Meu vôo estava marcado para as 9h10, o que me obrigou a acordar bastante cedo
para seguir para o aeroporto. Eu, com uma dor de cabeça daquelas, por causa das
cervejas da noite anterior, segui para Cumbica na companhia da Iara. O dia
amanheceu nublado e úmido, como havia tempo não ficava.
Fiz uma conexão em Asuncion,
a capital paraguaia. Uma horinha só, e aquele acanhado aeroporto bem cheio.
Aliás, tive que atrasar o relógio em 1 hora, por causa do fuso. Embarquei
para Cochabamba sem problemas. Curiosidade: durante os
dois vôos, há um momento "free shop" onde vários produtos são
oferecidos com imposto zero. E as comissárias de bordo todas se transformam em
Marinetes, verdadeiras sacoleiras... (rsrs).
Cheguei em Cochabamba num dia muito especial: El Dia del Peaton.
É um dia no ano onde fica proibido mover-se com qualquer veiculo automotor, e
somente os táxis autorizados e de policia trafegam. É uma dia festivo, muita
gente na rua, andando, de bicicleta e até a cavalo.
Acabei me hospedando no Hotel Regina
(calle España 636. Tel.: 423 4216), bem no centro da cidade.
Paguei Bs. 440 (bolivianos), e fico dois dias. É um hotel bem
confortável, tv a cabo, ducha caliente. Mas este gasto não estava
previsto...
Voltando ao Dia del Peaton,
andei muito misturado ao povo cochabambino. Cochabamba é uma cidade de gente
jovem, muitos casais com filhos pequenos. Vi neste dia muitas ações de educação
ambiental sendo executadas na prática, principalmente com as crianças.
Experimentei um sanduba chamado sanduiche de
chola, feito com uma carne de porco chamado chaka, uma saladinha de tomate, cenoura
e alface por cima, vinagre e sal. Paguei Bs. 5, e aí testei duas coisas: como
pechinchar preço na Bolívia, e ver se sobrevivo a comidas de rua por aqui. Por
hora, me saí bem nas duas (o sanduíche custava Bs. 7... rs).
Se você já ouviu falar de uma certa falta de higiene no que se refere à comida
servida na Bolívia, eu diria que há um certo exagero nisso, pelo menos no que
vi até agora. Mas realmente não existe um cuidado maior com a limpeza, não. A
senhora que me serviu o sanduba fatiava o chaka e
manuseava tudo com as mãos nuas, nem uma luvinha ou garfo... Bom, isso é
Bolívia.
Dicas: Na hora de jantar, me recomendaram um lugar chamado Panchita. É como uma rede de fast food. Se você não gosta de comida gordurosa, foge desse lugar, o pollo (frango) à la broaster, bem comum por aqui, é encharcado no óleo. Mas pelo que eu vi, acho que é assim em todo lugar... E eu doido para tomar um café, entrei num lugar chamado Brazilian Coffe (Av. Ballivian, não lembro o numero). Caramba, foi o pior café da minha vida, um copo enorme de um café aguado. E eles chamam este de café carioca... fuja!
Praça bacana no Centro de Cochabamba |
Paróquia El Hospício, muito bonita |
Experimento um sanduíche de chaka, típicamente boliviano |
Cochabamba - 2º dia (6/9)
O dia amanheceu belíssimo, céu azul e a cadeia de montanhas que circunda a cidade compõem um cenário lindo. Tomei o café da manha e fui cuidar de algumas coisas: conhecer a Plaza Principal (14 de Septiembre), procurar uma casa de câmbio, ir até o terminal de buses perguntar sobre ônibus para Sucre. Andei bastante, e senti a cidade e as pessoas nas suas "funções normais", o comercio bem ativo, os camelôs, as cholas vendendo de tudo o que se possa imaginar. Me chamou atenção uma que vendia um tipo de abacaxi: várias fatias numa bacia, aquele cheiro bom, e a cholita regando as fatias com o sumo que saia daquelas fatias todas.
To fazendo uma coisa aqui que nunca fiz na vida: já assisti a duas missas para poder fotografar umas igrejas por dentro. Fazer o quê, ossos do ofício...
Decidi ir a Sucre esta noite. Fiz umas contas rápidas, vai ficar mais barato, já que o bus para lá só sai as 20h30. Almocei em um restaurante vegetariano chamado Donal (Passaje Fidelia Sanches) por Bs. 19, comendo bem com direito a suco e sobremesa. Na sequência, resolvi encarar a subida do Cristo Redentor. Sim, aqui também tem um Cristo Redentor, e a estatua é bem maior que a do Rio. Encarei uma puta escadaria de centenas de degraus, coisa de 40 minutos subindo. Quase no final, cruzei com dois europeus descendo a escadaria correndo, um todo rasgado. Tinham sido assaltados. Resolvi não arriscar, fiquei por ali mesmo onde estava, a vista ali já era estupenda. Logo desci, o calor em Cochabamba é muito forte, se vacilar você pega até uma insolação.
Voltei para o hotel, e comecei a preparar as coisas para a viagem. Sai do Hotel Regina por volta das 19h e fui andando até o terminal, a despeito de ouvir que não seria seguro, que seria longe... o problema foi outro! A atendente da empresa de ônibus me deu uma info errada, e acabei perdendo o bendito ônibus para Sucre! Carajo! Quatro empresas fazem esse trajeto, e perguntei em cada uma delas: não havia mais passagens. O jeito foi ficar num hostal em frente a rodoviária, Hostal Takana, com tv a cabo e ducha caliente, por Bs. 100, que depois de uma chorada ficou em Bs. 90. Vou descansar um pouco, e amanhã bem cedo vou comprar a passagem para Sucre - e tentar preencher o tempo até as 20h30.
Dicas: Primeiro, sobre comida. Almoçar nesses restaurantes vegetarianos pode ser a salvação da lavoura! Por Bs. 15, 19, você consegue comer bem e passar o dia de boa. Segundo: não confie integralmente na info que te passam. Pergunte uma, duas, três vezes, até para pessoas diferentes. Caí nessa roubada e tive um gasto de Bs. 100!
Escadaria para o Cristo Redentor de Cochabamba |
Cochabamba vista de cima |
Amigos cochabambinos |
Sucre (8/9)
Oficialmente, minhas férias começam hoje. Me dei conta disso dentro do ônibus
para Sucre. Jeito interessante de começar as férias.
O pouco que pude ver do caminho, entre uma cochilada e outra, foi que o céu
estava estrelado como se eu estivesse no alto de uma montanha, e que o caminho
que pegamos havia penhascos. Fiquei pensando se eles não fazem essa viagem a
noite justamente para não assustar aos passageiros com a visão desses
penhascos... Mas a noite, acordado, dá medo do mesmo jeito.
Chegamos a Sucre por volta das 8h, doze horas de viagem. Cansado. Mesmo assim,
fui até a central de infos turísticas pegar uns mapas e saber sobre hospedagem.
A moça que me atendeu, Deise, uma simpatia. Vi algumas bem em conta mesmo
(vejam abaixo, em Dicas),
mas acabei escolhendo o Hostal Cruz de
Popayan (calle Loa 881. Tel.: 644 0889).Ambiente gostoso, um
casarão antigo muito bonito, com jardim interno. O quarto é sem banheiro
privativo, mas tv a cabo e o café da manha estão incluso. Bs. 65, bom
preço.
Nem me atrevi a deitar, peguei as minhas coisas e fui andar. Sucre é uma cidade
muito agradável, sem prédios altos e com uma arquitetura colonial
lindíssima. É daquelas cidades boas para se andar, tudo está perto, e para
ver gente e seus hábitos. Segui meio a esmo (a melhor maneira de se achar é se
perdendo...), muita coisa me chamou atenção, mas acabei indo para a parte
alta da cidade, um lugar chamado Plaza e Mirador
de la Recoleta :
uma praça legal com uma vista bacana da cidade. Fiquei ali, vendo as crianças
jogarem bola, o povo passando. Continuei a caminhar, verdadeiramente me senti
muito à vontade em
Sucre. Lugares que visitei na sequência: Paróquia de San Lázaro, Templo de Santa
Clara, a plazuela Bernardo
Monteagudo. Foi
então que eu me deparei com uma carreata em homenagem a Virgem de Guadalupe: os carros
todos decorados com bichos de pelúcia, notas falsas de dinheiro, flores. Havia
bandas, foguetes, tudo muito animado em plena Plaza 25 de Mayo,
a principal da cidade. Fui seguindo aquela carreata por um tempo. Logo voltei
minha atenção para a Plaza 25 de Mayo, lindíssima, cercada de vários prédios
magníficos: sede do
Departamento de Chuquisaca, sede da Prefeitura, Capilla de la Virgem Guadalupe ,
La Casa de la Libertad. Fiquei por ali não sei quanto
tempo, apreciando, até que o cansaço da viagem cobrou seu preço. Voltei ao
hostal, fui dormir um pouco. Até porque até as 15h muita coisa fica
fechada por causa da siesta.
E foi por volta das 15h mesmo que eu me levantei resoluto a ver mais algumas
coisas, estava empolgado com tudo aquilo. Acabei entrando e visitando a Casa de
la Libertad. Foi lá
que a declaração de independência da America foi redigida, e a da Bolívia
foi assinada. O lugar é espetacular, e a visita custa Bs. 15, barbada. Foi
lá que eu descobri que o primeiro presidente argentino era boliviano,
nascido em Tose! (rs)
Em seguida, entrei na sede do Departamento de Chuquisaca (sem palavras,
belíssimo!) e finalmente o Templo de San Felipe Néri. Esse
lugar me impressionou muito. O edifício é de 1795, mas está em perfeitas
condições, Hoje é um colégio. Por Bs. 10, é possível andar á vontade pelo
edifício todo, até o topo, onde há um mirador que te deixa boquiaberto. Valeu
cada centavo gasto ali!
Aproveitei para tomar um café (veja em Dicas...) num
lugar bem legal, chamado Pueblo Chico, e
assim fui terminando esse dia de rolês por Sucre. Sensação boa de tempo bem
investido, sabe?
A noite, voltei ao Pueblo Chico para comer um lomo muito bem feito, e tomar umas
cervejas, as primeiras da trip. Não satisfeito, ainda fui tomar umas
caipirinhas num boteco bem conhecido aqui, chamado Vieja Bodega. Dizem que é administrado
por brasileiros. A caipirinha, pelo menos, estava muito bem feita!
Dicas: Sucre é um lugar muito bom para achar hospedagens boas! Vamos às minhas sugestões: O HI Sucre (calle Guillermo Loayza), fica perto do terminal de buses, e cobra Bs. 39/50 (sem/com banheiro). Barato! O Gran Hotel (Av. Aniceto Arce 61) é um hotel de luxo, com restaurante, bar, lavanderia, puta ambiente bacana, ótima localização por somente Bs. 120!! Eu quase não acreditei. Muito barato pelos serviços. Para comer, tem muitos lugares bons. Eu achei o meu: Pueblo Chico (calle Calvo, bem na Plaza 25 de Mayo). É um misto de bar / restaurante / centro cultural, comida muito boa e nem tão cara. E servem uns cafés calientes muito loucos, todos com nomes de músicos e artistas. Recomendo.
Fachada do Hostel Cruz de Popayan |
Templo de Santa Clara |
Plaza e Mirador La Recoleta |
Vista de Sucre, desde o mirador La Recoleta |
Uma rua qualquer em Sucre |
Poesia na Calle Calvo |
Paróquia de San Lázaro |
Carreata para a Virgen de Guadalupe |
Capilla da Virgen Guadalupe |
Lateral da Capilla de la Virgen Guadalupe |
Plaza 25 de Marzo |
Sucre - 2º dia (9/9)
Tirei o dia para ficar um pouco de bobeira. No café da manha me aproximei do
pessoal que está hospedado no hostal: uma inglesa, um austríaco e um
australiano. Foi um papo divertido sobre diversas coisas. A inglesinha em
especial me chamou atenção: em oito meses de viagem pelo mundo, já
conheceu Europa, África e América. Bem legal!
Aproveitei a manha para conhecer o Mercado Público
(calle Junin) de
Sucre. Eu curto todo tipo de mercado público no mundo. Na Bolívia, a surpresa
fica para o fato de ser mais limpo do eu imaginava. É bem agradável,
muitos cheiros, cores e sabores. Experimentei um bocado de frutas, algumas
próprias da Bolívia. Só achei um pouco caro: qualquer fruta custa Bs.
30 o quilo. Nota para uma fruta chamada chirimoya, bem parecida com a nossa
fruta-do-conde, só que maior e mais doce. Bom demais.
Considerações sobre Sucre: no trânsito, quase não há motos; o clima entre as
pessoas é muito bom, leve; as crianças são especialmente simpáticas, é
impressionante; as mulheres de Sucre são as mais bonitas da Bolívia, sem sombra
de dúvidas.
Depois desse rolê, voltei ao hostel e dormi. Dormi até as 17h. Entendi que
estava cansado, e ainda nem cheguei a altitudes maiores (Sucre está a 2.300m).
Não sei como eu vou reagir à altitude, mas vou fazer isso devagar. Ainda
não precisei usar folha de coca.
Para fechar o dia, comi uma pizza e fiquei vendo televisão. Acho que hoje estou
meio preguiçoso. Vamos ver amanha.
Dicas: Vá ao Mercado Público disposto a conhecer. Ande por tudo, e não se impressione com algumas coisas, tipo uma senhora tirando a pele de um cabritinho recém morto. Isso é Bolívia.
Sede do Departamento de Chuquisaca |
Casa de la Libertad |
Interior da Casa de la Libertad |
Templo de San Felipe Néry, lindo! |
Cobertura do Templo de San Felipe Nery |
San Felipe Néry |
Pueblo Chico, misto de bar com centro cultural |
Sucre a Potosí (10/9)
No Hostal Cruz de Popayan consegui fazer reserva no Hostal La Casona (calle Chiquisaca
460. Tel.: 623 0523) em Potosí e comprar a passagem pela
cia. Transtrin Dilrey por Bs. 20.
A viagem até Potosí foi melhor do que pensei. Saí as 13h da rodô, e às 16h
estava na cidade de Potosí. Tirando o calor monstro e o motorista que não
parava de buzinar, tudo correu bem.
Potosí não impressiona logo de cara. Na verdade o terminal de buses fica longe do centro,
numa região bem feia. Tomei o táxi até o hostal pagando Bs. 10. O
hostal também não é tão legal como eu imaginava, a princípio, e agora estou em
um quarto compartilhado, pagando Bs. 35. O foda é esse cheiro de europeu fedido
no quarto...(rs). Saí para andar, aproveitar um pouco do sol, porque já deu pra
sentir que Potosí é bem fria. Tirei algumas fotos, e acabei entrando em um
lugar chamado Teatro Omiste, com uma fachada linda. Estou com dor de
cabeça, e acho que já seja efeito da altitude. Acabei comendo um
lanche (bom) e um café (ruim) num lugar bem legal, chamado 4060 m.s.n.m. (calle Ayacucho).
Ainda com dor de cabeça, me pus a caminhar e tomar bastante água. Nesse
meio tempo, acabei seguindo uma banda escolar que fazia seu ensaio na rua (!),
e uma pequena multidão seguindo. Aproveitei para tirar mais fotos, a iluminação
noturna de Potosí é bem interessante.
De volta ao hostel, banho e um propósito: ir a um bar bem popular, para ver
como o potosino se diverte. Acabei fazendo amizade com um garoto
norte-americano chamado Ben, e fomos juntos a um bar chamado Infe Karaokê (calle Chuquisaca com
Padilla). Lá conhecemos três advogados que comemoravam o nascimento da filha de
um deles. Só posso dizer que foi uma noite bem divertida, tipicamente
boliviana. Voltei bêbado para o hostal, e amanha estou ferrado: vou fazer o
tour nas minas do Cerro Rico.
A praça central de Potosí, muito bonita |
Capela na praça central |
Teatro Omiste, fachada incrível! |
Os detalhes do Teatro Omiste |
Luzes dramáticas nas ruas potosinas |
Iluminação noturna na praça central |
Ensaio de uma banda escolar, na rua! |
Meu brother Ben |
Comemorando o nascimento de um dos três advogados potosinos |
Potosí
(11/9)
Depois da animada noite de anterior, não teve jeito: dormi com minha amiga
bebedeira e acordei com a minha companheira ressaca.
7h da manha, e eu já de pé para me preparar para a visita às minas de Cerro
Rico. Paguei Bs. 60 pelo tour, com todo equipamento incluído (calças, botas,
jaqueta, capacete e lâmpada). De cara já não gostei do guia Jony, um cara
meio metido a sabichão e com umas brincadeiras pra lá de sem graça.
Seguimos para a mina, com uma parada num mercado de rua para comprar folhas de
coca, sucos, álcool e dinamite para presentear aos mineiros. Depois de uma
longa e chata explicação dos costumes mineiros, com direito até a provar
do álcool que os mineiros bebem (96º GL!!), seguimos para as minas.
Entramos na mina, separados em dois grupos: dos que
queriam explicação em inglês e dos que queriam em espanhol. Fiquei
no último, com um casal francês (Julian e Noemy). O guia pegou um pouco no pé
da Noemy, com umas brincadeiras de cunho sexual. Tava chato e bobo.
Sobre o tour: sinceramente, eu não recomendo. Pega seu dinheiro e vá visitar o
Petar, ou qualquer outra caverna no mundo. O tour não é turístico (deste
aspecto eu gosto) mas tampouco é um tour realístico. Basicamente se anda em
túneis, se vê a extração do mineral, mas não sei, eu não curti. No final o Jony
ficou um pouco melhor e deu até pra dar umas risadas, mas a impressão ruim não
apagou.
Voltamos ao hostal e eu morto de fome corri para o restaurante mais próximo, El Empredradillo. Comi o menu del día, um pouco caro
pelo que foi oferecido, e ainda perdi meu fleece, não sei bem onde. Fui
obrigado a comprar um fleece novo, e achei que fiz um bom negócio:
fleece North Face (usado) por Bs. 200 (algo como US$ 28).
Não consegui descansar, acabei saindo e fui visitar a Casa de la Moneda , construção antiga e
muito bonita, onde se cunhava as moedas usada aqui e na Espanha. A visita
guiada custa Bs. 20, e vale a pena.
Estou me sentindo muito cansado. Acho que é a altitude mesmo. A dor de cabeça
não cede, no máximo diminui. Tenho tomado muita água e mate de coca. Vamos ver
como as coisas ficam daqui em diante.
À noite, acabei indo ao bar 4060 m.s.n.m. de novo. Um lomito especial, água e
mate de coca por Bs. 29.
Preciso descansar, mas antes preciso decidir o que vou fazer amanha: ir a
Uyuni, ou ir a Sucre buscar meu chapéu?
Indo visitar o Cerro Rico |
Entrando na antiga mina de prata |
Guia Jony |
Eu, vestido de mineiro |
Eu com os franceses Julien e Noemy |
Casa de la Moneda |
Efígie na Casa de la Moneda |
Em frente da Casa de la Moneda |
Detalhe da fachada de um prédio histórico em Potosí |
A riqueza de detalhes desta fachada: simplesmente incrível! |
Uyuni - (12/9)
Levantei cedo, e já decidido: vou a Uyuni.
Fiz um acerto com Ben,
o garoto norte-americano, e ele vai pegar meu chapéu em Sucre, já que ele
estará indo pra la mesmo. Pego o sombrero em La Paz , na recepção de algum hostel
que o Ben vai estar. Hecho!
Com esse problema quase resolvido, fui preparar minha ida a Uyuni: comprei
minha passagem através do hostal mesmo, indo pela Flota Diana Tours, por Bs. 39
saindo às 11h. Arrumei minha mochila e no desayuno bati um papo com o casal francês
Julian e Noemy, e peguei umas dicas bem legais e baratas sobre Machu Pichu.
Segui para o "terminal"
de buses que
saem para Uyuni dividindo um taxi com uma japonesinha que não sei o nome ate
agora. O tal terminal nada mais é do que um monte de ônibus encostados em
frente a diversas agências improvisadas, numa avenida qualquer de Potosi.
A viagem ate Uyuni não é exatamente fácil: sete horas de viagem, cobrindo 220 km , numa estrada com um
terço de pavimentação, e dois terços de terra. O calor, o ar seco, o sacolejo,
tudo poderia fazer da viagem um inferno, mas ha uma coisa que compensa tudo: a
paisagem absolutamente incrível desta região. As montanhas, o céu sempre azul,
planícies a perder de vista. É espetacular!
Quando se chega a Uyuni, você se dá conta que esta no meio do nada mesmo. A
cidade é pequena e totalmente horizontal, cercada pelo deserto, ou seja, nada!
A impressão é de terra desolada. O ônibus nem bem encostou, e começou a juntar
uma multidão em volta do veículo: são os representantes das agências,
oferecendo roteiros para o Salar. Fui "atacado" por duas mulheres
oferecendo os serviços, e comecei ali mesmo um leilão: quem oferece mais por
menos? A coisa acabou rolando tanto que eu fechei desta maneira: tour de três
dias, com esta noite já incluída em um residencial chamado Wara del Salar (calle Bolívar 84),
e nos demais dias desayuno,
almuerzo e cena, e com hospedagens e transporte também. Tudo por
Bs. 550. Achei justo, alem disso o atendimento foi bem honesto na agência Olivos Tour (calle Ferroviária, quase em frente aos baños publicos).
Quando estava fechando o tour, chegaram alguns viajantes que fizeram o tour de
um dia, entre eles uma brasileira chamada Lilian. Ficamos conversando um pouco,
os bolivianos olhando a gente... brasileiro conversando deve ser bem engraçado
para eles.
Fui para o Residencial Wara
del Salar, tomar um banho e descansar. Logo sai para comer
algo, encarei uma chuleta com
arroz y papas por
Bs. 10. Carne boa e arroz horrível. Ainda comi, em outro lugar, uma hambuerguesa muito boa por outros Bs. 10, e
arrematei com uma bombita de dulce de leche por
Bs. 2. Antes de dormir, liguei para casa a fim de saber se estava tudo bem.
Amanha vou ao Salar.
A caminho de Uyuni |
Cidade de Uyuni, ao cair da tarde |
Salar
do Uyuni - 1º dia (13/9)
Ok,
here we go! Saltei
da cama e me pus a preparar para o tour de três dias pelo Salar do Uyuni. Comprei alguns
gêneros de higiene, tomei um desayuno com mate de coca e duas medias lunas, e me encaminhei ate a
agência Olivos Tour para começar o roteiro. Conheci o grupo que ia estar comigo
nestes três dias: um alemão chamado Bastian,
um casal alemão (Katrine e Phillipe), e pai e filha suíços (Papa e Marie).
Começamos o tour pelo Cementerio de
Trenes, um lugar onde estão depositados as carcaças de trens,
maquinas e vagões. Tem muito lixo também...
Seguimos para o povoado de Colchani,
onde a turistada faz a festa e aproveita para comprar artesanato. Comprei uma chalina (cachecol) de alpaca, gostoso e
quentinho, pois esta frio agora, e seria pior a noite.
Seguindo, fomos ate a Isla del Pescado,
um lugar muito interessante. É como se o Salar fosse o mar, e esta grande rocha
com cactus fosse uma ilha. É ate difícil descrever, só vendo as fotos mesmo, ou
estando lá, claro.
O nosso guia, um senhor já de certa idade chamado Sr. Octavio, nos preparou o almuerzo: pollo empanado con arroz e ensalada mixta.
Almoçar em mesas de sal, no meio de um salar, e insólito. Depois do almoço,
seguimos para a nossa hospedagem, um hotel também feito de sal, no povoado de
Atulcha. Esse hotel e todo feito com blocos de sal, e apesar do frio lá fora e
bem quente e aconchegante. Quando chegamos ao povoado, estava rolando uma festa
típica, religiosa, chamada Fiesta de la Exaltacion :
duas bandas bolivianas tocando em homenagem a pequena capela do povoado. Tem
coisa mais boliviana que isso? Tomei chichila (tipo um refresco feito de milho) com
as pessoas, foi bem legal. Na hora de dividir os quartos, acabei ficando no de
numero 6 com o alemão Bastian.
A noite, depois do jantar (sopa de aspargos, depois carne de llama com quinua),
fomos para a festa novamente, agora com direito a tragos mais fortes, dança e boas
risadas. Foi umas das minhas noites mais animadas na Bolívia ate agora. Ficamos
todos meio borachos,
e acabamos indo dormir, já bem tarde. A festa continuou, a bandinha tocando e o
povoado em festa.
Cemitério de trens, a caminho do Salar |
Parada em Colchani, e a turistada faz a festa... |
Colchani, parada antes de encarar o salar |
Museu em Colchani |
Eu em cima de um monte de sal |
A imensidão do salar |
Foto em perspectiva |
Isla del Pescado: a imensidão do maior salar do mundo |
Vários cardones na Isla del Pescado |
Lugar incrível! |
"Plaza" 1º de Agosto, na Isla del Pescado |
Almoço preparado pelo nosso guia |
Outro carro nos acompanhando pela imensidão do salar |
Povoado de Atulcha |
Povoado de Atulcha e o hotel de sal |
Katrine, Phillipe, Marie e Bastian: o grupo do salar |
Fomos despertados bem cedo pelo Sr. Octavio, nosso idoso guia. Enquanto ele preparava nosso desayuno, fomos ajeitando as coisas. Saímos por volta das 7h, sol já no alto.
Seguimos para o que seria o dia mais longo do tour, e tambem o mais cansativo. Passamos pelo Salar de Chiguana, um salar menor que o de Uyuni, mas igualmente bonito. Em seguida tomamos a estrada de areia ate o mirante do vulcão Ollangue, de cujo topo sai fumaça constantemente. Apesar do sol, faz muito frio nesta região. Quando se sai da Land Rover, nunca é desagasalhado.
Na sequência, visitamos as cinco lagunas altiplânicas. A primeira (Cañapa), a segunda (Hedionda) e a terceira (Honda) tem uma coloração azulada e estão lotadas de flamingos, um espetáculo da natureza. As duas seguintes (Charcota e Ramaditas) não tem fauna.
Depois dessa peregrinação por lagunas, seguimos adiante e chegamos ate o monumento natural Arbol de Piedra: como diz o nome, parece uma arvore de pedra, só que esculpida pelo vento. Esse mesmo vento que faz a gente se sentir dentro de uma geladeira, a despeito de estarmos em um deserto.Para fechar o dia cansativo, chegamos ao nosso local de pouso, e também o mais bonito de hoje: Laguna Colorada. Esta laguna se localiza dentro do Parque Nacional Eduardo Avaroa, que por sua vez esta dentro do Desierto de Siloli. A laguna é uma imensa porção de água avermelhada, lotada de flamingos por todos os lados que se olhe, e rodeada de montanhas. Altitude de 4.278 m. Como havia sol ainda, segui até o mirante para ver a laguna do alto. Foi um espetáculo, e valeu bastante a pena de um dia cansativo. A pousada em que estamos é bem rústica, com banheiros precários sem água, e quartos coletivos. Por uma noite, tudo bem. Durante o jantar, Phillipe trouxe um termômetro digital: 6º C dentro da pousada. Fora, ainda mais frio: 1º C !! A cena do dia preparada pelo sr. Octavio foi o prato típico picamacho, feito com cebolas, batatas fritas, salsichas, carne, tomate e ovos cozidos. Muito bom mesmo. Tudo regado a vinho, tinto e branco. Como não havia muito o que fazer, fui dormir, assim como os outros. Amanhã vamos acordar muito cedo para o último dia de roteiro.
Na sequência, visitamos as cinco lagunas altiplânicas. A primeira (Cañapa), a segunda (Hedionda) e a terceira (Honda) tem uma coloração azulada e estão lotadas de flamingos, um espetáculo da natureza. As duas seguintes (Charcota e Ramaditas) não tem fauna.
Depois dessa peregrinação por lagunas, seguimos adiante e chegamos ate o monumento natural Arbol de Piedra: como diz o nome, parece uma arvore de pedra, só que esculpida pelo vento. Esse mesmo vento que faz a gente se sentir dentro de uma geladeira, a despeito de estarmos em um deserto.Para fechar o dia cansativo, chegamos ao nosso local de pouso, e também o mais bonito de hoje: Laguna Colorada. Esta laguna se localiza dentro do Parque Nacional Eduardo Avaroa, que por sua vez esta dentro do Desierto de Siloli. A laguna é uma imensa porção de água avermelhada, lotada de flamingos por todos os lados que se olhe, e rodeada de montanhas. Altitude de 4.278 m. Como havia sol ainda, segui até o mirante para ver a laguna do alto. Foi um espetáculo, e valeu bastante a pena de um dia cansativo. A pousada em que estamos é bem rústica, com banheiros precários sem água, e quartos coletivos. Por uma noite, tudo bem. Durante o jantar, Phillipe trouxe um termômetro digital: 6º C dentro da pousada. Fora, ainda mais frio: 1º C !! A cena do dia preparada pelo sr. Octavio foi o prato típico picamacho, feito com cebolas, batatas fritas, salsichas, carne, tomate e ovos cozidos. Muito bom mesmo. Tudo regado a vinho, tinto e branco. Como não havia muito o que fazer, fui dormir, assim como os outros. Amanhã vamos acordar muito cedo para o último dia de roteiro.
Dicas: Por mais que se descreva muito bem, nunca é fiel a sensação de frio que se passa a grandes altitudes. É um frio que te vai até os ossos, muito incômodo mesmo. Por isso, recomendo que traga equipamentos (roupas, principalmente) que suportem bem baixas temperaturas, pois assim facilita um pouco mais a sua vida nesse lugar lindo, mas inóspito.
Eu e Marie |
Salar de Chiguana |
Salar de Chiguana |
Horizonte no Salar de Chiguana |
Vulcão Ollangue |
Laguna Cañapa |
Laguna Cañapa |
Laguna Honda |
Guanacos pelo caminho |
Arbol de Piedra |
Parque Nacional Eduardo Avaroa: Laguna Colorada |
O local de pernoite dentro do Parque Eduardo Avaroa |
Laguna Colorada |
A Laguna Colorada, parcialmente congelada: a cor vermelha se dá por causa das algas ali existentes |
E faz frio, viu!! |
Bela vista da Laguna Colorada |
Formações ao redor da Laguna Colorada |
Salar do Uyuni - 3º dia (15/9)
4h45 da
manhã, e o nosso vetusto guia bate na porta do quarto. Não sei quantos graus
fazia naquele momento, mas a sensação era de que estava mas frio do que na
noite anterior. Lavar o rosto e escovar os dentes foi uma tortura. Eu estava no
piloto automático. Às 5h30, depois do desayuno, seguimos. Nem sinal do sol.
Meus pés estavam congelados, uma sensação que eu não recomendo para ninguém. Até
o sol nascer, e até uma hora depois, o frio é absurdo. Nesse ínterim, paramos
para visitar os gêiseres,
soltando vapor d´agua quentíssimo a 5000 m de altitude. Deu um certo alívio ficar
ali, pôr os pés e mãos naqueles jatos de vapor que saem dos buracos no chão, a
cerca de 100ºC. Isso se dá devido ao contato da água no subterrâneo com a lava.
Mas o cheiro de enxofre é forte, ou seja, cheiro de ovo podre…
Seguimos adiante, ate um lugar bem legal: as águas termales. Ali tirei minha bota e meti meus pés naquela água caliente, de 28ºC a 30ºC e fiquei ali, só curtindo. Aquilo me salvou, de verdade. Me ajudou a espantar aquele incomodo que eu passava com o frio nos pés. As termales são como uma piscina no meio do nada, de onde brota água diretamente do subsolo, também em contato com lava.
Meia hora por ali curtindo, e tivemos que ir, agora para Laguna Verde, aos pés do vulcão Licancabur. A paisagem é um espetáculo: uma lagoa verde-claro imensa, e uma montanha avermelhada (o Licancabur!) ao fundo. Ali fiz um totem de pedra em homenagem a Pachamama, a mãe-terra. Ali ela caprichou mesmo!
O tour seguiu, agora até a Laguna Blanca, que tem esse nome devido a sua coloração. Naquele momento se encontrava congelada. Ali o casal alemão se separou de nós: iriam escalar o Licancabur no dia seguinte. Deixaram saudades.
A partir deste momento, tecnicamente o tour acabou. Só nos restava almoçar e encarar cinco horas de estrada empoeirada de volta ate Uyuni. Almoçamos em uma vila chamada Villa Mar, e depois rasgamos o deserto até Uyuni, com algunas paradas para banheiro. As 18h, chegamos em Uyuni, cansados mas satisfeitos. Peguei com Rosemary (da agência Olivo Tours) meu bilhete de trem para Oruro, e voltei ao Residencial Wara del Salar, para uma ducha e também para poder arrumar as coisas para a viagem, que seria as 00h15.
Seguimos adiante, ate um lugar bem legal: as águas termales. Ali tirei minha bota e meti meus pés naquela água caliente, de 28ºC a 30ºC e fiquei ali, só curtindo. Aquilo me salvou, de verdade. Me ajudou a espantar aquele incomodo que eu passava com o frio nos pés. As termales são como uma piscina no meio do nada, de onde brota água diretamente do subsolo, também em contato com lava.
Meia hora por ali curtindo, e tivemos que ir, agora para Laguna Verde, aos pés do vulcão Licancabur. A paisagem é um espetáculo: uma lagoa verde-claro imensa, e uma montanha avermelhada (o Licancabur!) ao fundo. Ali fiz um totem de pedra em homenagem a Pachamama, a mãe-terra. Ali ela caprichou mesmo!
O tour seguiu, agora até a Laguna Blanca, que tem esse nome devido a sua coloração. Naquele momento se encontrava congelada. Ali o casal alemão se separou de nós: iriam escalar o Licancabur no dia seguinte. Deixaram saudades.
A partir deste momento, tecnicamente o tour acabou. Só nos restava almoçar e encarar cinco horas de estrada empoeirada de volta ate Uyuni. Almoçamos em uma vila chamada Villa Mar, e depois rasgamos o deserto até Uyuni, com algunas paradas para banheiro. As 18h, chegamos em Uyuni, cansados mas satisfeitos. Peguei com Rosemary (da agência Olivo Tours) meu bilhete de trem para Oruro, e voltei ao Residencial Wara del Salar, para uma ducha e também para poder arrumar as coisas para a viagem, que seria as 00h15.
Me
encontrei com Bastian, o alemão do tour, numa pizzaria chamada Arco Iris (plaza
del Reloh) e ficamos ali, comendo, bebendo e papeando ate
umas 23h, quando então fomos para a estação de trem.
O
trem
O
trem que vai de Uyuni para Oruro me surpreendeu. Claro que eu fui numa classe
boa (Ejecutivo),
que seria como a primeira classe (há ainda a Salón e a Popular).
Paguei Bs. 101 e posso garantir que o serviço é bom. Logo quando entramos
no vagão e achamos nossos assentos, já nos foi oferecido um sanduíche de queijo
e mortadela quente, mate de coca, travesseiro e uma manta boa para passar a
noite. A
viagem dura sete horas, das quais eu vi poucos minutos. Dormi a maior parte do
trajeto, descansando um pouco do cansativo dia que tinha passado no Salar de
Uyuni. No meu vagão, maioria absoluta de gringos.
Dicas: Vale a pena investir Bs. 101 no trem
que vai para Oruro: a viagem é mais tranquila, não tem poeira nem estrada ruim!
Você chega as 7h em Oruro e, se quiser, vai para La Paz no mesmo dia (são três
horas em estrada boa). Eu sou suspeito para falar, ja que adoro trens, mas o
serviço é muito bom mesmo!
Oruro (16/9)
Gêiseres a 5 mil metros de altura |
Lama fervente em um geiser |
Águas termales: local para banho |
Laguna Verde, com o Licancabur ao fundo |
O belíssimo vulcão Licancabur |
Despedida de uma parte do grupo, na Laguna Blanca |
Esperando o trem para Oruro |
Cheguei
a Oruro, a cidade do Carnaval boliviano. Bastian e eu nos separamos aqui. Ele
tem uma “família” boliviana em Oruro graças ao intercâmbio da irmã. Eu
tenho o Hotel
Hudson, por Bs. 120. Bom
custo benefício. A ideia aqui é não fazer nada, apenas descansar e me preparar
para os dias em
La Paz. Procurei lavanderias por
aqui, mas não existem. Acabei só usando a internet e indo almoçar num lugar
chamado El Negrito, comida boa, serviço confuso, mas preço justo de Bs. 14. Fiquei
de bobeira na praça principal, olhando as pessoas, o movimento. A praça é bem
organizada, limpa. Fui caminhar um pouco, mas não há quase nada para ver. De
interessante, o mercado Fermin
Lopes, com algumas
coisas bem típicas, e outras tantas made
in China.
De
noite saí para comer alguma coisa, e acabei indo comer em um restaurante
chamado Ardentia, uma boa truta defumada por Bs. 30. Para fechar, acabei
comprando alguns doces por Bs. 8. Depois disso, só restou ir dormir. Amanhã, La Paz.
La Paz (17/9)
Acordei às 8h. Fui tomar banho, e me dei conta que minhas sandálias
havaianas tinham sumido. Fui furtado no hotel. Mas porque as sandálias?
Fazer o quê... Na hora do banho, um filetinho de água quente. Parece que o dia
começou bem...Praça central de Oruro |
Belo edifício colonial |
Arrumei minha mochila e peguei um táxi até o terminal de buses e fui procurar uma flota de buses para La Paz. São várias, e acabei
escolhendo na base do unidunitê: Flota Boliviana por Bs. 15, sendo que se paga o
já famoso permiso de uso
del terminal por Bs.
1,50.
A viagem dura mais ou menos três horas e foi bem tranquila, a estrada que
liga Oruro a La Paz é a melhor que eu peguei até agora.
Quase no final da viagem, que ia muito bem, sobe um rapaz evangélico e
começa a pregar para os queridos hermanos. Ficou nessa uns 20 minutos (para
mim, uma verdadeira eternidade), cantou, ajoelhou no corredor para no final
fazer o que?! Ganha um doce quem respondeu "pedir dinheiro"... E o
meu bom humor, que já estava meio abalado desde cedo, sofreu mais um duro
golpe...(rsrs)
Bem, estou em La Paz
finalmente! Cheguei à rodoviária da cidade e me surpreendi com a infra do
terminal, comparando com os moquifos por onde passei na Bolívia. Logo saí e fui
procurar um táxi. A corrida saiu por Bs. 10 até o Hotel Torino (calle Socabaya, 457. Tel.: 2408667),
cujo endereço eu tinha pegado de um folheto do Hostelling International. Fica num
casarão antigo, que tem um pátio interno bem grande onde fica um restaurante.
Os quartos são bem simples, e custam Bs. 45.
Logo me ajeitei e fui arrumar algumas coisas. Primeiro, levar as roupas para
alguma lavanderia, o que me custou Bs. 21 por três quilos de roupas sujas.
Aproveitei um pouco e fui dar uma volta pela Plaza Murillo, a principal aqui de
La Paz. É muito
bonita e com vários prédios antigos e imponentes ao redor, além da capela.
Um dos edifícios é o Congresso Nacional.
Fui caminhando até encontrar um mercado público chamado Lanza, que eu já tinha visto em
anúncios pela TV. É uma realização do prefeito de La Paz , muito bem organizado e
limpo. Comprei um tipo de super bonder (se chama aqui La Gotita ) para arrumar minha mochila, por
Bs. 9, e o dinheiro vai indo... Continuando com a minha peregrinação, entrei em
uma loja para comprar um chinelo genérico das havaianas numa loja chamada Manaco, e nesse lá se foram mais
Bs. 12. Foda...
O Hotel Torino conta com uma agência de turismo em seu interior, e fui lá
perguntar sobre alguns passeios. Vou fazer uma pesquisa maior, mas os preços me
parecem bons.
Voltei a Plaza Murillo para passar um tempo olhando as pessoas e a
quantidade assombrosa de pombos que existem nesta praça. Logo fui dar um rolê,
conhecer outros hostels aonde possivelmente vou me hospedar daqui a alguns
dias. Já decidi que vou ficar em mais de dois hostels por aqui.
Acabei fechando um roteiro para visitar Tiahuanaco (ou Tiwanaco)
amanhã, por Bs. 50 (transporte), fora os Bs. 80 da entrada do parque.
Quando me dirigia para o meu quarto, ainda na recepção, conheci um chileno
gente boa chamado Fernando,
que está aqui com mais dos amigos. Ficamos batendo um papo bem animado e bem
politizado, regado a vinho e a queijo. Todos bem animados. Combinamos de sair
para um bar chamado Mongo´s,
bem conhecido por aqui. Ri muito com esses caras, além de Fernando havia também Marcelo e Henrique,
todos com altas histórias engraçadas. Foi uma boa noite, muito divertida. Amanhã
eles partem para Arica (CHI),
e de lá para Santiago. Acho que nasceu daí mais uma bela amizade nessa trip
doida pela Bolívia e Peru. Amanha vou às ruínas de Tiahuanaco.
Acordei cedo para ir a Tiahuanaco,
cerca das 7h já estava de pé e logo desci para desayunar por Bs. 8. Exatamente às 8h22 chegou o
guia da agência e embarquei no bus. O grupo estava composto por 12 pessoas,
canadenses, americanos, alemães, franceses e três brasileiros (eu e mais um
casal).
A viagem até Tiahuanaco dura cerca de uma hora e meia, pela mesma estrada que
vai para Oruro. Setenta e dois quilômetros depois, chegamos a um povoado, e já
se pode avistar algumas ruínas que serão visitadas mais tarde.
Nosso guia do dia, um senhor chamado Teddy,
torcedor do Atlético-MG (!!) e trilingue (se bem que o inglês dele parece de
filmes classe B mexicano...) recolheu o dinheiro de todos para pagar a entrada
do parque: Bs. 80 para estrangeiros, Bs. 10 para bolivianos.
Começamos a visita pelo museu dos monólitos, com um monólito chamado Bennet (nome do descobridor da peça...) que
data de 500 d.C. É uma peça de arenito com 7 metros de altura, todo
esculpido em uma única peça. Impressiona bastante, ainda mais pelos
detalhes e o tempo que está entre nós.
Passamos para outro museu logo em seguida, que conta um pouco da história de
diversas civilizações que de algum modo estiveram passando por aquele
território. O museu é bem rico em material, mas a visita é bem turística,
bem para gringo mesmo.
Na saída deste museu conheci uma boliviana chamada Kimberly que estava meio
perdida, acabamos integrando ela ao grupo. Passamos então para as ruínas a céu
aberto. São quatro áreas com diversos tipos de ruínas, totens e monólitos.
Levam-se uns quarenta minutos nessa visita, mas vale a pena, é história in loco. Nesse tour fiz amizade com o
casal brasileiro, ou mais ou menos brasileiro como descobriu depois: Vânia e Jesse. Ela baiana, ele
norte-americano. Gente boa, bom papo, foi bem legal. Kimberly ficou bem próximo
da gente também. Para constar, ela é de San Ignácio
Velasco (BOL), perto da fronteira com Brasil. Ficamos nesse
"grupo" sempre juntos e conversando. Almoçamos por lá mesmo (Bs. 25
por uma truta) e por volta das 15h estávamos de volta a La Paz. Foi tudo muito
tranqüilo. Nos despedimos de Vânia e Jesse, e eu e Kimberly aproveitamos para
passear um pouco por La Paz.
Era a primeira vez dela na capital boliviana. Passamos numa
cafeteria, e depois fomos conhecer o Museo Nacional
del Arte (calle Comercio com Socabaya), que fica bem na esquina
do Hotel Torino. É um casarão do século 18, simplesmente fantástico, que abriga
varias obras de arte.
O museu fechou ás 17h30, e eu e Kim ficamos um pouco ali na Plaza Murillo,
papeando e vendo aquele monte de pombos...(rsrs). Ás 18h eu fui embora, e Kim
foi para o terminal de buses pegar seu ônibus para Santa
Cruz de la Sierra.
Acabei a noite ficando de boa, o cansaço bateu. Amanhã, Chalcataya.
Dicas:
Muito protetor solar em Tiahuanaco, o sol pega forte lá.
Mais uma vez acordei por volta das 7h, desta vez para fazer dois roles: a
subida ao Chalcaltaya e o Valle de la Luna.
A rotina de sempre:
levantar, higiene, arrumar a mochila, descer para tomar o desayuno (desta vez mais encorpado, com
omelete, Bs. 22). Subi de volta para a recepção do hotel, onde um casal
brasileiro também espera pela chegada do guia, como eu: Paulo e Elza. Começamos uma
conversa ali que durou quase todo tour. Eles vivem em Ollantaytambo, num sitio um pouco
distante do centrinho. Quando eu passar para o Peru, farei uma visita a eles.
Me deram dicas preciosas sobre alguns locais de ruínas incas ainda pouco
exploradas e conhecidas, vamos ver adiante!
Aliás, nesse tour o que mais tinha era brasileiro: de dez pessoas, são 4 eram
estrangeiras, o resto tudo Brasil, sil, sil...(rs)
A van começa a subir em direção a El Alto, cidade vizinha a La Paz , e logo entra em uma
estrada de terra. Paramos rapidamente para comprarmos provisões (comprei
bananas a Bs. 2), e andamos mais uma hora quase, subida íngreme, já na
montanha. Visual já começa a deixar o pessoal bem animado. Ate ali, a altitude
não tinha causado estragos. Com a van chegamos até o ponto onde o Clube Andino Boliviano tem um abrigo. Ali descemos e pagamos
Bs. 15, dos quais não recebi nenhum voucher ou recibo, e começamos a penosa
subida de 160 metros
ate o topo da montanha. A mais ou menos 5.300 metros de
altitude tudo fica mais difícil. Cinco passos, e você já esta sem ar!! E olha
que eu já estou aclimatado. Uma senhora passou bastante mal. Só que o visual la
de cima compensa qualquer sofrimento: se vê toda a Cordilheira Real, com vários
picos nevados (Huayna Potosi, Condoriri), Coroico e até parte de onde começa a Amazônia
boliviana. É de impressionar e tirar o resto do fôlego que nos resta. No topo, 5.460 metros .
Ficamos ali um tempo, apreciando aquela visão estupenda, até que o guia, Juan, nos chamou. Era hora de irmos. Uma
pena...mas valeu!
Descemos então 2.000
metros , ate La
Paz , e seguimos até o extremo sul da cidade, cortando o
bairro mais chique daqui (Zona Sur, alta renda mesmo!) até
chegarmos ao Valle de la Luna.
É uma formação natural, como o fundo de um lago que secou e posteriormente
foi erodido pela chuva e vento. Chato, previsível e dispensável.
Na volta ao centro, um pouco do transito dominical de La Paz , e descemos perto do
hotel. Eu, Paulo, Elza e mais um casal brasileiro fomos comer alguma coisa numa
pizzaria chamada Napoli (Plaza
Murillo) e
ficamos papeando ali ate umas 18h, quando então nos despedimos. Eu fui
descansar um pouco.
De noite, sai para tomar um café no Alexander´s Coffe
(calle Socabaya com Potosi), lugar
agradável e bem quentinho nesta noite fria paceña.
Logo depois sai caminhando, não queria dormir cedo. Sai por La Paz , desci a Av. 16 de Julio,
uma das principais aqui, e que muda de nome durante o trajeto. No local em que
ela fica mais bonita, mais iluminada, cheia de gente e de lojas, ela se chama El Prado. Vários jardins no meio da
avenida, as pessoas sentadas, esculturas enormes. Tudo muito agradável. Uma das
avenidas mais agradáveis em que eu já caminhei. Nessas eu acabei entrando num
cinema, e resolvi ver una pelicula,"Ciudad de las
Tormentas", nome
local para o filme Green Zone (Zona
Verde) com Matt
Daymon. Ingresso a Bs. 20, pipoca (fria) a Bs. 4,50. E uma sala para quinhentas
pessoas ocupada por 5 (eu e mais dois casais, sendo que um deles foi embora
antes do fim...).
Voltei caminhando, quase meia-noite, e bastante gente na rua ainda. Segurança e
tranqüilidade. Isso é Bolívia.
Dicas: Bom, Chalcataya não é nenhum Everest,
mas se você não estiver minimamente aclimatado e preparado, vai passar mal. Eu
vi uma senhora passar bem mal lá. Se for fazer, espere uns dias ate se sentir
bem em La Paz. O
Valle da la Luna
é um passeio pra otário, nem o gringo mais inocente gosta daquilo. Cada um com
a sua experiência, mas eu não curti e não recomendo. Altamente recomendável é
passear pela Av. El Prado, bem devagar e tranqüilo. Escolha um café ou
restaurante, e fique ali. Vale a pena
Dormir foi um pouco complicado hoje, graças a um grupo de jovens bolivianos que
ficaram fazendo festinha no quarto até umas 2h30 da manha. Fucking hell...
Pela manhã, levantei disposto a fazer umas comprinhas de artesanato, coisa
pouca e barata, e também fazer uma cotação de preços nas diversas agências
espalhadas na turística calle Sagarnaga.
Acabei fechando com a mais cara (!), sobretudo pela confiança e o
atendimento atencioso que me passaram. A operadora do tour de bike pela Ruta de
la Muerte foi a Madness,
quinze anos no mercado. Paguei por esse tour com desayuno, almoço, piscina e ducha no
final, transporte e todo o equipamento Bs. 488,
o que corresponde a R$ 150, mais ou menos. Saio amanhã as 6h30.
Almocei num restaurante vegetariano bem bom, dentro do Hotel Torino, menu del dia por Bs. 20. encontrei o casal
brazuca Paulo e Elza almoçando por ali também, e acabamos batendo um papo.
Combinamos de tomar um vinho mais tarde, para eu pegar mais umas informações e
dicas sobre Ollantaytambo (eles moram la, né!).
Logo depois do almoço fui visitar um mirador conhecido aqui em La Paz , chamado Killi Killi, que fica num bairro
bem alto chamado Villa Pavon.
Daí se tem uma visão privilegiada de 360º da cidade. Impressionante, e este é
de graça!
Voltei caminhando desde o Killi Killi, e fui visitar uma rua bem especial aqui,
a calle Jaen. É uma
rua com passagem só para pedestre, bem estreita, e com casarões dos sec. 17, 18
e 19. Nesta rua se concentram quatro museus e várias peñas folkloricas, bares com música
típica boliviana. Como é segunda-feira, tudo estava fechado, menos o Museo de los Instrumentos.
Por Bs. 5, você pode conhecer um museu muito interessante, tocar instrumentos,
é uma viagem esse museu. E aproveita para saber um pouco mais sobre o seu
criados, Ernesto Cavour,
um maestro importante por aqui, tocador de charangos.
Recebi um e-mail do Ben, o garoto americano, dizendo que meu chapéu (que eu
havia esquecido em Sucre e ele fez o favor de pegar pra mim) estava na recepção
de um hostel chamado Loki,
aqui em La Paz. Fui
buscar, mas disseram que não estava lá, pediram para voltar na quarta. Foda...
Fechei a noite com o Paulo e a Elza, tomando uma botella de vinho e conversando sobre várias
coisas. Vou passar uns dias com eles lá em Ollantaytambo, assim que entrar no
Peru.
Dicas:
O melhor lugar para comprar lembrancinhas, artesanato e afins é na calle de las Brujas, lugar que
ficou conhecido como Mercados de las
Brujas. De bruxaria não tem nada, de mais bizarro só uns fetos
de lhama ressecados... Chore bastante os preços, te garanto que vai conseguir
uns descontos bons. E peca também uma yapa,
que é um presentinho por comprar ali. Sempre dá certo.
Ruta
de La Muerte por bicicleta.
Teria de estar as 6h30 da manha em frente à Madness, para fazer odesayuno,
que já estava incluído no esquema. Pedi ao senhor da recepção para me despertar
as 5h30, mas é claro que o caríssimo esqueceu. Acabei levantando sozinho, ao
som das badaladas da Catedral, que está em frente ao Hotel Torino. 6h15 e eu em
frente à operadora. Foi chegando mais gente, éramos onze no total. Só eu de brasileiro.
Bacana.
O desayuno estava incluído, como já disse, e foi
bem ao lado da operadora, em uma salteñaria snack como se diz aqui. Mas foi tão
rápido que só consegui comer duas torradas!
Logo saímos e nos foram passadas as instruções iniciais, apresentações e a
distribuição do equipamento: capacete luvas, calça e um colete laranja, que
identifica o grupo. Ganhamos ainda, cada um, uma camiseta como presente,
escrita : Survivor Death
Road (Sobrevivente
da Rota da Morte).
Subimos na van, e fomos em direção à estrada que liga a parte alta a Coroico,
lá embaixo. Nesta parte, o visual é bem legal, montanhas por todos os lados.
Ali são passadas mais recomendações, e finalmente nos liberam as bikes.
Equipamento ok, boa manutenção. Nosso guia, Hector,
gente boa e bem humorado. De repente ele pergunta: "Are you ready?" e
assim começamos a descida de bike mais louca que eu já fiz.
Esta primeira parte é toda feita numa estrada asfaltada, com um visual animal:
altas montanhas, estava cercado de montanhas, e eu ali, naquela bike, descendo
numa velocidade que fazia o coração disparar. É downhill puro, o vento na cara, adrenalina a
mil. Eu me divertia, fazia ziguezague, ali me tornei uma criança. Teve gente
que não gostou, duas sapatonas da Alemanha foram reclamar com o guia (!), el chico brasileño és loco. Que se
f..., aproveitei muito!
Fizemos algumas paradas ao longo do trajeto, uma inclusive para pagar Bs. 25 a título de manutenção da
estrada, e outra para verificação da Policia Anti-Narco. Chegamos a um
ponto da estrada onde saltamos das bikes e entramos nas vans novamente. Somos
transportados até o início da esperada Ruta de la Muerte , uma estradinha de
terra que vai bordejando penhascos imensos, curvas "cegas" onde não
se vê o que vem adiante, e o cânion, um espetáculo da natureza. Chega a dar um
medo mesmo, de passar batido nas curvas e cair nos penhascos. Mas a diversão
está justamente aí! Adrenalina pura.
Segundo as informações que tirei, esta estrada já existia há muito tempo, mas
foi "melhorada" com o uso de prisioneiros de guerra paraguaios, na
década de 30 e 40. São 68 km
no total.
Bom, o que posso dizer é que foi incrível. Já na parte final, cruzamos com
muitos rios e cachoeiras que despencam dos paredões. A brincadeira acaba no
povoado de Yolosa,
eu feliz, cansado, adrenado, tudo junto. E com uma cerveja Huari na mão, porque
não sou de ferro.
Daí seguimos mais 20 minutos, agora para um banho de piscina, ducha e almoço.
Tudo já estava incluído. O local onde ficamos se chama Sierra Verde. As 14h45 voltamos
para La Paz , mas
s chegamos às 17h. Ganhamos um CD com as fotos da trip, maneiro!
Na chegada, passei em uma farmácia e comprei umas latinhas de crema de lechuga, de chirimoya (para hidratar os lábios) e
soro fisiológico. Aproveitei também e já comprei a passagem para Copacabana, amanha às 7h30.
Eu estava bem contente, queria comemorar. Fui comer em um lugar típico
boliviano, chamado Verona (Av.
Marsica Santa Cruz com calle Colón). Dia 21/9 aqui é o Dia del Amor, e também início da
primavera, tudo muito significativo na Bolívia. vários casais nas ruas. Acabei
comendo um lomo montado fabuloso, o melhor até agora, do jeito
que eu queria. Recomendo!
Como era minha última noite em
La Paz , resolvi tomar umas: fui ao Mongo´s de novo. Casa
lotada, mas estava divertido. Acabei conhecendo uma turma bem legal, saímos do
Mongo´s e acabamos a noite em um karaokê no extremo sul de La Paz , num bairro chamado San Miguel. Caramba, 3h da manha
estava de volta ao hotel, daquele jeito...(rs)
Dicas: Fazer o downhill pela Ruta de la Muerte é mais fácil do que
parece. No grupo em que eu estava tinha todo tipo de gente: desde os que já
andavam de bike há muito tempo, como os que só passeavam ao redor da quadra de
casa. Então não tenha medo, na verdade tenha medo sim, medo de não se aventurar.
O resultado, no final, é ótimo!
Copacabana (22/9)
Acordei um pouco assustado, achando que tinha perdido a hora. Foi só um susto.
Eram 6h30 da manha, e eu tinha uma hora até o bus passar no hotel para me
pegar. Comigo, mais quatro brasileiros, todos de MG.
Depois de nos pegar, o ônibus ainda passou no terminal,
e aí lotou de jovens bolivianos. Puta barulheira...(rs)
A viagem até Copacabana dura cerca de quatro horas, e o
caminho é muito bonito, sempre margeando o Lago Titicaca.
No meio da viagem, somos obrigados a fazer uma travessia de balsa em San Pedro de Tiquina: o ônibus vai
numa balsa, e nós em um barco, pagando pela travessia Bs. 1,50. Quando se chega
a Copacabana, o queixo que já está caído pela visão do lago durante o caminho
acaba de despencar pela vista que se tem da cidade. Copacabana é realmente uma
cidade muito agradável.
Me hospedei num hostal chamado 6 de Agosto
(calle 6 de Agosto), com
baño
privado e tv a cabo
por Bs. 20. Logo saí para conhecer a cidade. Subi o Cerro Calvario, de onde se tem uma
vista espetacular do Titicaca e da cidade. Desci do Calvario com fome, e fui
almoçar no restaurante do Hotel Embassador
(calle Bolivar com Calle Jareugui), comi um menu del dia com truta assada, prato
típico aqui, bem legal e barato (Bs. 12).
Acabei comprando o transporte para a Isla del Sol, mais uma noite num hostel da ilha e na
volta o ônibus para Cusco,
para o dia 24/9. Amanha às 8h30 pego o barco para a ilha.
Aproveitei para ver a "praia" que o lago forma aqui em Copacabana. A praia
homônima mais famosa, no Rio de Janeiro,
deve seu nome a esta aqui. Só que aqui reina uma calma absoluta. Ficar
contemplando o lago é entrar em outra sintonia, mais calma, respiração leve.
De noite fui comer mais uma trucha,
num restaurante bem na orla do lago. O dono, senhor Ramires, muito simpático, ficou
conversando comigo, quando chegou uma galera brasileira. Logo nos enturmamos,
trocamos impressões, idéias. Eles seguiam para La Paz. Eu , para a fascinante
Isla del Sol.
Dicas:
Aproveite tudo o que Copacabana tem para oferecer, mas cuidado com os preços,
alguns são bem abusivos. Internet por exemplo, é caríssimo. Já as trutas são
baratas, e muito boas. Vá aos restaurantes da orla, são mais baratos e menos
turísticos.
Isla del Sol (23/9)
Acordar cedo virou rotina para mim aqui na Bolívia. Hoje não foi diferente:
levantei às 7h, e j disposto a aproveitar bem meu dia na Isla del Sol.
Isla del Sol fica a duas horas e meia de barco de Copacabana,
desembarcando na sua ponta mais distante, a ponta norte, onde eu desci. Logo
somos recepcionados no porto por um guia da comunidade Challa Pampa,
e somos convidados a comprar o ingresso que dá direito a ver todos os sítios
arqueológicos da ponta norte, por Bs. 10. Você pode andar nos sítios sem um
guia, mas tem que comprar o boleto.
Nosso guia se chama Gérman,
um verdadeiro guia de comunidade. O cara é extremamente simpático e conhece
muito da região. Caminhamos, no total, pouco mais de uma hora visitando locais
como a Piedra Sagrada, Templo del Inca, Roca Sagrada e a Mesa de Sacrificios. Os incas
estiveram bem presentes na ilha, faziam sacrifícios ali, e consegue-se sentir
uma energia diferente no lugar. É sobre tudo um lugar de paz, muita paz. O azul
do Titicaca nos cercando a todo momento, incrível. Se eu pudesse resumir em uma
palavra, essa palavra seria paz.
No final da visitação, como "contribuição voluntária" de Bs. 10 para
o guia (achei até pouco pelo bom trabalho dele), peguei a trilha que cruza a
ilha de Norte a Sul. 12h45, e o sol não parece queimar muito, mas é engano: na
altitude de 3.900
metros você quase não percebe, mas está torrando!
Ajeitei a mochila e comecei a andar. Não dá para descrever com perfeição as
paisagens desta ilha: o Titicaca parece um oceano, e na ilha chegam a formar-se
até algumas praias (de pedra, não de areia).
No meio da trilha há uma boleteria:
mais Bs. 5 para poder fazer a trilha. E há um posto de controle mais adiante.
Turismo convertido para a comunidade.
Continuamos seguindo, andando por uma crista de onde sempre estamos vendo o
Titicaca. Já no final, uma surpresa não muito boa: mais uma boleteria, cobrando
Bs. 5 para permitir a entrada ao poblado de Yumani. Ninguém me avisou
desta cobrança e resolvi conversar com o senhor que cobrava. Acabei pagando Bs.
4, na verdade as únicas moedas que eu tinha ali. Quatro israelenses que também
reclamaram (mas com mais arrogância, chamando o tiozinho de imoral!) tiveram de
pagar Bs. 5 mesmo. Chupa!
Passado esse imbróglio, fui procurar o hostel que eu já tinha pago em
Copacabana: Hostel Puerta del Sol. Vista
maravilhosa, condições precárias. Eram umas 15h e o dono não estava, quem me
atendeu foi um rapaz simpático mas meio preguiçoso. Para piorar, dez minutos
depois o rapaz sumiu, e adivinha quem tentava responder algumas perguntas
básicas sobre o hostel? Uma menininha de uns oito anos chamada Ana,que estava sozinha ali!
Insólito, puta irresponsabilidade.
Devo dizer uma coisa: apesar dessas coisas, o povo da ilha é extremamente
simpático. Na Bolívia o povo é muito simpático, mas na Isla del Sol a simpatia
alcança um grau a mais.
Esperei os restaurantes abrirem para comer uma trucha do lago. Escolhi o restaurante que
pertence à família dona do hostel. Comida razoável para um serviço bem
ruinzinho. Paguei caro, proporcionalmente falando: Bs. 50. E ficaram me devendo
Bs. 5 ainda...
O povoado de Yumani é bem pacato, não tem nada para fazer aqui. Depois do
jantar, o jeito foi andar um pouco (só onde não tem escadaria...rs), apreciar a
lua cheia maravilhosa que iluminava todo o Lago e em seguida fui dormir. Recorde
total: 20h45 e eu deitado, escrevendo estas linhas. Amanha sigo a Cusco. Vou
para o Peru!
Dicas:
Caramba, a Bolívia me surpreende cada vez mais... a Isla del Sol é um lugar
impressionante, natureza e cultural juntas, em harmonia. Quem me
conhece sabe que não curto guias e tal, mas esse aqui eu recomendo: Gérman
Huanca. A família dele tem um hostal na parte norte, chama Hostal Inti Paxsi (do aimará, Sol e Lua). O cara
é bom, simples e gente boa. Em Copacabana as agências não passam infos
corretas, é possível ficar bastante dias na parte norte da ilha, há muitas
coisas para fazer lá: trilhas, mergulho, pesca. Imperdível. Na parte sul a
mesma coisa. Só não posso recomendar o hostal Puerta del Sol, apesar da
simpatia e da vista linda, o lugar não está legal.
Isla del Sol -
Copacabana - Cusco (24/9)
Acordei com a visão do Lago Titicaca ensolarado da minha janela. Meu barco de
volta a Copacabana só sairia às 15h30, então teria que matar o tempo ali de
alguma forma.
Fui tomar o desayuno no mesmo lugar onde comi a trucha ontem: pão, geléia e mate de coca, por
Bs. 10, mas só paguei Bs. 5, porque ela ficou me devendo. Logo sentei numa
cadeira, que fica bem em frente ao hostal, aquela paisagem do Titicaca, a
paz... dormi sentado. Acordei lá pelas 11h, sol na cara.
Escolhi um outro lugar para comer, acabei ficando no Las Farolas, onde mandei ver mais
uma truta, desta vez a la mantequilla,
muito boa. Fiquei ali até a hora de descer para o cais, por volta das 14h15.
No cais fiquei até as 15h30. Aproveitei e enchi uma garrafa de dois litros com
água da Fuente del Inca,
uma fonte secular de água. Na hora marcada, saímos do cais em direção à
Copacabana. Vou sentir saudades desta ilha. Uma hora e meia depois, estávamos
de novo na simpática cidade à beira do Titicaca.
Meu ônibus para Cusco estava marcado para as 18h30, então
tive tempo para uma ducha e pude arrumar um pouco as coisas. Tentei gastar
todos os meus bolivianos que eu tinha, mas acabei com Bs. 7 no bolso, que
tentaria trocar na fronteira com o Peru.
Me surpreendi com a qualidade do ônibus para Cusco: poltronas confortáveis,
banheiro interno... Flota Titicaca.
Saímos no horário certo, bus quase lotado: alguns indo para Puno, outros para Cusco e alguns
mais para Arequipa.
Rapidamente chegamos à fronteira. Essa parte de documento, passaporte, visto é
sempre um pouco tensa, mas me surpreendeu a rapidez: para sair da Bolívia,
entrar no Peru e trocar moeda não levou nem 20 minutos. Foi bem prático.
Cambiei os Bs. 7 que me restavam por s/ 2,50 (dois e cinqüenta soles) e US$ 50 por
s/ 137,50. O câmbio já não é mais aquela baba que é na Bolívia, vamos ver se
perde poder de compra também.
Seguimos viagem, mas com um diferença: menos uma hora no relógio. Andamos por
cerca de três horas, e começou uma chuva média a medida que nos aproximávamos
de Puno. Parecia o cartão de visitas do Peru, depois de dias secos e céu azul
da Bolívia. Na rodoviária de Puno, deixamos o confortável micro e
passamos para um ônibus maior, confortável também, mas sem banheiro. A saída
estava marcada para as 21h, mas sem chance: por causa da confusão na hora de
guardar as bagagens, saímos às 21h30.
Pelo que eu pude ver do caminho, vale a pena fazer de dia este trecho, a
paisagem com a luz do luar já parecia bem interessante, imagine de dia.
Cheguei em Cusco as 5h da manha.
Dicas:
Se agasalhe bem se for viajar a noite para Cusco, faz um frio absurdo de
madrugada!!!
Cusco - 1º dia (25/9)
Fui abordado por um monte de gente na rodoviária,mas me safei de todos e fui
sentar um pouco para pensar no que fazer. Tinha uma indicação de hotel dada
pelo Paulo e a Elza, mas conferindo no mapa percebi que ficava bem distante da Plaza de Armas. Daí então que
"permiti" a aproximação de uma senhora que representava um hostal
chamado Hospedaje
Conquista (calle Saphy 726. Tel.: 253929 / 984 693041) que fica a duas quadras da Plaza de
Armas, cobrando s/20 por um quarto com baño privado.
Fechei. Dividi o táxi com dois espanhóis que também iam para lá, e a corrida
saiu a s/2 por cabeça.
Eram umas 6h30 e eu tranqüilo, sem sono. Resolvi caminhar. Foi a melhor
escolha.
Cusco é uma cidade de difícil descrição e uma dezena de adjetivos. O impacto
que causam as ruas de Cusco com seu casario, a atmosfera do lugar, tudo é muito
forte. Quando cheguei à Plaza de Armas, não sabia nem para onde olhar. Fui
circulando a Plaza, quando percebi que a Catedral estava aberta e não estava cobrando
entrada (todas as igrejas de Cusco cobram entrada).
Entrei. O que eu vi foi de me deixar paralisado. Difícil descrever, e as
fotografias não são permitidas, então para quem não conhece, cabe só a
imaginação. E vai ser pouco: a Catedral conta com 10 pequenas capelas dentro,
cada uma dedicada a um santo. Enormes altares, entalhados em madeira ou pedra,
cobertos com ouro. A beleza deste lugar é inacreditável. Já visitei
inúmeras basílicas e catedrais, mas a de Cusco está na minha lista top cinco, top três até!
Saí dali meio bobo, mas continuei a caminhar pela Plaza, até que a pilha da
máquina acabou. Eram umas 8h30 e já estava com fome. Resolvi comprar queijo,
presunto e pão em um mercado para fazer uns sandubas e assim economizar uma
grana.
Depois desse desayuno não agüentei e fui dormir. Acordei por
voltas das 12h30, e resolvi tomar uma ducha e ir para a internet, atualizar um
pouco o diário de viagem. Isso levou um tempo, devido ao tempo que eu fiquei
"fora do ar" em Copacabana e na Isla del Sol.
Dando um rolê, entrei em uma agência o comprei o tour para o Valle Sagrado por s/30 (só o transporte), mas
amanha tenho de comprar o Boleto Turístico, que é uma espécie
de passe que te dá direito a visitar 16 atrações em Cusco e na região em volta. Custa s/130, e
sai bem mais em conta do que pagar por cada atração. Baita idéia. Vou comprar o
Boleto em Pisaq.
Alguns passeios perto da cidade vou fazer a pé, nada de tour.
Fui mais uma vez para a Plaza de Armas, e fui abordado por umas meninas
oferecendo massagem. O folheto mostrava uma paciente com pedras quentes, reike,
tudo certo, mas o feeling dizia outra coisa. Agradeci e segui
caminhando. Minhas suspeitas se confirmaram quando fui abordado por umas quinze
meninas mais ao longo da Plaza, todas oferecendo massagem. Depois confirmei com
um pessoal local, era sexo mesmo. As meninas não passavam de 15 anos.
Outro lado meio chato de Cusco: as crianças quase te obrigam a dar uma moeda,
ou comprar algo. Fui literalmente perseguido por uma menininha que queria
vender um gorro, depois queria uma moeda, e finalmente pediu um hambúrguer,
dizia que estava com fome. Este velho coração se apertou, mas resisti e não dei
nada. Acabei escutando que eu era "malo". Putz...(rs). Comprei dois títeres de dedo (fantochinhos de dedo) mais
pela simpatia de duas menininhas do que por outra coisa. Saí meio correndo,
senão elas iriam me vender a Catedral...(rs).
Tive de comprar um protetor solar, os dias na Isla del Sol me ensinaram uma
dura lição: não se brinca com o sol na altitude. Quando estava na farmácia,
começou uma chuva muito forte, deu até granizo! Fiquei abrigado esperando a
chuva passar, e acabei me metendo em um restaurante pequeno e simpático
chamado Mia Pizza (calle
Procuradores 379). Comida
boa, preço econômico. Como era sábado e Cusco tem uma vida noturna bem
agitada, resolvi ir a um bar chamado La Chupiteria (calle
Teqseccocha), um boteco pequeno mas divertido, para quem quer
tomar umas e jogar conversa fora. Tomei dois pisco sour,
mas não sei o que aconteceu, a coisa não bateu legal. Fui embora para o hostal
e deu tempo de chegar ao quarto, onde fui obrigado a chamar meu amigo
Raúúúl...(rs)
Bom, só me restava dormir, amanha tenho o tour pelo Valle Sagrado.
Dicas:
Cusco é uma cidade ideal para quem gosta de andar, observar e perceber o
cotidiano. Andei muito, e ainda não cobri 20% de tudo do que há para ver. Para
os passeios ao redor de Cusco (Valle Sagrado) os preços são praticamente fixos,
até porque esse monte de agências acabam formando um pool, onde você descobre
que todo mundo faz o tour juntos. Turismo no Peru é quase uma máfia...(rsrs).
Vida noturna, essa é a outra face de Cusco. Tem bar e restaurante para todo
gosto e bolso, mas não espere ser atendido personalmente.
Aqui você é só um cara que tem alguns soles, que eles querem. Mas rolam
bastante promoções, uma delas é o 2 x 15,
ou 2 x 18,
você compra um drink (tem vários...) e ganha outro pagando só s/15 ou
s/18. Vale a pena. Ruas calientes: Suécia, Teqseccocha e Procuradores. Sem contar, claro, a Plaza de Armas.
Cusco (Valle Sagrado)
- (26/9)
7h da manha de pé, 8h45 na porta da agência esperando alguém para me pegar.
Chegou um cara, nem bom dia deu, falou sigame e aí começou minha aventura pelo Valle Sagrado, região importante de
sítios arqueológicos perto de Cusco. Em dois dias aqui, já percebi uma
diferença básica entre Bolívia e Peru: a simpatia. Creio que por ser mais
turístico, no Peru o tratamento também é na base do "atacado".
Pegamos o micro na Plaza San
Franscisco, de onde saem vários outros micros em direção ao
mesmo lugar. Excursões não fazem parte da minha filosofia, era uma sensação
estranha.
Primeira parada: Ccorao,
um poblado que vive de vender artesanato para as
excursões que param ali. A turistada desce alvoroçada, afinal são coisas para
comprar... O pessoal da vila oferece mate de coca,
Poe umas lhamas com crianças para os turistas fotografarem. Eu só observo.
Seguimos. Paramos em um mirante para ver uma parte do Valle Sagrado do alto.
Bonito mesmo. E entre uma foto e outra, vou driblando os vendedores de
artesanato.
Próxima parada: cidade de Pisaq.
Também vivem de artesanato, coisas boas aliás. Aqui há um mercado, a comunidade
se juntou para oferecer um melhor serviço. Temos vinte minutos, e o guia Vladimir (depois falo mais dele...) nos
comunica que quem quiser ficar comprando, tudo bem. Os que quiserem ver as
ruínas, entrem no ônibus. Voltaríamos a cidade de Pisaq em uma hora e quarenta
minutos. Legal. Segui para as ruínas. não sem antes comprar o Boleto Turístico (falei dele no relato de
ontem), o que me dá o direito de visitar 16 atrações em Cusco e arredores.
As Ruínas de Pisaq é um lugar especial. E devo me
render aqui à presença do guia Vladimir: sem ele ali, explicando muito bem o
que significava cada uma daquelas construções, seria somente mais um monte de
pedras. Bonitas, históricas, mas sem sentido lógico. Dizemos ruínas por força
do hábito, estas construções estão aí a milhares de anos, e muitas continuam
intactas. Pisaq se divide em alguns setores, como as terrazas enormes onde se testavam o plantio de
novas espécies de batatas e milho, mais acima havia a "escola" onde
eram passados os ensinamentos, e ao outro lado da montanha era o
"cemitério", onde há cerca de dois mil buracos na montanha que foram
usados como receptáculo mortuário. Não deu para ver tudo, tínhamos só uma hora
para explorar tudo (impossível). Fala sério...
Na sequência fomos a Urubamba:
uma parada de quarenta minutos para almoço. Posso dizer que não conheci
Urubamba. Nota engraçada: conversava com um suíço, e ele me falava (mal) de
Lima. Assim que ele saiu para pegar uma sobremesa, levantou-se um senhor de
certa idade já, provavelmente limeño,
e me deu uma "bronca", dizendo para não escutar aquele muchacho, que Lima era linda e coisa e
tal... foi engraçado.
Adiante, seguimos para Ollantaytambo. De todos os lugar, o mais incrível.
Apesar da lotação (e estamos na baixa temporada!), é um lugar realmente de
impressionar os mais chatos. As montanhas, as terrazas,
o suposto Templo do Sol,
a maneira como eles tiravam pedras de uma montanhas a oito quilômetros, e
traziam para baixo. Tudo impressiona e mistifica ainda mais os incas. Como
faziam isso? Agradeci a Pachamama por estar ali.
Uma hora e meia de visita. Pouquíssimo. Mesmo assim foi mais do que
inicialmente seria o normal. O Vladimir teve o feeling de que todos estavam curtindo. Mais
uma vez, as explicações dele complementaram a vista de forma maravilhosa.
As construções, a História e sobretudo a energia de lá é marcante.
Tentando sair de Ollanta, ficamos presos em uma carreata política, todo mundo
gritando somos rechazados,
mas no retrasados. Algo como somos excluídos,
mas não atrasados. Dei minha contribuição também, gritei um
pouco, afinal, somos todos
sudamericanos, né...(rsrs)
Conseguimos sair daquele bloqueio e seguimos para o ultimo lugar do tour, Chinchero. No caminho, já escuro,
pegamos chuva. Chinchero é um lugar para lá de agradável, e a apresentação das
mulheres que trabalham com tecelagem (o forte do povoado) é bem divertida, elas
dominam o show. Depois vendem os tecidos. Não tava a fim de comprar nada, mas
deixei umas moedas como proprina pela apresentação e pela simpatia.
Voltamos para Cusco, umas 19h estávamos de volta a Plaza San Francisco. Ainda
passei num mercado, comprei umas coisas para comer. Mas me sentia muito cansado
e fui para o hostal. Banho e comer alguma coisa. Amanha tem mais.
Dicas:
Não tem jeito, é meio "obrigatório" fazer o Valle Sagrado. Você pode
fazer por conta própria pegando umas vans de cidade em cidade, mas sai mais
caro e a presença de um guia legal é fundamental.
Cusco - 3º dia
perdido por inteiro (27/9)
Levantei muito mal, o corpo doía e tive uma diarreia bem forte logo cedo. Não
tomei café, nem comi nada.
Mesmo mal, fui atrás da oficina da Peru Rail comprar os tickets do trem de
Ollantaytambo para Águas Calientes e vice-versa. Acho que escolhi o esquema
mais caro, mas a idéia de caminhar, na situação em que eu me encontrava, não
era nada animadora.
Fiquei preocupado quando alem de diarreia, comecei a ter ânsia de vomito. Não
me lembro de ter comido nada fora do normal, mas sei que a situação estava
drástica. Tentei um remédio caseiro, receita de mãe (maizena com limão) que
ajudou um pouco, mas o mal estar permanecia.
Dormi ate umas 16h e resolvi fazer uma vista a farmácia. A moca me passou dois
remédios e sugeriu que eu tomasse com chá de anis ou manzanilla, que são mais digestivos. Fiz isso e parece que a
situação deu uma aliviada, em
partes. Mas foi um dia perdido, entre ida e vindas ao
banheiro.
Dicas:
Remédio contra diarréia (descobri depois que era um antibiótico): Cifram 500mg. Remédio para a dor
intestinal: Espasmodin. Remédio caseiro da mãe: duas colheres de maizena, sumo de dois limões, água
potável, tudo em um copo de 200 ml. Oração de São Judas, o
padroeiro das causas impossíveis:http://viveramarsonhar.loveblog.com.br/25503/ORACAO-A-SAO-JUDAS-TADEU/
Cusco - 4º dia (28/9)
Levantei melhor que ontem. Os remédios ajudaram, mas ainda não me sentia
totalmente bem. Mas eu estava disposto a conhecer algumas coisas na cidade que
constavam no Boleto Turístico, e me preparei. Comi pão pita, uma banana, e
tomei chá de manzanilla junto com os comprimidos para diarreia (que eu fui descobrir depois que se tratavam de antibióticos). Eram 9h15,
e eu me sentia bem naquele momento. Mochila nas costas, fui ver o Museo Municipal de Arte Moderno (Plaza Cusipata). Não gastei nem quinze minutos
lá, eram somente duas salas com telas e uma exposição de esculturas.
Olho no Boleto: próximo local, foi o Museo Histórico
Regional (Calle Garcilaso). Um
museu interessante, que aborda os períodos pré- históricos, pré-incaicos,
influencia Inca e depois espanhola. No segundo piso, só telas e móveis da
época em que o Peru era Virreynado (uma condição que conferia certa autonomia
em relação a Espanha, ainda que pequena). A casa onde esta instalado o museu
pertenceu a um cronista e historiador do século 17, bem conhecido da cultura
peruana, chamado Inca Garcilaso de la
Vega.
Mas o melhor do museu é uma peca em ouro maciço, com pérolas e pedras
preciosas, chama Custodia de la
Merced. Difícil descrever a beleza dos detalhes, e fotos são
proibidas.
Ok, seguindo para o Museo de Arte
Popular (Av. del Sol). Telas
, esculturas e outras manifestações artísticas do século 20, interessantes. Me
chamou muito atenção a coleção de fotos das três primeiras décadas do século
20, mostrando Cusco e algumas cenas do dia-a-dia. Bem legal.
Segui pela Av. del Sol, e o Boleto me indicava o Museo del Sitio Qoricancha. Antes
de entrar nele, desviei um pouco o caminho para ver o Templo de Santo Domingo, muito
bonito. Mas só olhei, vou visitar quando voltar em Cusco. Desci e entrei
em Qoricancha. Uma
guia chamada Nieves se ofereceu (por s/15...) para me
mostrar o museu. Topei. Sem dúvida, sem aquelas explicações a visita seria
incompleta.
Qoricancha foi o maior templo inca devotado as
deidades (deuses). Os incas adoravam aos seres da natureza, ao Sol, Lua,
estrelas...Qoricancha concentrava todos estes templos. Seus muros eram ornados
com ouro. Com a chegada dos espanhóis, tudo foi destruído e saqueado, e
construídas novas edificações sobre as antigas. Destruição sistemática mesmo.
Na saída do museu não me senti bem. Tipo uma fraqueza. Tomei uma Coca-Cola, mas
não adiantou. Segui mesmo assim.
Próxima parada: Monumento
Pachacuteq. Fui caminhando até ele, debaixo de uma puta sol. O
lugar é interessante, uma torre com quatro andares, contando a história dos
Incas (os "eleitos", governantes, não o povo). Pachacuteq foi um deles, dos incas que mais
trouxeram progresso ao império antes dos espanhóis chegarem e acabarem com
tudo. Por isso a homenagem.
Eram 14h e eu tinha zerado o Boleto Turístico com as atrações de Cusco. Dei uma
olhada no mapa e resolvi ver outras coisas que também valiam a pena. Visitei o Teatro Municipal, a Plaza San Franscisco, o Arco de
Santa Clara, a Iglesia de Santa Clara, a Iglesia de San Pedro...ufa!
Na Plaza San Francisco resolvi entrar em uma farmácia e explicar o que eu
sentia. O carinha da farmácia foi bem legal, me receitou sais para a
reidratarão oral (perdi muita água, e com ela os tais sais). Por isso me sentia
fraco. Fiz a solução ali, na hora, numa garrafa de um litro de água mineral.
Valeu, amigo! Me ajudou de verdade.
Segui um pouco mais revigorado. Entrei no mercado de Santa Clara, um mercadão público
que tem de tudo um pouco. Fiquei ali um tempo, andando e papeando um pouco,
muitas histórias boas.
Adiante segui, passei em algumas lojas, comprei umas coisinhas, e fui ver a Iglesia de la Compañia de Jesus, feita pelos
jesuítas. Paguei s/10, é bonita, rica em detalhes, mas a Catedral é muito mais
bonita, e foi de graça para mim...
Continuei caminhando, fim de tarde já chegando, e com ele o friozinho. Na parte
de trás da Plaza de Armas só encontrei surpresas: calle 7 Culebras, Plaza de las Nazarenas, Templo de
San Antonio Abad, calle Huaynapata, calle Suécia e finalmente calle
Procuradores.
Voltei ao hostel, quase 19h. Deixei a mochila e saí de novo para comprar
repelente e os benditos sais de reposição oral. Não tinha almoçado por medo da
reação, mas tinha que jantar alguma coisa. Acabei indo ao mercado e comprei
Miojo mesmo, o bom e prático macarrão instantâneo. Seguindo, aliás,
recomendação daquele amigo farmacêutico lá da Plaza San Francisco. Comi e me
senti bem. Não estou recuperado, mas já estou 80%.
Antes de ir definitivamente para o hostel arrumar as coisas para amanha, rolou
um lance bem legal: tinha uma roda de musica em uma praça perto do hostal.
Cheguei junto e logo puxei papo com uma moca. Ela é de Portugal, chamada
Mafalda. Tocava uma maraca. Papo vai, papo vem, descubro que ela é amiga de uma
parceiro de trabalho, dono de um hostal na 13 de Maio, em São Paulo. Eita
mundo pequeno esse, meu!
Dicas:
Fazer todas as atrações de Cusco que constam no Boleto Turístico é bem
divertido, tudo é perto. Algumas coisas são meio micadas...No Sitio de
Qoricancha, eu recomendo a contratação de um guia. s/15 não é
nada, e você fica sabendo de vários detalhes bem legais do lugar. Vale e muito!
A guia que me acompanhou é a Nieves Flores,
cel.: 984 625788
Cusco - Ollantaytambo
- Águas Calientes (29/9)
Apesar de estar tudo arrumado desde a noite anterior, algumas coisas ficaram
para fora da mochila. Engraçado, a gente vai acumulando experiências e mais
quinquilharias durante a viagem. E olha que eu não sou do tipo consumista, que
compra por atacado.
Saí da Hospedaje Conquista por volta das 8h da manha. Já deixei acertada a
volta, talvez para o dia 4/10 (talvez!). Pessoal gente boa que trabalha na
Hospedaje.
Peguei um táxi na porta da Hospedaje. Até o local de onde saem as vans para
Ollanta (chamada Av. Pavitos)
a corrida sai por s/3. Mal o táxi encostou, o carro foi cercado, minha mochila
"sequestrada", uma loucura: é a concorrência das empresas de
transporte atrás dos "turistas" para Urubamba e Ollanta. Paguei s/10
por uma van bem confortável. No caminho vim conversando com um peruano, de nome Raúl, que é guia da região. Foi uma
conversa bem didática sobre mulheres, bebidas e palavrões de Peru e
Brasil...(rs). A viagem durou uma hora e quarenta minutos.
Cheguei em Ollantaytambo às 10h, e o trem sai às 12h50. Muito tempo para
observar. Pedi um café num bar perto da estação, e fiquei olhando o
movimento: gringos e nacionales apressados querendo pegar o trem.
12h20, o trem chega e o acesso é liberado. Uma fila se forma, na verdade duas,
uma de estrangeiros, outra de peruanos. Tudo é tranqüilo e organizado. O vagão
do trem é bem bacana, assentos frente a frente separados por uma mesinha. Nos
servem bebidas e tira gostos. Comigo vão um casal belga, acho que recém casados
(por causa das brincadeirinhas infantis dos dois...) e um senhor
norte-americano, muito simpático. Faz trabalhos voluntários pelo mundo junto
com a esposa (África do Sul, Bolívia, Peru). Batemos um papo ótimo,
foi bom saber das histórias dele.
Uma hora e meia depois de sairmos de Ollanta, chegamos em Águas Calientes. A estação é
simpática, e na saída somos atacados por um monte de gente oferecendo de tudo
(esses "ataques" são normais no Peru, a gente se acostuma rápido).
Peguei o primeiro que falou comigo e me hospedei num lugar bem razoável
por s/30, chamado Hostal Number Two
(calle Inca Roca s/n, ao lado do restaurante Los Incas). Baño privado.
Águas Calientes fica toda esparramada em uma ladeira. No topo, um parque
municipal com baños termales.
Vários bares e restaurantes ao longo desta ladeira. De fato, é um lugar curioso
e gostoso, tem um clima de descontração geral.
Assim que eu me instalei, fui procurar comprar a entrada para Machu Pichu: s/126, e não aceita
cartão nem dólar. O ônibus que leva e traz para lá custa mais US$ 14 (ida e
volta), US$ 7 por trecho. Coisa para gringo mesmo. Comprei a ida, na volta
pretendo fazer caminhando.
Uma volta pela cidade, e percebe-se a exuberância da natureza aqui. Montanhas e
mata. Clima amazônico, um calor úmido que é novidade para mim nesta viagem.
Comi uma pizza e descobri que Águas Calientes cobra uma taxa de s/7 de todo
mundo que come ali nos restaurantes. Por pagar com cartão, mais s/3. Porra!
Exploração total!
Fui andar, ajudar na digestão. Dei de cara com um comício político. Este tipo
de evento deve ser igual em todo mundo: um bando de baba-ovos aplaudindo cada
besteira que o candidato diz. Não agüentei muito tempo, subi a ladeira.
Precisava arrumar a mochila para amanhã.
A última da noite: fui à recepção do hostal (que na verdade é um dos
quartos...) pedir para que me despertassem as 3h30 da manha. A menina que me
atendeu saiu com um macaco (macaco, mono, monkey!) pendurado no ombro. Muito
simpática, me atendeu bem, disse que me acordaria, mas tentava a todo custo
manter a porta da "recepção" (do quarto...) fechada. Num descuido, vi
um monte de gaiolas com todo tipo de bichos. Acabara de descobrir que estava
hospedado em um zoológico...
Dicas:
O trem de Ollanta para Aguas Calientes é um meio caro de chegar até
lá, mas compensa pelo serviço e pelas pessoas que você pode topar. Tive altas
conversas com o pessoal. Chegando em Ollanta, fica esperto, um monte de gente
vai te oferecer coisas, mantenha a calma e tente escolher o melhor. Nem sempre
dá certo...(rs)
Machu Pichu (30/9)
O hostal Number Two fica colado a uma "discoteca", o que significa
dizer que eu dormi (ou tentei) ao som do melhor pop peruano da atualidade.
Levantei às 3h15 sem precisar ser despertado. Arrumei tudo, deixei a mochila
maior na "recepção" (o zôo!) e fui para o ponto de ônibus. 4h da
manhã, e já havia uma fila. Pequena, mas havia. Fiquei de papo com um peruano
que vive nos EUA e trouxe a família da mulher para conhecer Machu Pichu.
5h30 os ônibus começam a subir a montanha. Impressiona demais o visual das
montanhas ao redor, com a neblina comum a essa hora. Na chegada ao centro de
visitantes, rola uma excitação natural. Alguns gringos se põe loucos, gritam,
outros ficam perguntando coisas sem sentido...é o "poder inca".
Antes da entrada, um funcionário passa pela fila perguntando qual o horário
você quer subir o Wayna Pichu,
a montanha que está a frente de Machu Pichu: entre 7h e 8h, ou entre 10h e 11h.
Escolhi o primeiro.
A primeira vista de Machu Pichu foi sob neblina, a Cidade Perdidaenvolta em brumas. Machu Pichu
foi um sonho de doze anos atrás, mas já nao me empolgava tanto quanto antes.
Tinha se tornado um lugar explorado demasiadamente pelo turismo. Mesmo assim,
era legal estar ali, presente naquele lugar.
Comecei a caminhar em direção a Wayna Pichu e seu posto de controle. Estava
fechado. Eram umas 6h20 da manhã, abriria às 7h. Fiquei andando numa parte de
Machu Pichu chamado Intiwatana,
ou Observatório
Astronômico, muito bonito. A maneira como eles encaixavam as
pedras é quase mágico.
Às 7h, fila para subir Wayna Pichu.
Só consegui passar e dar entrada às 7h50. Passe livre, segui a trilha. Íngreme,
com alguns pontos de exposição bem acentuados, fiz a trilha num tempo muito
bom, isso sem forçar: quarenta minutos. Chegar ao topo do Wayna Pichu é ver
Machu Pichu de um ângulo superior, e é de paralisar o olhar!
Desci bem mais rápido do que subi, e fui terminar de ver o resto da Cidade
Perdida.
Desta vez não quis guia, então me contentei somente com a parte arquitetônica,
já que História e Cultura não teria. Estava sem saco para agüentar guia. Fiz
fotos dos principais pontos, caminhei, dei uma meditada. E concluí que meu
tempo em Machu Pichu
era aquele. 10h45 peguei bus de volta a Águas Calientes.
Já em Águas Calientes teria que ficar até às 17h03, horário de partida do trem
para Ollanta. Comi um hambúrguer no restaurante do Vicente, um peruano gente fina que
conheci aqui. Deixei a mochila no restaurante e fui tomar um baño termal no balneário público. São
quatro piscinas, três delas com águas quentes, onde se pode banhar-se em águas
de potássio e mineral. Fiquei ali um tempo, " cozinhando" na água
quente. É extremamente relaxante, saí de lá renovado depois da correria e
pernada de Machu Pichu. Voltei ao restaurante do Vicente, e ele me convenceu a
comer um prato típico peruano, chamado cuy al horno.
É um porquinho da Índia assado inteiro, cabeça, pé, tudo...uma delícia!! Só
quero comer cuy agora!
Fiquei ali de bobeira um tempo, quando começou a dar uns trovões e a luz de
Águas Calientes acabou. Peguei minha mochila e desci para a estação de trem,
eram umas 15h40. Mas cheguei na estação, começou uma chuva forte. Escapei
desta.
O trem partiu no horário programado, 17h03. Foi uma viagem tranquila, mas com
chuva. Conheci uma médica argentina, de Mendoza, baita papo bom e alto astral,
chamada Maria Marta (apelido Matri). Eu já tinha como destino a
estaçâo de Ollanta, onde encontraria o casal brasileiro Paulo e Elza no dia
seguinte.
Fiquei em uma hospedagem perto da estação de trem de Ollanta, pagando s/30 por
um quarto com banheiro. Bacana o lugar, simples mas aconchegante. Meu dia
acabava bem, cansado, mas feliz. Tinha realizado um "sonho" de doze
anos. Amanhã encontro o Paulo e a Elza.
Dicas:
Sei lá, Machu Pichu desperta diferentes reações nas pessoas. Em mim foi menos
do que eu esperava. Mesmo assim é bem legal, impressiona. O bacana é ser um dos
primeiros 400 a
chegar e garantir a subida ao Wayna Pichu, um verdadeiro espetáculo de visual.
Curta, aproveite. Cada um tem um tempo determinado em Machu Pichu. O
balneário público de Águas Calientes cobra s/10, e você precisa ter toalha, ou
alugar uma por s/3.
Ollantaytambo (1/10)
Acordei, como de costume, às 7h, e fui ligar para o Paulo, número de celular.
Combinamos de nos encontrarmos na estação de Ollanta. 9h30 nos vimos. Bacana
revê-lo. Conheci os dois em
La Paz.
Passamos o dia conversando, almoçamos uma comidinha caseira da Elza (ela
cozinha muito!) e a tarde fomos para o centrinho de Ollanta comprar algumas
coisas para levarmos amanha na caminhada que faremos até Las Canteras, um cerro bonito
perto da casa deles, local onde os incas tiravam as pedras para a construção da
fortaleza de Ollantaytambo. Comprei um vinho Gato Negro em caixinha longa vida
(!!) e tomamos no jantar, em meio a um papo animado. Amanha cedo, Las Canteras.
Ollantaytambo
- 2º dia (2/10)
O dia amanheceu frio e chuvoso. Tudo nublado. Desistimos de Las Canteras,
seguimos para o centrinho para ver a possibilidade de caminharmos até Pumamarca. Sem chance, muita chuva.
Entramos no mercado público de Ollanta e tomamos um combinado, mix de várias frutas batidas
no liquidificador. Gostoso.
O tempo se abriu de vez, sol, e resolvemos ir para Las Canteras. Infelizmente,
antes de começarmos a subir, tive uma recaída da mesma enfermidade que me
acometeu em Cusco, só que desta vez somente acessos de vômito. Fora de combate
de novo...Sorte que ainda tenho todos os remédios, e no final da tarde já me
sentia bem melhor. Tivemos que adiar para amanha a subida ao cerro. Ficamos
conversando bastante tempo, até que deu a hora de dormir.
Amanha, subir!
Ollantaytambo -
3º dia (3/10)
Acordei muito melhor, disposto e com vontade de caminhar. Hoje teria de subir o
cerro, era o dia!
Paulo e Elza também estavam bem dispostos e animados. Preparamos as coisas e
fomos. Não tinha sol, mas também nem sinal de chuva. Muito bom para andar. O
Paulo seguia na frente com o GPS. Como já disse, Las Canteras é um cerro onde
os incas tiravam pedras para construir a fortaleza de Ollantaytambo. Distância
de um lugar para o outro: 10
km , com um rio no meio. E levavam pedras de 10t, 15t de
um lado para outro. Como faziam?! Mistérios...
Seguimos subindo, subida forte. Vez ou outra o Paulo determinava um atalho,
ajudou bem. Cerca de duas horas depois, a 3.650m,
chegamos ao que é considerado como a "pedreira dos incas". Rocha
avermelhada por todos os lados. O solo é bem seco, flora escassa.
Ficamos descansando um pouco, comendo e papeando. Eu "atualizando" o
casal sobre a política brasileira (hoje é dia de eleição no Brasil, e no Peru
também). Ficamos um bom tempo nessa, até a Elza chamar para ver a
"múmia". Seguimos por uns 200 metros adiante, e em uma gruta lá
estava ela: uma múmia mesmo, na tradicional posição fetal das múmias incas. Ao
redor, restos de outras múmias, algumas de crianças. Aquilo que eu vira de
monte em museus, estava ali, ao vivo na montanha.
Começamos a descer, bem tranqüilos. A descida foi mais ligeira que a subida.
Por volta das 13h30, estávamos de volta à casa deles. Ficamos de conversa, fui
tomar um banho e depois almoçamos. Aquela macarronada tradicional de domingo.
Depois do almoço, fui ajeitar a mochila. Amanha volto para Cusco. As
"férias das férias" acabaram. Amanha sigo caminho.
De noite, fui ver na internet o resultado das eleições o Brasil. Isso gerou
bastante assunto com o Paulo e a Elza, até que todo mundo cansou e fomos
dormir.
Ollantaytambo - Cusco
(4/10)
Dia lindo de sol. Como para se despedir de maneira esplêndida dos meus amigos
Paulo e Elza.
Tomamos café juntos, papeamos um pouco e então por volta das 9h30, me despedi.
Foram dias muito enriquecedores, agradeço ao Cosmo a oportunidade de tê-los
conhecido.
Fui caminhando até a pracinha de Ollanta, e logo fui abordado por um rapaz
oferecendo transporte para Cusco. A viagem durou exata uma hora e quarenta
minutos.
Cheguei em Cusco novamente. Gosto daqui, me sinto bem. Fui procurar de novo a
Hospedaje Conquista. Acabei ficando no mesmo quarto da primeira vez.
O que eu tinha de fazer em Cusco: 1) terminar as visitas do Boleto Turístico;
2) fazer pesquisas de preço de equipamentos de montanha; 3) preparar a viagem
para Arequipa. Fui procurar a guia Neves (aquela do Sítio Qoricancha), ela
havia me oferecido transporte para os sítios arqueológicos perto de Cusco por
s/15 (mais baratos que as agencias). A encontrei em Qoricancha e acertamos o
tour. Ás 14h eu pegaria a van com um grupo.
Aproveitei para dar uma vota e ver os preços de saco de dormir e botas. Preços
bons, mas acho que em Lima consigo melhores.
Corri ao hostal, fiz a mochilinha e voltei a Qoricancha. Ás 14h em ponto
começamos o tour. visitando o Templo de Santo
Domingo, que não faz parte do Boleto Turístico, e tive de pagar
s/10 pela entrada. As ruínas do que foi o maior templo inca em Cusco estão na
parte de dentro. É interessante.
Seguimos para a famosa Saqsayhuaman,
bonitas construções incas. Ali descobri que estava de saco cheio de tours,
excursões e afins. Não agüento mais. Fiquei dando role, o guia falando pelos
cotovelos...
Próxima parada: Qenqo.
Significa ziguezague em
quéchua. Deve o nome a uma pedra, com uma "caverna"
que ziguezagueia, até encontrar uma mesa ritual, também de pedra, onde se
faziam trepanações cranianas (aumento do crânio).
Seguindo: Puka Pukara.
Ou Posto de Controle Vermelho. Mais do mesmo, tem uma vista bonita das
montanhas.
200 metros adiante fica a entrada de Tambomachay,
ou Lugar de Descanso em quéchua. É um templo dedicado a água, muito bonito. Os
guias brincam dizendo que ali é a fonte da juventude, mas se você bebe
daquela água, pode mesmo é ganhar uma diarreia. A água não é potável ali,
uma pena.
As 18h10 desço na Plaza Kusipata. Fome. Fui ao McDonald´s, mas estava caro pra
caramba. Fui dar uma volta, e acabei entrando em um restaurante chamado Babieca (calle Teqseccocha). Caramba, pelo mesmo
preço de um Big Mac eu comi muito bem: cause rellena (uma batata assada, fria,
com recheio de frango), sopa criola (sopa com macarrão cabelo de anjo, fininho,
carne e legumes) e um spaguetti ao pesto. Quer saber, fod#-&# o McDonald´s!
Amanha sigo para Arequipa, entrei na reta final da trip. O cansaço, natural
depois de tanta coisa e sensações, já começa a dar seus sinais.
Dicas:
Das ruínas que ficam ao redor de Cusco, eu curti mesmo Tambomachay e
Saqsayhuaman. Saqsayhuaman você consegue chegar caminhando em meia hora desde
os arredores da Plaza de Armas. Tambomachay fica a 11 km de distancia. Eu ia
alugar uma bike e fazer tudo, e acho que essa é uma ideia bem interessante.
Cusco - Arequipa
(5/10)
Mochila pronta, deixei o quarto número 2 da Hospedaje Conquista. Paguei e
perguntei para a moca da recepção a que horas teria ônibus para Arequipa, se
ela sabia dos horários. Eram 10h da manha. A moca me avisou que teria ônibus
somente a partir das 17h. Balde de água fria, teria que esperar até a tarde
para seguir viagem. Legal, já que é assim, assim será. Deixei minha mochila
guardada no depósito (s/5) e fui tratar de enrolar um pouco. Internet, logo de
cara. Fiquei um bom tempo, mas cansa. Resolvi andar, ver umas ruas, sei lá.
Nessas, acabei achando uma bota de trekking com o preço em conta. Acabei
levando.
Passei no mercado e comprei macarrão instantâneo e suco, fui almoçar. Dá pra
agüentar até mais a noite.
Por volta das 17h, peguei um táxi e fui para o terminal de buses. Comecei a
fazer uma cotação de preços, para saber quem fazia mais barato. Me surpreendi
(positivamente) com os preços das passagens: s/25 a s/30. Eu imaginava uns
s/80. Acabe escolhendo uma tal de Viacion Andoriña,
contando com a minha habitual sorte para escolher a melhor. Paga-se também o permiso de uso do terminal, s/1,10.
18h45 o ônibus partiu, depois de muita bagunça para colocar as bagagens no bus.
O indefectível pinga-pinga pegando passageiros que não querem pagar o terminal.
Tudo "normal". De repente, o bus pára: problemas mecânicos. Nem na
Bolívia passei por isso, tinha que rolar justo agora? Blz... Meia hora depois,
solucionado o problema, seguimos.
Meu colega de poltrona era um senhor artesão, que corre a América do Sul
vendendo seus trabalhos. Me contou algumas coisas interessantes sobre os
lugares em que já esteve (Equador, Colômbia, Venezuela...). Papo bacana.
O ônibus andava devagar pelas estradas do Peru, e eu imaginando que fosse
devido ao problema mecânico. Na primeira oportunidade, perguntei ao rapaz que
recolhe os boletos o que estava acontecendo: um dos passageiros, policial,
mandou "avisar" ao motorista que ele estava se excedendo na
velocidade. A partir daí, o cara andava a 60 km/h (!!). Que Zico...
Numa das paradas, mais confusão: venderam o meu assento e o do colega artesão
duas vezes. Não tenho nada com isso, fiquei só olhando a discussão. Jogaram os
rapazes que compraram dobrado para o bus das 23h...
Para completar a zica rodoviária (aliás, a única até aqui), a menina do balcão
mentiu quando me vendeu a passagem: disse que tinha calefação no ônibus, mas na
real passei um baita frio, mesmo com fleece, gorro e luva. Mas que zica!!
Dicas:
NUNCA vá de Andoriña, é um lixo, de verdade. Pague um pouco mais e pegue a Cruz
del Sur, Ormeño ou Julsa. Não vale a pena ficar nesse perrengue por causa de
alguns soles.
Arequipa (6/10)
5h da manha. Cansado, cheguei a Arequipa. Tratei logo de pegar um táxi, queria
um pouco de descanso. Abri o guia do Viajante
Independente e
escolhi o primeiro hostal que meus olhos viram: Hostal Le Foyer (calle Ugarte 114. Tel.: 286 473). Lugar agradável, preço bom,
s/25 sin baño, mas com uma tv
(velhinha...). É aqui mesmo.
Na parte de baixo do hostal fica um restaurante bem bacana, chamado El Turco (calle San Francisco 214),
onde eu fiz o desayuno.
Achei barato também, Arequipa parece ser bem econômica.
Fui andar. Eram 8h, comércio ainda fechado. Tranqüilo para andar. Fui a Plaza
de Armas e visitei duas igrejas, a Catedral e a de Santo Domingo. Arequipa é uma
cidade de detalhes, cada beco que você entra descobre uma coisa diferente.
Achei um lugar muito legal chamado Clausura de la Compañia ,
que faz parte de uma igreja jesuíta, mas hoje é um complexo com lojas e
restaurantes, puta lugar gostoso de ver e ficar um tempo!
Entrei em uma agência e contratei o transporte para ir ao Cañon del Colca, o cânion que fica
próximo à Arequipa. Dois dias e uma noite, e na volta eu sigo para Lima. A moça
da agência, Vanessa,
deu umas dicas bem legais, bom papo.
Ok, tudo certo para amanha, fui descansar um pouco, estava merecendo. Dormi até
umas 15h. Depois um banho, e fui dar mais um rolê. Comi no El Turco de novo, dessa vez mandei ver
um doner kebab, que é tipo
um sanduiche de frango com queijo e um molho cremoso, num pão sírio. Muito bom
e, o melhor, barato a beça (s/7)!
Voltei ao hostel, mas nem esquentei a cama, sai de novo. Arequipa a noite é uma
cidade bem movimentada, muito bonita com a iluminação noturna. O transito é o
mesmo do restante do Peru: vale a lei da buzina. Chega a irritar...
Comprei algumas coisas que faltavam para amanha, fiquei de bobeira um tempo e
depois fui para o hostal. Amanha acordo cedo para fazer o tour para o Cañon del
Colca, e prometo para mim mesmo que será o último da viagem...(rsrs). Depois
disso, é Lima e voltar para São Paulo.
Dicas:
Arequipa é uma baita cidade. Bonita, barata, gente educada e simpática.
Artesanato barato, se puder deixar para comprar aqui, você pode fazer bons
negócios. Uma pena que não pude ficar mais tempo, é uma cidade a ser explorada,
o pouco que eu andei já me surpreendeu bastante. Volto para Arequipa
seguramente!
Valle
del Colca (7/10)
Como de costume, quando se trata de acordar cedo para fazer tours, acordei
sozinho, sem ninguém me despertar, ás 6h15. Como já estava tudo pronto desde
ontem, fiquei esperando o guia que viria me buscar, algo que aconteceu somente
ás 8h15. Eu e um norte-americano esperávamos pelo mesmo guia.
Ficamos quase uma hora rodando atrás do resto do grupo, o micro passando e pegando o pessoal
nos seus respectivos hotéis. Finalmente seguimos, grupo completo.
Porque Arequipa é bacana? Porque não andamos nem quinze minutos, e estávamos
rodeados de paisagens de montanha. O vulcão El Misti domina o horizonte, assim como
o Chanchan. Estes
vulcões estão entre 15km e 20km de distância do centro de Arequipa. Percebem o
risco que isso traz em caso de uma erupção?!
Paramos para ver viçosas selvagens na Reserva Nacional
de Salinas y Aguada Blanca, que é uma região de planalto,
grandes áreas retas com alguns cerros quebrando a linha do horizonte. E várias viçosas selvagens andando livremente. Para o
visitante é proibido passar do acostamento da estrada. A fiscalização existe
mesmo, e começa pelos próprios guias!
Seguindo caminho, tudo vai ficando ainda mais bonito, com a estrada subindo até
4400m. Paramos algumas vezes para melhor adaptação de alguns (uma senhora quase
desmaiou por causa da altitude). Numa dessa paradas, um cachorro mordeu um
senhor peruano do grupo. A altitude deixa os cachorros meio malucos também...
Chegamos em Chivay,
a porta de entrada do cânion. Fomos almoçar. Logo depois seguimos para os
hotéis, deixar as coisas. Escolhi um hotel dos mais simples, por uma noite só,
tá valendo. Logo saímos de novo, fomos conhecer as termales de Caleras, águas
vulcânicas a 39ºC, quente pra caramba! Mas relaxante. Nesse lance de tour, tudo
é muito corrido, teríamos somente uma hora ali. Preferi ficar mais, fui embora
de táxi depois e abri mão do jantar em grupo, que seria em uma peña tradicional, com música típica da
região (alguma coisa que eu comi no almoço não caiu bem; comida tem sido
um tema meio indigesto para mim nesta viagem). Fiquei dando um role na
minúscula cidade, fui até a pracinha central. Simpática. Depois fui descansar
um pouco, amanha é dia de acordar muito cedo.
Dicas: O Valle del Colca,
nome do rio que corta este vale, é incrível. Na verdade, sinto não ter mais
tempo para poder explorar mais, acredito que existam muitas coisas para se ver,
além das que eu consegui passar.
Valle del Colca -
Arequipa - Lima (8/10)
5h da manha, e eu já de pé. Me sentia melhor do mal-estar. Na verdade, já
estava acostumado com esses mal-estares...
Desayuno marcado para as 6h, e logo em
seguida partimos para a finalização do tour. Desde que se sai de Chivay
em direção ao cânion, o cenário é espetacular. Paramos em um povoado chamado Maca, e tive ali meu momento
turistas: tirei uma foto com uma águia dos Andes domesticada nos meus braços.
Dei umas moedas ao dono do pássaro. A águia era enorme, e pesava uns 8kg a 10 kg !
Seguimos, e o Cañon ficando mais profundo e mais extasiante. Em dado momento o
guia informa que o Colca é o cânion mais profundo do mundo, com 4120m. A vista de diferentes
mirantes é realmente de deixar de boca aberta qualquer um. Em alguns pontos os
picos das montanhas estão com neve ainda, e compõe um cenário lindo.
Chegamos ao Mirador Cruz del
Condor por
volta das 8h30. É deste mirador que se pode apreciar o vôo dos condores. E eles
não decepcionam: aos poucos começam a aparecer um, dois, três...seis no final,
e de lambuja um falcão! Havia uma multidão para ver os condores, e sem
brincadeira, os bichos impressionam mesmo pelo tamanho e pela graça do seu vôo.
Ficamos ali por uma hora. Acho que os condores sabem disso, já que logo após
essa "apresentação" eles se refugiaram. Fizemos o caminho de volta,
passando pelo povoado de Yanque, Chivay (parada para o almoço de novo,
mas eu não comi!) e seguimos para Arequipa. O Cañon del Colca vai ficar na memória durante
muito tempo.
Chegamos de volta a Arequipa às 16h50. Fui comer umas hojas de parra(o nosso famoso charuto
de folhas de uva) no El Turco,
e já me preparar para ir a Lima. Subi ao hostal Le Foyer para pegar minha
mochila, que eu havia deixado no depósito deles, gratuitamente. Dei uma idéia
no rapaz da recepção e ele me deixou tomar uma ducha, tirar a poeira das
estradas. Tomei a ducha e arrumei a mochila para a viagem, tudo bem rapidinho.
Me despedi do pessoal do hostal, aliás um lugar que eu recomendo com toda
certeza e que voltarei a ficar num eventual retorno a Arequipa. Muito bom
serviço.
Peguei o táxi até o terminal
terrestre, já tinha decidido pegar a melhor cia de ônibus que
houvesse, depois da experiência medonha com a Andoriña...(rs). Conversando com
meus colegas peruanos de tour, todos foram unânimes em citar a Cruz del Sur como a melhor. Mais cara, mas a
melhor. O que eu encontrei foi até mais impressionante do que eu imaginava. A
Cruz del Sur parece uma cia aérea, desde a sala de espera, o despacho das
bagagens, o serviço de bordo, tudo de primeira, muito atencioso. Paguei s/70
para ir a Lima, mas valeu cada centavo. Para se ter uma ideia, tem refeição,
filmes, e até (pasmém!) um bingo dentro do ônibus, cujo prêmio é uma passagem,
a ser usada em até trinta dias. Adorei!
Depois do jantar, reclinei minha poltrona e fui dar uma descansada. Quinze
horas de estrada, e estarei na ultima parada dessa trip louca: finalmente Lima!
Dicas:
Primeiro, dizer qualquer coisa sobre o Cañon del Colca é pouco. Vá! E veja tudo
com calma, uma alternativa é alugar um carro e ir rodando tudo aquilo sem
pressa, sem TOUR!.. Bom, a segunda coisa é: depois que você conhece os serviços
da Cruz del Sur, você só quer andar de Cruz del Sur. É a melhor cia de ônibus
do Peru, e tô quebrando a cabeça aqui para lembrar algumas cia brasileira que
tenha serviço igual...é, acho que não tem não!
Lima (9/10)
Cheguei em Lima por volta das 10h. Não existe
rodoviária em Lima, a Cruz del Sur tem seu próprio terminal. Logo estava com a
minha mochila, e peguei um táxi até Miraflores, o conhecido bairro de Lima.
s/10 pela corrida. Ia para um hostel que eu vi no guia, mas durante o percurso
fui convencido pelo taxista a ficar no Lion Backpacker
(calle Grimaldo del Solar 139. Tel.: 447 1827). Claro, ele deve
ganhar algum nesse esquema... Mas de fato o hostal é muito bom! Preço
justo no padrão Miraflores.
Miraflores se parece com Buenos Aires, com quadras retangulares e
ruas extremamente limpas. Bares, restaurantes, parques e praças. Um
lugar que te convida a caminhar. E eu aceitei. Andei bastante, entrei em
livrarias, alguns bares, e acabei almoçando num restaurante árabe chamado Toboushe em frente ao bonito Parque Kennedy. Voltei ao hostel e
separei umas roupas que iam para lavanderia (serviço caro em Lima, paguei s/20
por oito pecinhas de roupa) e depois fui procurar um câmbio. Andei pacas até
encontrar um lugar aberto (já eram 18h de um sábado), depois de rodar por ruas
onde o comércio de ouro, prata e jóias é enorme. Cambiei US$ 100 e resolvi
descer a Av. José Larco,
que leva até ao mirante do mar e ao Shopping Larcomar.
No caminho fui parado em alguns lugares bem interessantes, como uma livraria só
de livros e quadrinhos antigos, um bar do Jóquei Club,
onde os freqüentadores ficavam apostando e torcendo pelos cavalos igual a
torcida de futebol, entre outros tantos. Cheguei ao final da avenida, onde
existe um mirante para o Oceano Pacífico.
Lima fica em um "barranco", e lá embaixo está o mar. Muito bacana.
Este mirante onde eu estava faz parte de um shopping center chamado
Larcomar. Os limenhos tiveram uma baita ideia ao aproveitar este lugar, até
mesmo eu que não suporto shopping gostei bastante deste!
Voltei caminhando ao hostal. Me "perdia" de propósito, entrando em
ruas bem cuidadas. Miraflores encanta de verdade.
Meu dia estava acabando. Sem tesão para balada, me restou ficar deitado,
descansando no hostal, assistindo Hellboy na tv a cabo.
Amanhã vou ao centro de Lima.
Lima - 2º dia (10/10)
Caramba, Lima é uma cidade eternamente nublada! De manhã é difícil ver o sol,
eu que estava acostumado a ter sol e céu azul todos os dias da trip.
Domingo, estava decidido a ir ao centro, conhecer a Plaza de Armas e arredores. E assim foi. Para
chegar ao centro desde Miraflores, escolhi o transporte público. Lima não tem
metrô, resolveram investir em um modelo chamado metropolitano, mas que usa ônibus
em corredores exclusivos. Com paradas e estações determinadas, onde sempre
tem um (a) jovem com megafone orientando o público. Não existe bilhete,
você precisa comprar um cartão magnético, com o valor inicial de s/5, e passar
nas catracas. Usar o metropolitano custa s/1,50. Sei que funciona, é rápido e
limpo. Boa solução!
Cheguei ao centro, desci na Plaza San Martin.
Bonita e grande. Andei nos arredores, muita gente na rua, comércio aberto. Os
bares e restaurantes já se preparando para abrir. Muitos prédios coloniais,
quase nada inca ou pré-colombiano.
Segui pela calle Jiron de la República ,
uma peatonal (rua para pedestres) que
leva à Plaza de Armas.
Chegando lá, havia um desfile de gala militar, o povo aplaudia, e os soldados
faziam evoluções, giravam os fuzis. As famílias vibravam.
A Plaza de Armas de Lima abriga um palácio do governo. Bonito e hiper vigiado.
Tem ainda a Catedral e vários prédios coloniais. Comecei a
circular e acabei trombando com um desfile costumbrista,
com representações de vários departamentos peruanos, alguns dos quais eu passei
(Cusco, Arequipa). Curioso, parecia um "resumo" em movimento de
coisas que eu vi nestes dias no Peru. Bem legal. Pena que a pilha da máquina
acabou, e eu sem reservas... Fui almoçar em um lugar chamado Roxy´s, uma mega loja que vende frango de todo
jeito. Comi um tradicional 1/4 de pollo, acrescido de anticucho (coração de boi no espetinho, gostoso)
e chorizo (uma linguiça bem saborosa). Para
arrematar, um sundae. Satisfeito, voltei a Miraflores.
Passei a tarde ajeitando umas coisas para a viagem de volta. A noite, fui
andar, pensar um pouco na vida. Saí "perdido" por Miraflores, e
comecei a descer uma avenida chamada José Pardo.
Essa avenida tem um canteiro central bem largo, transformado em área de convívio,
onde se pode ficar sentado, ou caminhar. Muito bom. Caminhei até o final desta
avenida, onde tive uma surpresa: ela termina com uma vista incrível para o mar.
Ali começa um calçadão que vai a beira-mar, repleta de jardins, parques, pistas
de skate. Por mais de uma hora caminhei por ali, até chegar ao Shopping
Larcomar. Uma caminhada inusitada e agradável.
Voltei ao hostal caminhando, claro. Passei em um super e comprei sucos e um
quiche. Não me animei de novo para ir a algum bar/balada. Amanha, regresso para
São Paulo.
Lima - São Paulo
(11/10)
Acordei tarde neste último dia. A neblina de sempre sobre Lima e uma certa
preguiça me fizeram ficar até um pouco mais tarde na cama. Últimas horas em
Lima.
Saí do quarto do hostal ás 11h, pus a mochila no depósito e fui dar uma
volta. Hora do almoço, aproveitei para fazer uma refeição "leve":
mais uma vez o insuperável 1/4 de pollo con
papas fritas. Rápido
e barato.
Voltei ao hostel, peguei tudo e fiquei esperando o táxi. A corrida até o
aeroporto é meio salgada, mas a distância é grande também, levei quase quarenta
minutos até lá, sem trânsito. O aeroporto não fica exatamente em Lima, mas em
uma cidade ao lado chamada Callao.
O aeroporto Jorge Chaves é bem estruturado. Fiz os
procedimentos, peguei a taxa do aeroporto (US$31) e embarquei, voando pela cia. Copa Airlines.
Serviço bom até o Panamá. Já na conexão para São Paulo, o avião era inferior ao
que eu vim anteriormente. De Lima para Panamá City (3h de vôo) avião com filme;
de Panamá City para São Paulo (6h de vôo) não. Vai entender...
Finalizando, avalio esta trip pela Bolívia e Peru uma experiência fundamental
na minha trajetória. Não somente pelos lugares em que estive, mas sobretudo
pelas pessoas e pela oportunidade de entender um pouco a filosofia dessa gente
andina. Não foi uma viagem somente de deslocamentos físicos por belas
paisagens, mas principalmente uma viagem "espiritual" por esses dois
países.
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