoçamos e depois ficamos na piscina.
Resolvi caminhar pela areia
até a foz do rio Maragogi. Vi muita sujeira na areia, infelizmente. Até a
foz, são 3 km. Quando cheguei lá, a maré subia, e invadia o rio com a sua
força. Deu tempo ainda de tomar um banho no rio, conversar um pouco com um
caboclo de nome de Carlos, na beira do rio, e ver uma aula de kite surf ministrada
do outro lado do rio por uma cara que tem uma escola de kite em Maragogi. Foi
um fim de tarde legal. Começou a escurecer, e resolvi voltar para a pousada,
pela praia mesmo. Maré alta, quase sem areia para caminhar. Na pousada, tomei
um banho de piscina, e depois me meti no quarto, para descansar.
A noite, saímos para comer.
Preferi um lanche e um suco dessa vez. Na verdade, dois lanches e dois sucos
(rsrs)...caminhamos pela orla escura mas bonitinha de Maragogi, com lojinhas e
pousadas. Foi legal. O cansaço bateu, e voltamos para a Shalon, dormir para
acordar cedo amanhã, e ver a maré vazante.
Dicas: Maragogi tem umas formações de corais a 6 km de distância mar a dentro, que eles chamam de galés. Do centro de Maragogi saem uns barcos para visitar essas formações, e quem fez diz que vale muito a pena. Eu não fiz, mas vi umas fotos – e me arrependi de não ter feito.
Caminhando pela orla de Maragogi |
Rio Maragogi e um praticante de kite surf |
Pousada Shalon Beach, muito boa! |
Uma bela descoberta no caminho: Japaratinga |
Japaratinga |
Bem vindo à Maragogi |
Maragogi – Porto de Galinhas
(18/9)
Tentei acordar mais cedo, mas
não rolou. É que o Carlos, aquele caboclo que eu conheci na margem do rio
Maragogi, me disse que se estivesse cedo lá na margem do rio, dava um jeito de
me levar para as galés na faixa. Não deu. Acordei lá pelas 8h. Eu estava muito
preguiçoso, Iara também. A verdade é que eu não queria ir embora, mas não teve
jeito.
Pagamos a diária, e seguimos.
A estrada é a AL 101, que margeia a costa até a divisa com o AL/PE. Asfalto
bom, trajeto cheio de curvas. Até Porto de Galinhas, 80 km. Pertíssimo.
Chegamos a Porto de Galinhas.
De cara já se percebe que é um lugar com maior estrutura turística e um tanto
elitizado. Passamos por dois resorts antes de chegarmos a vila de Porto. Lá
encontramos Daniel, uma amigo da Iara das antigas, que se mudou com a
mulher Cláudia para Porto de Galinhas. Gente finíssima os dois.
Daniel (que a galera local
chama de Grego ou Dani) nos levou para conhecer a cidade.
Alamedas bem cuidadas, lojnhas (várias) e restaurantes diversos, bares na orla,
e um mar com várias piscinas naturais. O lugar é bem simpático mesmo.
Ficamos inicialmente na vila,
depois fomos a uma barraca de um amigo do Dani, chamado Ed, um figura
super simpático que nos atendeu bem demais. Passamos a tarde ali, e depois
fomos para a Vila de novo, conhecer um pouco melhor.
Porto de Galinhas – 2° dia
(19/9)
Acordamos um pouco tarde, e fomos á cidade botar a roupa suja
na lavanderia. Vinte dias na estrada foram suficientes para eu ficar sem roupa.
Ficamos o dia todo na praia,
lá na barraca do Ed. Foi legal. Um pessoal amigo do Dani se juntou a nós no
final da tarde: seu Cláudio, dona Bete, Daniel “Meia”, Laura...uma galera muito
legal.
A noite saímos para comer
alguma coisa na cidade,e voltamos. Claudia já prometeu para amanhã uma moqueca
de camarão.
Dicas: Olha, tem um monte de
“barracas” de praia em Porto de Galinhas, mas você quer ser bem atendido mesmo?
Então encosta na barraca do Ed, e fala que eu recomendei. O cara vai ficar
contente, te dar um bom desconto, além de te encher da mais pura simpatia pernambucana.
Porto de Galinhas – 3° dia
(20/9)
Hoje o dia promete: decidi mergulhar. Ontem eu aproveitei
para fazer snorkeling, e tive uma experiência bem legal. Fui convencido
(sem muito esforço, é verdade...) a fazer mergulho com um pessoal conhecido do
Dani, a preço “de amigo”. Hoje eu escolhi fazer o mergulho.
O mergulho tava marcado para
as 13h, horário da maré baixa naquele dia. Fiquei na barraca do Ed até as
13h15, quando Dani veio e me levou lá pra vila, no “escritório” á beira mar do
Tales, o instrutor de mergulho e um dos donos da empresa de mergulho.
Na areia, o Tales começou a
passar as orientações para o mergulho: respirar e expirar sempre pela boca,
fazer a sinalização correta de ok para tudo bem, jóia para subir, balançar
a mão para mostrar que as coisas não vão bem, bater as pernas
suavemente...tudo muito didático e fácil. Partimos para a jangada confiantes e
animados.
Junto comigo foi uma família
(pai, mãe e a filha de 10 anos). Chegamos até a piscina natural mais afastada,
o local do mergulho. Começamos a nos preparar: cinto de lastro, colete,
cilindro, nadadeira. Tudo pronto, caímos na água.
Foi umas das experiências mais
empolgantes da minha vida! Mergulhar é entrar de cabeça em outro mundo, azul,
etéreo...é o mais próximo de caminhar no espaço, eu imagino. E respirar embaixo
dágua é fascinante. Os peixes te cercam, cardumes de donzelinhas, peixe-agulha,
cirurgiões. Se escondem e se mostram...cores, sons, sensações. Fica até difícil
descrever tudo o que eu senti lá. Posso te dizer só que mudou minha visão do
mar, um elemento pelo qual eu já tinha um puta respeito.
Passei o resto do dia meio
anestesiado, curtindo. Almoçamos uma bela moqueca feita pela Cláudia, e fui
descansar. A noite, mais uma sessão “sabores do Nordeste”, dessa vez com umas
tapiocas de deixar qualquer um bobo...
Porto tá sendo uma parada
deliciosa antes da volta para Sampa.
Dicas: Mergulhar é aquele tipo de esporte que uma vez que você faz, não quer mais parar!! É seguro, tranquilo, e te deixa em imersão total com a natureza. Só quem mergulhou sabe o que é ver um cardume de peixes passar por você e te envolver, é fantástico. Lá em Porto, procure pelo pessoal do Tales (não me lembro do nome da empresa...) e pelo Miguel, um português gente finíssima, que vai te dar todas as coordenadas para os iniciantes curtirem muito essa experiência.
Na jangada, indo para o ponto de mergulho |
Miguelito, o instrutor de mergulho amigo do Daniel |
Sensação espetacular que só o mergulho scuba diving te proporciona |
Snorkeling |
Porto de Galinhas – 4° dia
(21/9)
Passamos praticamente o dia
todo na praia. Ficamos lá na barraca do Ed, mais uma vez, curtindo o domingão crownded de
Porto de Galinhas: praia lotada e vendedores á rodo.
Almoçamos ali na barraca do Edi mesmo, uma pescada amarela de mais ou menos 2 kg: não sobrou nada do pobre
peixe, que foi servido com macaxeira. E umas doses de Pitu, a cachaça
tradicional lá do PE. O Edi é uma daquelas figuras alegres e bom papo que
faz a gente passar as horas sem perceber. E papo com o Edi é sempre divertido,
pode apostar.
Voltamos para casa do
Dani / Cláudia já no final da tarde. Fomos depois até a vila, comer um hot dog, e
voltamos. O cansaço bateu forte, mas tomamos uma decisão importante: vamos
embora na terça (23/9).
Porto de Galinhas – 5° dia
(22/9)
Acordamos cedo, afinal nossos
anfitriões estavam de folga, em casa. E os planos já estavam traçados: um
churras de peixe e alguns espetinhos de carne.
Fomos eu e o Dani ao mercado
comprar as coisas para o assado, e na volta eu e Iara fomos para praia. Foi uma
despedida legal dessa praia show.
Voltamos lá pelas 14h a tempo
de pegar o churras no meio. Estávamos em seis: eu, Iara, Dani/Cláudia, Daniel
“Meia” e Laura. Foi bem divertido, altas histórias, risadas, mas o melhor ainda
estava por vir.
Fim do churras, o Daniel
“Meia” sugeriu da gente mergulhar. Genial! Fomos todos para vilinha, arrumamos
as coisas na jangada, e fomos até as piscinas naturais. Lá mergulhamos, fim de
tarde. Meu guia dessa vez foi Miguel, o Miguelito, gente boa, experiente. A
condição de visibilidade da água estava muito melhor do que no dia em que eu
mergulhei pela primeira vez. E junto com Miguel, mergulhei a uma profundidade
de 15 metros. Foi emoção pura, dizem que quem mergulha não pára mais, e eu creio que
eu seja um desses.
Voltamos, banho tomado, e
peguei o rumo da vila novamente, junto com Iara, agora para comprar as últimas
lembranças (na verdade, fui comprar melaço, o mel da cana de açúcar). Comemos
um hot dog, e voltamos para a casa de Dani/Cláudia, para um bate papo com casal
amigo. Amanhã, vamos pegar a estrada, começa finalmente a viagem de volta para
Sampa.
Porto de Galinhas – Japaratuba
(23/9)
Acordamos cedo, 6h30,
arrumamos as coisas no carro, nos despedimos do Dani e Cláudia, e pegamos a
estrada. Quer dizer, quase: paramos num posto BR para trocar o óleo do
carro e dar um trato legal antes de ir para Sampa. Mas a troca de óleo só
começava ás 8h. Pois então, esperamos.
Finalmente na estrada ás 9h30,
e o destino ainda não estava definido: iríamos dirigir até onde desse,
logicamente com luz do dia. Desde sempre dirigir a noite nunca foi uma opção.
Logo na saída de Porto de
Galinhas, na PE 060, demos carona a uma senhora até Camela (PE), o
povoado próximo. Seguimos pelo mesmo caminho que viemos, PE 060, depois AL
101, até a Praia do Francês. Ali mudamos o caminho, fomos para Marechal
Deodoro (AL).
Marechal Deodoro é uma cidade
muito simpática, de um povo hospitaleiro e prédios seculares. Paramos para
almoçar num restaurante simples, sem nome, de propriedade de dona Zezinha
Cipriano. Boa comida, barata (um PF que serve duas pessoas, R$8). Ficamos ali
um tempo, eu ainda saí para fotografar a cidade. Caminhei não sei quanto tempo,
e faltou muito ainda, havia muita coisa para ver. Voltei ao restaurante, já que
precisávamos ir para a estrada de novo.
Seguimos por uma vicinal, até
chegar na BR 101 de novo. A boa e velha 101, cheia de caminhões
e buracos. Em Alagoas, a BR é esburacada, mas em vários pontos há
equipes realizando consertos. Tocamos em frente, um calor sufocante. O sol já
ia baixando quando cruzamos a divisa com SE. O tempo corria contra, ia ser
difícil chegar até Aracaju. A noite ia caindo rápido. Consultei o mapa, e a
cidade mais próxima naquele momento era Japaratuba (SE). Pequena, a chance
de ter uma pousada ali era pouca, mas mesmo assim era a melhor opção. Depois de
andar um pouco e não encontrar lugares disponíveis, encontramos a Pousada
Japaratuba, um misto de pousada e motel, ao preço de R$25. Para quem só
precisaria de banho e cama, estava perfeito.
Fomos até o centrinho,
arranjar alguma coisa para comer. Em tempos de eleições, a história é sempre a
mesma: a política movimenta a economia da cidade. Depois de dois sandubas,
voltamos para a pousada, dormir.
Amanhã, seguimos.
Dicas: Alagoas é a terra dos dois primeiros presidentes do Brasil: Marechal Deodoro e Floriano Peixoto. Marechal Deodoro (a cidade) é uma pérola, uma baita lagoa que compões um cenário maravilhoso. Vale uma visita mais demorada.
PF "nervoso", barato e bem servido! |
Marechal Deodoro, cidade onde nasceu o primeiro presidente do Brasil |
Marechal Deodoro, com a lagoa Manguaba ao fundo |
Linda igreja em Marechal Deodoro |
Lagoa Manguaba |
Ponte sobre o Rio Sergipe |
Feira de Santana, cidade estranha e confusa... |
Descansei bem esta noite. Acordamos ás 6h30, descemos as malas, tomamos café e seguimos.
Antes de pegarmos a BR 116, abastecemos o carro por um bom preço: R$ 2,48 . Tanque cheio, seguimos em frente. Logo de cara se percebe a grande quantidade de caminhões. Mas já estamos acostumamos com a 101, então tudo certo. A diferença aqui é a quantidade de retões de 40, 50 km. Poucas curvas...por isso o caminho é mais curto por aqui, em relação á BR 101.
Passamos por um local chamado Itatins (BA), lugar com umas formações rochosas impressionantes, montanhas e morros no meio do sertão. Eu já havia passado por aqui em 2004, voltando de uma temporada em Natal (RN), e igualmente já havia me impressionado.
Depois de 25 dias de estrada, pegamos uma chuva mais grossa. E bem onde é mais necessária, no sertão da Bahia.
Passamos também por Vitória da Conquista (BA), lugar diferente de tudo, em pleno sertão pegamos um frio igual ao de São Paulo (!!). Foi ali também que conheci uma das mulheres mais criativas e mentirosas da trip. Era dona de uma lanchonete num posto, e quando eu perguntei a ela se a divisa com MG estava longe, me disse que a divisa ficava a 500 km de distância (na verdade, ficava a 62 km!); depois, me disse que a estrada estava ruim, esburacada (na verdade, estava um tapete, havia sido recém recapeada). Foi engraçado, até.
Fomos debaixo de chuva um bom tempo, até a divisa com MG pelo menos. Quando cruzamos a divisa, como por encanto, o Sol apareceu. Encantado fiquei eu com as paisagens do norte de Minas / Vale do Jequitinhonha: montanhas, morros, vales. A vegetação um tanto seca (em alguns locais, fazem seis meses que não chove) compõe um cenário muito bonito, árido, mas de uma beleza inegável. Passando por Medina (MG), várias montanhas; em Itaobim (MG) o rio Jequitinhonha é largo, e uma esperança de vida nesse vale agreste. A BR 116 aqui é emoldurada por montanhas, e se torna bem sinuosa.
Já estava ficando um pouco tarde, e decidimos parar. A cidade escolhida foi Padre Paraíso (MG), uma cidade literalmente cortada pela BR, e cujas as casas se empenham em subir a encosta de uma montanha. Ficamos numa pousada / restaurante chamada Entre Vales, bem na entrada da cidade: quarto a R$40, PF a R$10.
A cidade não tem nada, mas é simpática e tem uma placa gigante na entrada parabenizando Éder Carlos, filho ilustre da cidade, um garoto que ganhou um concurso de soletração nacional num programa de TV do Luciano Huck.
Amanhã, seguindo. Sampa se aproxima.
Dicas: Impossível não se espantar com a beleza dura do Vale do Jequitinhonha...montanhas, relevos secos, a vida aqui não é nada fácil. Mas a natureza nos brinda com cenários fantásticos, entre Cachoeira do Pajeú (MG) e Padre Paraíso.
Paisagens especiais às margens da BR 116 |
Deu vontade de subir aquela montanha ali... |
Comercio à beira da BR 116 |
Itatins e suas formações espetaculares |
Morros no horizonte |
Ainda em Itatins, encontrando formações maravilhosas |
Não consegui nenhuma palavra melhor do que fanstástico para descrever o cenário nessa região do Brasil! |
Padre Paraíso – Muriaé (26/9)
Levantamos um pouco mais tarde que o habitual, mas na verdade fomos expulsos da cama pelos fogos de artifício de um grupo de cabos eleitorais em frente á pousada...fala sério!
O frio e a chuva nos acompanhou durante todo o dia hoje. As vezes mais forte, as vezes mais fraca, a chuva não desgasta como o Sol, mas em alguns momentos deixa as coisas meio tensas numa estrada como a BR 116. Seguindo, passamos em Teófilo Otoni (MG), e paramos em Governador Valadares (MG). Essa cidade é sede de campeonatos de vôo livre por causa de um pico belíssimo chamado Ibituruna. É uma visão bem legal.
Visitei o Mercado Municipal de Governador Valadares, lugar simples, mas interessante. Foi lá que eu encontrei uma loja chamada Recanto do Queijo, onde você encontra uma infinidade de coisas de Minas: cachaças, queijos, doces. Comprei dois potes de doce de leite. Abastecido de delicias da terra, seguimos.
A chuva apertou mesmo depois de Valadares. No entroncamento de Realeza (MG), uma parada rápida, afinal o corpo já estava reclamando desse final de trip...a partir desse trevo, o asfalto da BR 116, que estava impecável, ficou um pouco ruim durante alguns kms, buracos e trechos destruídos de acostamento.. Determinado momento, vejo uma placa para mim muito cara: saída para o Parque Nacional do Caparaó. Me lembrei imediatamente do início de 2004 e o Caminho da Luz, travessia de oito dias bem interessante, que fiz nesse mesmo ano, nessa mesma região, chamada Zona da Mata mineira.
Naquele momento já havíamos decidido que ficaríamos em Muriaé mesmo, a chuva não permitiria chegar a Leopoldina (MG), como eu queria e gostaria. Entramos em Muriaé (MG), e um trânsito digno de Sampa se formou por causa da chuva. Ponto para nós, que já estamos acostumados com isso e sabemos procurar alguns atalhos...entramos de vez na cidade, e depois de uma rápida busca, ficamos num hotel bacana chamado CLLIN (Av. Alfredo Pedro Carneiro, 102 tel.: 32 3722 6060), R$ 70 mangos por um apê bem legal. Último pernoite da viagem, paguei sem problemas.
A última refeição da trip também foi bem bacana: um restaurante chamado Traírão: traíra frita inteira, sem espinha, com pirão e arroz ao alho. Valeu cada centavo pago.
Amanhã chegamos em São Paulo, e a sensação é de dever cumprido.
Pico Ibituruna, em Governador Valadares |
Comendo uma traíra assada em Muriaé |
Leopoldina, cidade onde meu avô nasceu |
Cruzando o Rio Paraíba do Sul. A viagem estava chegando ao fim... |
Casario dos tempos de prosperidade do café na região norte fluminense |
No caminho de casa |
Basílica de Aparecida do Norte. Mais uma horinha e chegamos em São Paulo |
Gastos
Pedágios: R$ 79,00
Combustível: R$ 1205,83
Ferry boat: R$ 30,95
Total: R$ 1315,78 (ref.
Set/08)
Total de kms rodados: 6055 kms
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