domingo, 26 de agosto de 2012

Travessia Urubici (SC) a Bom Jardim da Serra (SC) (Parque Nacional de São Joaquim) – Set/09


1° dia – São Paulo a Urubici (4/9)

Saímos de São Paulo ás 22h50, um atraso considerado pouco em se tratando de uma véspera de feriado nacional. A cidade abandona a metrópole. Seguimos para Régis Bittencourt (BR 116) rumo a Florianópolis.
Trânsito intenso. O ônibus chega a Registro (SP) ás 3h30, bastante atrasado. O fluxo é intenso. Chegamos em Floripa por volta das 11h. As passagens para Urubici (SC) já estavam marcadas para as 12h: tempo só para um pão de queijo, uma volta na rodô e esperar a chegada do Rafael. Nesse momento, o grupo é formado por mim, Ronald, Cela e Rafael.
O ônibus para Urubici inicia o caminho passando por algumas partes não tão interessantes dos arredores de Floripa. Lugares feios mesmo. Mas assim que começa a subir a serra, a paisagem muda drasticamente: belas formações, montanhas, araucárias, mirantes belíssimos.
Chegamos em Urubici ás 16h em ponto. Sol e poucas vagas nos hotéis da cidade. Depois de uma consulta á CIT (Centro de Info Turística) local, conseguimos vaga na Pousada Arco-Íris. Dona Arlete, proprietária. Hospedagem a R$50 por cabeça.
Deixamos as mochilas e fomos visitar uma atração local: a cachoeira do Avencal, distante doze quilômetros do centro da cidade: alta, linda. Pegamos um taxi pilotado pelo sr. Pêta, morador de Urubici. Conforme íamos subindo, foi nos contando a respeito da cidade. Entre uma piada e outra, e ao som de Nelson Gonçalves e Odair José. Enfim, um figuraça!
Pagamos R$3 por pessoa como “taxa ambiental” e entramos na propriedade. A cachoeira fica no vértice de um cânion. Opulente.
Depois de passarmos um tempo lá, várias fotos e mais alguns “causos” do seu Pêta, voltamos á pousada cheios de fome. Depois de um banho quente (faz frio em Urubici!), fomos comer no bom restaurante Orégano´s: truta para três, e rodizio de pizza para um.

Cachoeira do Avencal ao fundo




 2° dia – Começa a travessia (5/9)

Começamos o dia com mais três integrantes no grupo, que chegaram durante a noite: Luís LH, Chantal e Jolie, vindos do Rio. O dia amanheceu nublado, a perspectiva não era das melhores, mas prosseguimos com os planos: ás 7h30, o sr. Pêta chegou com mais outro taxista, para levarmos até o Morro da Igreja, ponto mais alto de SC, e início da trilha. O que não sabíamos é que havia uma barreira caída uns 10km antes do nosso destino, o que nos fez descer e iniciar a caminhada muito antes do previsto. Para nossa sorte, essa estrada é administrada pela FAB (Força Aérea Brasileira), que mantem uma importante estação de radar do sistema SINDACTA no alto do Morro da Igreja. E foi por conta disso que conseguimos uma carona com o cabo Wolfe e sua Kombi azul da FAB. Great!
Descemos no ponto ideal de começarmos a trilha, e já tivemos um probleminha: o Luis esqueceu o bastão de caminhada dentro da Kombosa. Fazer o que...cruzamos uma cerca do lado direito da estrada e iniciamos de fato a travessia. Nem bem andamos 20min, e uma forte neblina cobriu toda a região. Nossa referência visual foi pro espaço. Ronald, o único que sabia o caminho, ficou desorientado, o que nos custou quase duas horas de incertezas. Com muito custo e perseverança, conseguimos avançar. Chegamos a uma espécie de fazenda meio abandonada, junto ao Rio Pelotas, lá pelas 16h, onde parte do grupo (os do Rio, menos o Luís HM) decidiram que iriam voltar para a casa no dia seguinte. Os de Sampa resolveram esperar para ver o tempo pela manhã seguinte, e só então decidir o que fazer. O grupo resolveu acampar e fazer um jantar. Foi muito agradável.
Já mais tarde, com todos a bordo de suas respectivas barracas, fui testemunha de um belo luar, que iluminava minha barraca e o Rio Pelotas.

A sensação térmica era bem mais baixa!

Acampamento no primeiro dia: depois de perder o caminho por causa da neblina, o jeito foi acampar ás margens do rio Pelotas

Vista da borda do cânion Laranjeiras
Eu contemplando a imensidão. Ao fundo, fica o mar!
 3° dia – A esperança e o dilúvio (6/9)

O dia amanheceu com céu limpo. Conforme havíamos combinado, se isso acontecesse,
seguiríamos em frente. Metade do grupo (Cela, Chantal e Jolie) resolveram voltar para Urubici. Nós resolvemos seguir. Subimos o morro e alcançamos um platô. Chegamos em uma cerca, pulamos e seguimos. Avistamos uma cadeia de montanhas, e logo a frente, os primeiros cânions. Alegria geral e esperança de visual.
Seguimos. Mais uma cerca. Nem parece que a área é parque nacional, tamanha quantidade de cercas e propriedades privadas. Em frente até alcançarmos uma área bem plana a beira de um cânion. A paisagem deslumbrante nos fez ficar ali um certo tempo, contemplando e fotografando. Ali o vento soprava muito forte, intenso e gelado. Mas o tempo era limpo.
Ao fim dessa área plana, um morrote e um banco de mata, em cujo final havia (mais!) uma cerca.
A paisagem se abre num grande campo, vacas, vegetação queimada, quero-queros alucinados fazendo algazarra, e o vento gelado. E a sequencia se repete: banco de mata, cerca, área plana. Nesse ultimo banco de mata, uma novidade não muito boa: chuva! Fina no começou, depois engrossada.
Fomos obrigados a nos esconder numa espécie de estábulo. Assim que a chuva deu uma trégua, seguimos. Mas logo a chuva retornou, forte, e o vento mais fustigante ainda. As mãos gelavam. Minha mochila, sem proteção, estava encharcada. O Ronald sacou uma sombrinha colorida da mochila, que pouco adiantou.
Andamos até onde pudemos, mas a situação não era boa. Decidimos buscar um lugar melhor para acampar. Logo que achamos, montamos as barracas, aproveitando uma estiagem do tempo. O jantar ficou a cargo do Luis. Comemos. E dormimos.

Nos protegendo da chuva em um piquete, enquanto o LH fazia mais uma piada.



A coisa estava tão brava que o Ronald usou até sombrinha para se proteger da chuva




Acampamento em um fundo de vale, no fim do terceiro dia. Se não fosse por esse lugar, o furacão Catarina teria nos pegado!

4° dia – Tornado, chuva e desistência (7/9)

A noite foi terrível.
Fomos colhidos no meio de uma tempestade na madrugada, chuva torrencial e ventos fortíssimos. As barracas dos colegas se encheram de água. Felizmente, não tive esse problema.
Na manhã, acordei preguiçoso e cansado. Minha esperança era que o tempo se abrisse e pudéssemos aproveitar melhor a caminhada; mas naquele momento o que havia era frio, chuvisco e tempo fechado.
Arrumei minhas coisas, respirei fundo e segui com os outros. Naquele momento não chovia. Mas isso durou pouco.
Cruzamos mais uma mata, cerca, mais um banco de mata, e muito terreno alagado. Quando avistei o cânion Laranjeira sendo coberto pelas nuvens que subiam a serra, empurradas pelos ventos, desanimei. Percebi que a travessia estava ameaçada ali. Logo em seguida, o grupo decidiu abortar a tentativa de travessia.
Foi uma sábia decisão, já que a chuva engrossou a partir daquele momento. O vento frio castigava o corpo já molhado; o terreno encharcado, típico dessas serras, tornava a caminhada mais penosa ainda. Ronald, já conhecedor desses caminhos, nos sugeriu sairmos por uma fazenda,  4km do ponto onde decidimos desistir. Seguimos. Não sei dizer quanto tempo andamos. Para mim, pareceu muito. Para chegarmos até a fazenda, tivemos que cruzar campos alagados, as vezes até o joelho! E cercas. As benditas cercas...
Na fazenda, encontramos o dono, sr. Assis. Foi muito simpático, nos indicou a estradinha de que nos levaria até Bom Jardim da Serra (SC). Treze km até lá. Pegamos essa tal estrada para Bom Jardim com o tempo estiado. Com uns quatro km andados, apareceu uma Kombi escolar, pilotada pelo sr. Suedes, que nos caroneou até a cidadezinha.
Chegando lá, nos hospedamos no Hotel Morada dos Pinheiros, lugar simpático administrado pela Sra. Rose e pelo Sr. Aderbal. A noite ainda deu tempo de comer uma truta e papear um pouco, ouvindo as histórias do Luis HM. Ano que vem prometemos fazer de novo, e dessa vez, terminar.

Desistência: depois de quatro dias de caminhada, nos perdemos por causa da neblina e andarmos em um campo alagado com água até o joelho, resolvemos abortar a missão.

Registro final: tomando um chopp no box 32, dentro do mercado Municipal de Floripa! Ronald, LH, eu e Rafael.

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