quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Expedição Argentina (Set/07)

São Paulo – Foz do Iguaçu ( 1/10 – 2/10 )

Peguei o ônibus às 16h40, vinte minutos atrasado do horário original. A viagem foi relativamente tranquila, durou só 16 horas: a porra do motorista parava em qualquer luz acesa à beira da estrada, até para tomar café na Polícia Rodoviária ele parou. Enfim, às 8h20 do dia 2/10, cheguei em Foz do Iguaçu, quente, úmido, mas com muita disposição. Logo me informei sobre hospedagem, falei com o Reywerson, amigo da Tatá Ribeirão, um cara bem legal.
Fiquei no quarto 5 do hostel, coloquei minhas coisas, e saí para explorar o Parque Nacional do Iguaçu. Que lugar fantático!! Conheci um casal muito simpático lá, Ana e Marcos, do RS; fizemos uma boa amizade. O parque é coisa de primeiro mundo, hiper organizado. Você paga R$ 12,50 e tem direito a um traslado até um dos três pontos de parada principais. Desci na penúltima parada, e fiz a trilha de 1,2 km até Porto Canoas, sempre acompanhado do casal Ana e Marcos, além de sacar muitas fotos. O parque é fabuloso, as cataratas melhor ainda!!

Ciudad del Este ( 3/10 )

Decidi ir até Ciudad del Este (PAR) para comprar memory stick para minha máquina. Ao invés de ficar baixando fotos em todo lugar que eu ficar, preferi comprar os cartões de memória. Peguei o ônibus em companhia de Flávio, Paulo e um espanhol; pegamos o ônibus e vinte minutos depois, estávamos em Ciudad del Este, Paraguai.
Pense na 25 de Março, no fim do ano! Ciudad del Este é duas vezes pior, muita confusão, insegurança. Entrei numa galeria e dei de cara com um capanga armado com uma escopeta a tira colo. O fulano não tinha lá uma cara muito boa...Consegui fazer bons negócios lá, mas a impressão que ficou foi ruim! Só pra se ter uma idéia, em Ciudad del Este tem uma loja chamada China, que obriga as funcionárias a usar umas micro saias, que fariam as meninas do Bahamas (famoso puteiro de São Paulo) ficarem coradas...(rsrs). A Absolut lá custa US$ 10 (cerca de 16 reais!!).
Amanhã sigo para Puerto Iguazú (ARG).

Puerto Iguazú – Posadas ( 4/10 )

Acordei ás 8h, com o pensamento na fronteira. Minha mochila estava pronta desde ontem. Conversei um pouco com o pessoal que fiz amizade no hostel (José e Marcos de Itaquá; Shimpey do Japão; Paulo, o dono do hostel). Uma galera bem animada.
Peguei o ônibus em direção a Puerto Iguazu; conheci no caminho uma argentina chamada Paola, missionária evangélica muito divertida. Passamos juntos na aduana argentina, onde retirei a tarjeta mercosul que me dá o direito a ficar 90 dias em solo argentino. Seguimos até a rodoviária de Puerto Iguazú, onde deixei Paola para pegar um bus para Buenos Aires, enquanto eu fui até o centro cambiar US$ 100. Entrei em uma agência do Banco de la Nación, onde fiquei conversando vinte minutos com o gerente, Adrian, que me disse que vai fazer uma viagem de Goiânia até Belem.
Acabei cambiando o dinheiro numa casa de câmbio mesmo, porque o sistema do banco não estava funcionando. Fiquei passeando pelo centro, e conversando com muita gente: Julio, um indio guarani; Eliane, vendedora de uma loja; o pessoal do porto de onde saem passeios de barco pelo rio Paraná. Ás 15h, decidi tomar o bus para Posadas (ARG), saindo as 15h30 do terminal de bus.
314 km em cinco horas, ninguem merece...Cheguei em Posadas cansado, e querendo um quarto. Daí que aconteceu o primeiro “causo” da trip.
Desci no centro de Posadas, e perguntei para a primeira pessoa que eu vi sobre hotel. Essa pessoa era Mônica, muito simpática, que se dispôs a ir comigo procurar hotel. Estava dificil, não havia vagas, e quando havia, queriam cobrar muito caro. Num desses hoteis, a recepcionista gorda diz:
- 45 pesos ele, 60 pesos se você quiser subir junto.
A Mônica respondeu:
- 60 então!
Aquilo me deixou cabreiro! Não entendi direito, será que ela era mulher da vida? Tive de perguntar o que tava acontecendo, e ela me disse que não tinha nada a ver. Sei não...Acabei ficando num outro hotel de $55, mas havia combinado com Mônica dela me guiar pela cidade. Tomei uma ducha de 10 minutos, desci, mas...cadê a Mônica?! Sumiu. Fiquei meio culpado, achando que ela se magoou comigo. Enfim...
Fui andar em Posadas sozinho, e me surpreendi muito com a cidade, gostei muito mesmo. A Av. Costaneira, às margens do rio Paraná, é belissima. Cheguei no dia da Fiesta de los Estudiantes, grande desfile quase carnavalesco. Foi legal! Comi superpancho (uma espécie de hot dog), tomei gaseosa (refrigerante) e andei à beça. De manhã pretendo ir até San Ignácio (ARG), nas missões jesuíticas.

Posadas – San Ignácio Mini ( 5/10 )

Levantei cedo e rumei para San Ignácio. A viagem dura 1h30, num ônibus bem ruizinho, tanto que tivemos que trocar durante a viagem.
Neste trecho conheci Romina, uma garota muito gente boa, com um papo bem legal. Ela me disse que adora o Brasil e que pretende morar lá, já que tem parentes no RS, SP e SC.
Quando cheguei a San Ignácio, percebi que a sina de pobreza dos índios guaranis não existe só no Brasil. É uma cidade muito simples, que vive do turismo, onde as crianças pedem moedas, e várias barracas vendem artesanatos guarani. O local onde ficam as ruínas é muito bem cuidado, com um museu muito bem estruturado. Sempre tem muitas crianças com profesores, afinal aquilo é história latinoamericana pura!
Almocei lá mesmo, uma panqueca que eles chamam de canelone, com carne moída (um molho muito aguado); e voltei à Posadas.
Posadas realmente me impressionou: a cidade é agitada no ponto certo, gente bonita (as mulheres aqui são lindas) e andar tranquilamente numa caminhada à beira-rio é muito bom. Deixa saudades.
Aproveitei a noite para sair caminhando, estava muito quente. Comi uma milanesa grellado con palmito, uma delícia, e tomei umas cervejas Quilmes. Depois andei, andei, andei...
Amanhã sigo para Resistência (ARG).

Posadas – Resistência ( 6/10 )

Deixei Posadas às 10h15, rumo a Resistência. Me dei conta agora que essa é a terceira provincia (Estado) que eu atravesso: Missiones, Corrientes e Chaco. Em quilômetros, já foram mais de 2 mil km de busão. É bastante estrada.
Cheguei em Resistência às 15h40, e peguei o ônibus Línea 10, para o centro da cidade, já que fiz reserva no Residencial Bariloche (calle Obligado, 239). Cheguei lá e fui muito bem recebido por Marta, mas havia um problema: eu não tinha pesos para pagar a diária, e hoje é sábado! Onde cambiar?! Perguntei, fui a um Carrefour, à farmácia, e nada. Finalmente me indicaram o Cassino Amerian. Caramba, parece Laz Vegas aquilo! E até aqui, foi a melhor cotaçao que encontrei, me pagaram $3,17 por dólar! Melhor que banco ou casa de câmbio.
A cidade não me agradou muito. Tem muito carro, um trânsito louco, mas sem buzinaço, graças a Deus! Outra coisa, Resistência precisa de uma Lei Cidade Limpa, a poluição visual é monstruosa; poucos prédios interessantes, e uma praça enorme, chamada 25 de Mayo. E muitas escultura espalhadas pelas ruas. Dei uma volta, comi umas empanadas e fui à internet. Começou uma garoa fina, e chegou um friozinho. Quero dormir um pouco para amanhã ir a Salta (ARG). E no quarto tem tv a cabo.

Resistênica – Salta ( 7/10 )

Dormi bem, fiquei na cama um tempo bom ainda, depois saí para andar. Fui até o parque 2 de Febrero (Av. Lavalle), lugar onde as famílias resistentes fazem pic nic. É um parque simples, sem grandes atrativos.
Corri para voltar ao hotel. Porque? Hoje é dia de superclásicoBoca Jrs x River Plate! A cidade pára, tudo fecha. Loucura!! Acabou com a vitória do River.
Fiz minha mochila, e ás 17h45 peguei o ônibus para Salta, 12 horas de viagem, e $90 a menos no bolso.
Não posso esquecer de comentar sobre um encontro que eu tive: eu estava indo ao Pq. 2 de Febrero, e resolvi perguntar onde ficava. Foi quando encontrei o sr. Roberto, um senhor muito simpático que logo perguntou de que lugar do Brasil eu era. Começamos a conversar animadamente, e ele me disse que nos idos dos anos 70 havia visitado São Paulo; que foi muito bem tratado, e se emocionou a ponto de chorar. Confesso que fiquei com olhos marejados também.
A viagem até Salta dura 12 horas, mas o ônibus é um FlechaBus, muito confortável.

Salta ( 8/10 )

Cheguei em Salta ás 5h40, depois de exatas 12 horas de viagem tranquila. O ônibus era realmente muito bom; liguei ao Hostel Backpaker´s (calle Buenos Aires, 930), e fiz reserva. Um táxi e mais $4, e já tinha teto em Salta.
O hostel é bonzinho, animado. Gostam de brasileiros aqui também. Tomei uma ducha, e saí para conhecer a cidade. Salta me impressionou, é uma cidade média/grande, bonita, meio suja, mas com muita vida e cultura. Fui direto para conhecer a Plaza 9 de Julio, onde fica a Catedral, o MAAM (Museo Arqueológico de Alta Montaña, belíssimo), o Cabildo, enfim, o centro da cidade. É turística sem ser massificante. A catedral é maravilhosa, esplendorosa. Não visitei o Cabildo por estar na hora da siesta (das 12h ás 16h), mas o centro cultural América é bem interessante. Ao MAAM também não fui por causa da siesta; dizem que é bem legal, tem múmias, algo assim...a ver.
Caminhei muito por essa cidade de quadras bem definidas. Parei num restaurante de comida típica norteña, chamado Doña Salta, e experimentei as coisas da terra: uma massa de milho moído, levemente salgada e apimentada, que vem na palha do milho tal e qual a nossa pamonha; é delicioso, se chama humita, e comi logo duas. E as empanadas, claro...continuei meu recogido (volta, em espanhol) até a igreja de São Francisco, linda com sua fachada vermelha e amarela; mais adiante, o convento de São Bernardo, funcionando até hoje. Nesse convento tem uma porta e batentes lindíssimos, esculpido, segundo contam, por um índio pagando uma promessa inusitada: que sua filha que nascera branca fosse aceita pela sociedade rica da época. Pelo jeito, ele conseguiu o pedido...
Continuei a caminhada até o teleférico onde, mesmo com certo medo (!), tomei o danado do bondinho. De lá de cima se pode ter uma visão linda da cidade! De certa maneira, se pode comparar o Cerro São Bernardo com o pico do Jaraguá, em Sampa city: é o ponto mais alto da cidade e recebe visitantes, mas o cerro é bem mais estruturado, e ainda tem o bondinho. Muito legal.
Ao descer, me senti muito cansado, tanto pela viagem como pela caminhada, e acabei voltando ao hostel. Fiquei um tempo ainda conversando com Dani da recepção, mas logo fui dormir um pouco.
Acordei e eram quase 21h! Tomei um banho, peguei infos sobre farmácias e uma parillada, e me fui. As ruas aqui são meio escuras, e para mim, os maiores perigos são os carros: o trânsito aqui não tem lei!!
Fui à farmácia, e depois procurei uma parillada; entrei em um restaurante chamado El Patriarca, onde um típico norteño tocava violão, enquanto um outro acompanhava no bumbo. Este do bumbo cantava, muito bem, as coisas de Salta. Foi lindo, gostei muito! E a comida, muito boa.
Voltei ao hostel cansado, mas feliz e agradecido a Deus por essa oportunidade ímpar.
E fui dormir.

Salta - 2º dia ( 9/10 )

Acordei tarde e bem descansado. Passei o dia quase todo no albergue, conversando com Ana e alguns outros hóspedes; fiz um macarrão fusilli, que aqui se chama sacabuzón, com molho bolonhesa. Quem comeu, gostou! De sobremesa (aqui chama-se postre), fomos de melancia (que aqui na ARG se chama sandía).
Depois da siesta, fui aos museus do centro: Museo de la Historia del Norte, e o interessante MAAM (Museo Arqueológico de Alta Montaña), onde existem duas múmias encontradas a quase 7 mil metros, num vulcão inativo perto de Salta. Impressiona como as múmia estão em excelente estado de conservação, sobretudo pelo congelamento e o ar rarefeito a que estavam submetidas. Uma das múmias é uma criança de 8 anos e meio. Incrível.
Á noite, festinha no bar do hostel. E fui dormir meio borracho (chapado, bêbado, ou qualquer expressão que o valha...rs), já que amanhã vou a Cafayate com uma excursão.

Salta – 3º dia ( 10/10 )

Acordei com dor de cabeça, ressaca e a obrigação de estar pronto ás 7h da manhã para sair com a excursão rumo a Cafayate. Ontem contratei a excursão para Cafayate por $85, barato se comparado com outras agências, inclusive a do próprio hostel. 7h10 a van chegou.
O guia se chama Julio, e foi muito simpático e engraçado durante a viagem. O cara tinha sempre uma bola de ervas no canto da boca, e aquilo me dava impressão de um ser ruminante que de vez em quando cuspia. Era curioso.
Cafayate fica a cerca de 2 horas de Salta, e segue por uma estrada solitária que mais se parece com aquelas de filmes easy rider: montanhas enormes, um quase deserto, se não fosse por algumas árvores que se parecem com a caatinga nordestina. É realmente uma paisagem que nunca vi igual, belissima, poética. Paramos várias vezes para fazer fotos em pontos estratégicos. A sinalização da estrada é de primeiro mundo – ou melhor, a sinalização existe, ao contrário do Brasil. Qualquer motorista que passe por essa estrada tem todas as infos necessárias para conhecer aquelas paisagens alucinantes.
Chegamos finalmente em Cafayate: é uma cidade pequena, praticamente uma praça com uma igreja bem conservada, e alguma ruas, nas quais ficam restaurantes, os artesãos, etc. É bem turística. Comemos em um restaurante típico, e depois saí para caminhar. Uma boa foi visitar duas bodegas de vinho, onde pudemos ver uma interessante apresentação da maneira como é feito o vinho, e também uma degustação de alguns vinhos. Foi muito bom!
Voltamos para Salta ás 18h, e logo fui convidado para participar do assado que sempre rola ás quartas nesse hostel. Paguei $20, mas estava muito cansado, e acabei dormindo, e não participei. Mas fui acordado lá pela 1h da manhã, com o povo me chamando para ir ao Babylon, um bar backpacker de Salta. E lá fui eu!! Tomei umas, dancei a beça, e lá pelas 4h da manhã fui dormir. Quero ir a Mendoza ainda, será que consigo?

Salta – 4º dia ( 11/10 )

Pois é, não consegui ir para Mendoza hoje, porque acordei muito tarde, e tinha que fazer a mochila, cambiar, esses detalhes que acabaram me atrapalhando. Acabei ficando mais um dia, descansando para essa viagem de 16 horas para Mendoza.
Passei o dia de bobeira, conversando com Ana, Ruth, Cesar; o pessoal do hostel em Salta é muito bacana, vão deixar saudade.
Fiz tudo o que precisava: comprei a passagem, cambiei moeda, tudo pronto. Amanhã me voy!
De noite, uma parillada no Don José, uma autentica parilla norteña, onde o dono, don José em pessoa, me ensinou como comer empanada e alguns cortes bovinos. O engraçado foi que havia uns cortes que para mim eram bem desagradáveis, como o úmero (a teta da vaca assada!), e don José ficava ali ao lado, tal qual um carcereiro, me olhando...(rs)
Fim de noite em Salta. Foi bom enquanto durou.

Salta – Mendoza ( 12/10 )

Assim que levantei, deixei tudo pronto. Paguei o hostel, fiz reserva no hostel em Mendoza e fiquei esperando a hora de partir. Ainda almocei com a Ana, e fui ao terminal de ônibus; 15h45 saiu o FlechaBus.
A viagem começou meio estressante: acontece que um maleiro (um rapaz que coloca as bagagens dentro do busão) me cobrou $1 só para colocar minha mochila no bagageiro. Um assalto! Já queria discutir com ele, mas contei até dez...
O ônibus da FlechaBus, coche cama (leito), é muito confortável, serve refeições e tal...também, por $187, não esperava menos. Tudo seguia bem, os filmes em DVD iam se sucedendo, o jantar foi bom (frango a milanesa com arroz), e resolvi dormir. Então...
Na madrugada, uma barreira da polícia rodoviária (Gendarmeria). Os caras sobem, olham, pedem documentos; mostrei a permissão de entrada e o RG, mas o maldito policial queria saber da minha bagagem. Disse que estava embaixo, e ele me diz:
Entonces, vamos bajar!
O cara procurava por drogas, sei lá, qualquer coisa que me ferrase. De diferente, eu só tinha mel de uva, que comprei em Cafayate. O cara se interessou pelo meu shampoo:
Que és eso?
Respondo – Shampoo, señor. O milico retruca – Para cabelito de milho?
Que raio de pergunta é essa? Acenei com a cabeça, o cuzão ainda cheirou o produto...listo! Me liberou. Não resisti e falei:
- Gracias, pau no cú...
Como o português para eles é tão compreensível quanto o grego, resolvi arriscar e dar uma estocada, uma pequena vingança por esse contratempo idiota. Tudo certo...
Voltei ao meu assento, meio puto ainda e com sono. Assim seguimos até Mendoza, onde na estrada mesmo já se vê a pré-cordilheira e alguns picos nevados. Estou um pouco cansado, mas vamos em frente, por aqui fico cinco dias.

Mendoza – 1º dia ( 13/10 )

Cheguei ao Hostel Campo Base (Av. Mitre, 946) caminhando, da rodoviária até lá são como 8 quadras, e aqui na Argentina uma quadra tem 100m mesmo, tipo NY. Fui já perguntando pra um monte de gente onde ficava o hostel, para testar a receptividade: tudo bem por enquanto!
O hostel é ótimo e, por ocasião do feriado de 12 de Outubro (algo como Dia da Pan-América, sei lá...) lotado; ao mesmo tempo que eu, chegaram vinte pessoas + ou -, um grupo bem animado e barulhento. Gostei do clima!
O quarto demorou 2 horas para ficar pronto, onde aproveitei para conhecer a Plaza Independencia, uma praça central fantástica, enorme, belíssima; é muito movimentada, com um chafariz que é uma obra de arte, as pessoas caminhando tranquilamente. Isso me deu uma paz incrível, e Mendoza me arrebatou de primeira. Viveria aqui tranquilamente.
Quando voltei ao hostel, tudo estava certo, e logo tentaram me empurrar um paquete turistico para qualquer lugar que eu quisesse...fiquei na minha.
Banho tomado, tratei de sair para o cansaço não me pegar. Mendoza tem uma praça central (Independencia) e outras quatro equidistantes: España, Itália, Chile e San Martin. Comecei pela Plaza Itália, que estava em reforma.
Segui para a Plaza Chile, onde havia um monumento em homenagem à amizade Argentina x Chile: os libertadores San Martin e O´Higgins de mãos dadas. É curioso notar que a despeito de monumentos, homenagens e afins, argentinos e chilenos vivem se cutucando: a rivalidade mesmo não é conosco, mas com os chilenos. Na praça havia ainda alguns cachorros e um mendigo (o único que vi aqui, o segundo em toda viagem até agora).
A seguir, a Plaza San Martin. Linda, com um monumento impactante em bronze homenageando esse mito que é San Martin, o libertador da América espanhola. Esse personagem é onipresente em toda Argentina, seja em nome de ruas, parques, praças ou monumentos.
Por fim, a mais bela delas todas: Plaza España! É uma praça com um chafariz fabuloso, todo ornamentado com azulejos que recontam a história de Mendoza! Nesse dia havia uma feira de artesanato, a la Praça Benedito Calixto (quem conhece São Paulo, sabe do que eu estou falando; quem não conhece, sinta-se convidado a vir visitar), porém em menor proporção. Fiquei um bom tempo lá, apreciando a vida passar na correria das crianças, no vai e vem das pessoas olhando os artesanatos, no sol gostoso de início de primavera animando a todos. Fui vencido pelo cansaço, que bateu forte, e voltei ao hostel.
Deitei, mas não dormi; levantei e fiquei sabendo que iria ter um asado (churrasco) no hostel: $25 por cabeça. Paguei. O churras foi ótimo, comi, dancei e conheci gente do mundo inteiro. Adoro esse tipo de festa.
Amanhã decido para onde vou.

Mendoza – 2º dia ( 14/10 )

Eu já acordei meio mal da garganta, doendo um pouco, catarro...mal sinal.
Estou aproveitando um pouco para andar nessa cidade linda. Hoje eu resolvi ir ao Parque San Martin (Av. Boulogne Sur Mer), uma área verde enorme e super aproveitada pela população mendocina.
Andei umas 10 quadras até os portões do parque, que já te dão as boas vindas com grande estilo!
Entrei no parque, um caminhão com torcedores de um time de futebol qualquer passa, fazendo barulho. De repente, são emboscados do nada, com gente saindo de trás das árvores e moitas, jogando pedras. Foi uma cena meio non sense, e muito bom para que eu me lembre que não estou no paraíso...
Procurei o Centro de Info Turistica do parque, onde uma simpática moça me passou o mapa do parque. Como uma cidade organizada e turística que se preze, a moça me indicou um tour por todo o parque, por módicos $6. Gracias, señorita...
Caminhei bastante, com um objetivo: chegar ao Cerro de la Glória, ponto mais alto da cidade, que se situa dentro do parque. Para essa missão, o mapa do parque se mostrou muito útil. Passei por alamedas lindas, um estádio de futebol (me disseram que teve jogo de Copa do Mundo aqui), muita gente com cães, enfim, qualidade de vida. Isso é Mendoza.
Aliás, aqui se pode andar muito tranquilo, segurança total, uma sensação perdida no Brasil...caminhei bastante, subi bastante também, mas cheguei ao Cerro. A visão é linda, panorâmica, e o monumento lá é dos mais bonitos que eu já vi!!
Desci o morro, e saí em frente do zoo: sim, dentro do parque há um zoológico, mas nem cogitei entrar...preferi pegar um bus, tava na hora de comer.
Eu senti que estava piorando, cansado. Saí para comer, rodei muito, mas achei um lugar bom/barato: El Rey de la Milanesa , onde comi um 1/4 de pollo con limon y papas fritas, muito bom!! Uma gaseosa (refrigerante) para acompanhar. Duas coisas: aqui se toma gaseosa a toda hora, Pepsi e Coca-Cola disputam aqui cabeça a cabeça; e aqui se pode comer sossegado, sem que um menino de rua te peça 500 vezes uma moeda. Aqui é a paz!
Me senti febrío. Fui para o hostel e logo o frio chegou forte por aqui.
Não tive tempo de mais nada: vi o time de rúgby (chamado de Los Pumas por aqui) tomarem uma surra da África do Sul (Sudafrica en espanhol) por 36 x 13; tomei uma medicina (remédio), e fui deitar. Definitivamente, estou gripado e rouco.

Mendoza – 3º dia ( 15/10 )

Morto.
Assim eu estava quando acordei, morto. Quase morto, melhor dizendo. Porque tive força para me levantar, tomar um banho, e me animar um pouco. Tomei desayuno com uma galera gringa que mora em Santiago, bem legais.
Saí pra andar um pouco, respirar ar puro; hoje é feriado ainda, tá tudo muito tranquilo. Acabei indo para o terminal de buses perguntar sobre preços e horários para Puente del Inca, entrada do Parque Provincial Aconcágua.
Voltei e decidi acompanhar aquela mesma galera gringa do café da manhã numa visita guiada a duas bodegas e uma fábrica de chocolate. Foi bem interessante, acabei comprando um vinho muito bom, tipo Crianza, na Bodega Familia Di Tommazo, amadeirado, forte. A produção de vinho na região mendocina é enorme, saindo daqui os melhores vinhos argentinos da atualidade. Nesse tour acabei conhecendo dois brasileiros, Gabriel e Lucas, lá do Recife (PE); gente boa os gemêos.
Quando voltamos, pedi que me deixassem perto do terminal de ônibus: decidi ir amanhã para Puente del Inca, ver o Aconcágua. O bilhete custa $15,65, e são 4h de viagem.
Voltei ao hostel, e confesso que não estou bem, esse resfriado junto com os lábios rachados, estão me perturbando. Comemos umas empanadas que Gabriel, o Cozinheiro preparou, e fui dormir. À noite chegaram duas chicas ao quarto, bem nojentinhas, que me perturbaram a noite toda porque eu ressonava durante o sono. Duas vacunas (vacas em bom português), que me fizeram dormir muito pouco, e isso justo no dia que eu tinha de descansar para pegar o ônibus ás 6h da manhã.

Mendoza – Puente del Inca (16/10)

Acordei um pouco melhor do que deitei, apesar daquelas duas putas me incomodarem a noite toda. Eram 5h da matina quando o galo (meu celular!) cantou. Em 10 minutos estava pronto para ir.
O ônibus das 6h saiu ás 6h15, e viajou 4h até Puente del Inca; eu só vi duas dessas quatro horas, aproveitei o caminho para dormir um pouco, me recuperar da noite mal dormida. Quando abri os olhos, já estava entre as altas montanhas nevadas: caramba, que sensação fantástica! Não consegui dormir mais.
O ônibus segue margeando o Rio Mendoza, que provem do degelo das montanhas; o ônibus passa por vários vilarejos, uns hotéis de beira de estrada, e também por outros hotéis que se revelam, num olhar mais cuidadoso, serem resorts cinco estrelas perdidos por aquelas imensidão seca...é um caminho impressionante essa Ruta Nacional 7 (RN7), que vai rasgando os Andes em direção ao Chile!
Puente del Inca nada mais é do que um punhado de casas ao lado esquerdo da estrada, com um destacamento do Exército Argentino do outro lado, tudo isso cercado por enormes montanhas com neves. Parece pouco, mas é um cenário espetacular. Desci, impactado ainda, e logo busquei a ponte que dá nome à “vila”: ela é amarelada, uma ponte natural, e que as água termais, sulfurosas e com todo tipo de substâncias minerais, cobrem com esse limo amarelo. Há uma construção, um antigo hotel, que foi destruído por uma avalanche (!!), e dele só restaram as ruínas.
Perguntei a um cara de lá, Emílio, dono de um refúgio, o que havia para ver mais; me explicou assim um caminho mais curto para chegar ao Parque Provincial Aconcágua, que segui prontamente. Esse caminho passa por trás da aduana argentina, e economiza 1,5km de estrada, e o visual é belíssimo! Pela primeira vez vi gelo de montanha, parece gelo picado...Bom, cerca de uma hora depois, cheguei ao parque, á entrada dele. Dali se vê o Aconcágua todo, mas a base dele está a 40km dali, um dia de viagem a pé! Mesmo assim é como se estivesse ali na minha frente, majestoso! Fiquei um bom tempo parado ali, pensando, contemplando...voltei á vila pelo mesmo caminho. Fazia muito sol, o céu estava de um azul profundo, mas o vento frio fazia parecer que não. Na verdade, a pele queima tanto pelo sol quanto pelo vento. É inóspito, e eu só estava a 2800m acima do nível do mar.
A vilinha de Puente del Inca tem sempre turistas, motoristas que estão indo ou voltando do Chile. Essa estrada deve ser fantástica, penso em fazê-la mais no futuro, até Santiago. Aproveitei para comer um lomito, e esperei o ônibus das 16h45 para Mendoza; esperavam ali para pegar o mesmo bus umas oito pessoas, a maioria funcionários do parque.
Cheguei podre em Mendoza, quase ás 21h, e só tive tempo de comer algo (que acabei comprando num supermercado próximo) e dormir. Mas decididamente muito feliz!

Mendoza – 5º dia ( 17/10 )

Último dia em Mendoza. Decidi isso assim que acordei. Já bateu no meu coração a vontade de pegar estrada, seguir. Vamos aos preparativos: fazer mochila, cambiar, pagar o hostel, dar uma última volta na cidade...
Comprei a passagem para 22h, indo a Córdoba, pela empresa TAC, um coche cama que me custou $90.
Voltei ao hostel, mochila pronta, tudo certo. Por aqui, é hora da siesta; e olha, dá um sono danado mesmo nessa hora...A tarde passou rápida, caiu a noite. La pelas 21h, me despedi do pessoal do hostel; vão deixar saudade todos eles, Gastón, Paola, Gabi, Gabriel Cocinero, todos, sem exceçao! Muy buena onda, como se diz aqui. Foi uma boa passagem, Mendoza está guardada no meu coração.
Peguei o ônibus da TAC e segui viagem. Tudo ia bem, serviram o jantar, a RN 7 estava calma; então...
Estava dormindo, e despertei com o ônibus parado no acostamento, em frente a um posto. Demorou pra cair a ficha...desci, procurei o chofer (motorista), e perguntei o que passava: problema mecânico, uma correia estourou!
Resumindo: cinco horas parado, um ônibus reserva só chegou ás 8h, mais ou menos, e seguimos viagem, finalmente. Chegamos ás 13h em Córdoba, meio cansado e entediado.

Córdoba – 1º dia (18/10)

Na primeira visada, logo que saí do terminal de buses em direção ao centro, saquei: Córdoba é igual a São Paulo. Pelo jeito das pessoas, pelo trânsito, pela fama de cidade cultural...cheguei ao Hostel Córdoba Backpacker, bem ruizinho, tomei um banho, e saí para conhecer. Sentei para tomar um suco, e até o final do segundo copo, contei SEIS pessoas que vieram me pedir dinheiro; TRÊS crianças vendendo bugigangas, UM bêbado.
Para se gostar de Sampa, tem que se levar tempo; sabendo disso, vou dar um desconto à Córdoba, explorar e conhecer melhor. Fui ao bar do hostel, abri uma Stela Artois (a cerveja belga que é muito consumida na Argentina, bem aguada...) e convidei um gringo pra tomar comigo – afinal, uma garrafa de 1 litro te pressiona a convida alguem pra dividir...
Tomei, falei, ouvi...o islandês é meio louco, jovem demais. Ficou meio breaco com uma cerva. Subi, fui dormir um pouco, creio que razoavelmente, acordei meio indisposto. Banho tomado, e fui jantar: fui a um restaurante chamado Il Gatto, italianinho meio metido a besta. Bom serviço, ótima lasanha.
Voltei ao hostel, e ao bar. Lá conheci uns brasileiros, Nei e Felipe, dois caras do interior de São Paulo, gente boa. Altas conversas, conheci um povo gente boa da Colômbia, Argentina, Peru...o papo tava bom, mas depois que o Felipe derrubou cerveja na minha calça, aproveitei a deixa para dormir. Lavei a calça, e deitei. Amanhã vou à Villa Carlos Paz.

Córdoba – 2º dia (19/10)

Acordei cedo, já que queria aproveitar o dia. Fui ao banheiro pegar minha calça que estava secando...mas cadê ela?! Pois é, me roubaram a calça. Incrível, triste e ao mesmo tempo engraçado: fiquei sem uma calça jeans, companheira de viagem, e ainda morri com um prejuízo de $50 de uma calça nova. Ainda saí perguntando para alguns hóspedes, mas logicamente ninguém sabia de nada.
Fui ao Mercado Sud, local de onde saem os minibuses para a Villa Carlos Paz. Quarenta e cinco minutos depois, cheguei uma cidade muito agradável, com ares de cidade litorânea. O que tem aqui é na verdade um imenso lago artificial, usado como praia, local de descanso e de esportes náuticos. Sensacional. Andei muito nessa cidade, que por agora começa a se preparar para o verão que se aproxima, já que vive em função disso.
Resolvi voltar para Córdoba, e me dirigi para a simpática rodoviária da Villa Carlos Paz. Ás 15h30 peguei o micro ônibus, e cheguei em Córdoba com um calor de rachar, mas nem isso me impediu de sair caminhando e fazer algumas fotos; nessas andanças descobri uma igreja belíssima, chamada Sagrado Corazon de Jesus, estilo gótico.
Saí para jantar fora de novo, no Il Gatto novamente. Dessa vez rolou uma berinjela ao forno, com queijo e presunto, e depois um involtini de pollo (um medalhão, só que mais sofisticado). Comi muito bem!Terminei a noite no bar do hostel, jogando um pouco de bilhar (que por aqui, bilhar se chama pool) e fui dormir. Amanhã quero ir a Alta Gracia , lar de Che Guevara.
P.S.: Só para esclarecer a questão do roubo da calça: depois fui entender que não se tratou de um furto, mas sim de um engano, já que algum hóspede desavisado (e talvez bêbado...) pegou minha calça pensando ser a dele. Como sei disso? Porque coincidentemente com o sumiço da minha calça, uma outra, três números maior que a minha, ficou “sobrando” por ali, sem que nenhum dono a reclamasse. Claro que eu a trouxe para São Paulo, e a doei para alguem que pudesse usá-la...(rs)

Córdoba – Alta Gracia (20/10)

Mais uma vez, acordei cedo, tomei uma ducha, um bom desayuno, e segui para Alta Gracia, pegando o micro lá no mesmo Mercado Sud de ontem. Dessa vez estava em companhia de Pablo, um argentino gente boa que conheci no hostel.
Os mesmo quarenta e cinco minutos que gastei no dia anterior foram suficientes para que chegássemos à Alta Gracia. A cidade me pareceu simpática já no primeiro momento, bonita e aconchegante. Fomos direto para o Museo del Che que funciona na casa onde o famoso revolucionário passou a infância. É um lugar interessantíssimo, mostrando o lado humano desse mito em que se transformou o Che! Vimos dois documentários, um sobre a infância de Ernestito (o nome de Che Guevara era Ernesto), outro sobre a Revolução Cubana e a morte de Che, em 1968, na Bolívia. Gostei do museu, do clima...para fechar, almoçamos num resto cubano, bem ao lado do Museu, cujos donos são cubanos muito divertidos. Acabamos comendo um prato típico, chamado locro, um mexidão com carne suína, batata, cenoura, enfim...gostoso!!
Continuamos nosso passeio pela cidade e chegamos ás ruínas de um assentamento jesuíta, bem no centro da cidade, que ainda hoje está incrivelmente conservado. Tivemos uma verdadeira aula de história com a guia Cinthia, um presente que está incluído nos $2 pagos na entrada; entramos ás 15h30, e saímos ás 17h. Muito bom!
Pablo se revelou um bom companheiro de viagem, me diverti muito. Estou acostumado a andar sozinho, e pensei que estranharia essa parceria, mas foi bem agradável. Voltamos a Córdoba; calor, abrimos uma cerveja, e jogamos muito bilhar, na regra argentina; não ganhei uma...
Fomos jantar superpancho, uma iguaria que eu havia comido lá no começo da minha trip, em Posadas; comi três deles, numa lanchonete que me remetia a um McDonalds de cachorros-quente...fomos em grupo, eu Nei e Felipe (os dois brasileiros), Reinner (um colombiano maluco, professor de filosofia) e Juan. Este último é um ex-soldado do Exército Americano, vinte e cinco anos de farda, e já lutou em algumas das frentes mais ferrenhas (Panamá, Golfo, Iraque, Afeganistão). Era curioso quando Juan sentava, abria uma garrafa de vinho, e começa a contar histórias da sua vida...as pessoas no hostel faziam roda para escutá-lo. E as histórias dele geravam em mim um tipo de curiosidade igual a quando você lê algo sobre viagens espaciais: você sabe que é verdade, mas aquilo é tão surreal, que parece brincadeira. Ouvir Juan falar sobre fronts, Iraque, montanhas afegãs, para mim, soava como adubo para minha imaginação. Altas histórias, que eram contadas enquanto Juan resistia ao álcool...duas garrafas de vinho, e aquele homem de alma torturada caía de lado, bêbado.
Fui dormir, mas acabei acordado por Pablo, me convidando para sair para uma balada, junto com uma galera do hostel: enfim, fui para a noite cordobense. Agitada, movida, muitos bares, molecada boba. E a mulherada linda! Pulamos de boliche em boliche (é a maneira como eles chamam as baladas na Argentina), até que eu cansei. Fui dormir, afinal sigo ainda hoje para Buenos Aires, e de trem!!

Córdoba – Buenos Aires (21/10)

Acordei meio tonto, reflexo da noite anterior. Me lembrei que precisava fazer o check out até as 10h, senão pagaria uma diária a mais. Como a necessidade faz o homem, fiz a mochila em dez minutos! Com isso acabei esquecendo uma toalha ultra-absorvente na janela do quarto. Mais uma baixa na viagem...Desci, paguei, e fui até a estação de trem comprar um bilhete para Buenos Aires: só havia para classe turística, onde os assentos são fixos, não reclinam. Estou com espírito aventureiro, além do normal, afinal são quinze horas de viagem até Bue.
Voltei ao hostel. Fiquei conversando com o pessoal lá, usei a internet, tava enrolando...uma mesa se formou com Pablo, Juan, Nei, Felipe, eu e um alemão que não lembro o nome; cerveja rolando (a boa e velha Stela Artois), e Juan começou de novo a relatar histórias de guerra, mas se aprofundando um pouco mais sobre sua companhia, uma tropa de elite do Exército Americano, os Rangers, que são sempre enviados para resolver as buchas em situações de conflitos. Ele tambem esclareceu porque estava ali, em Córdoba: em 2003, uma bomba explodiu o carro onde estava sua equipe, morreram cinco membros, e ele ficou 4 meses no estaleiro. Quando se recuperou, foi aposentado compulsoriamente, mas resolveu se formar paramédico, e pegou o rumo da América do Sul. Fiquei fascinado por essa figura humana...
O papo estava ótimo, mas minha hora tinha chegado. Me despedi de todos, e fui para a estação de trem.

A viagem de trem

Bom, eu nunca fiz uma viagem longa de trem, já que no Brasil a política pública desenvolvimentista acabou com a imensa malha que havia. Hoje só existem quatro ou cinco linhas que transportam passageiros em todo o país. Então, quando pintou essa possibilidade aqui, tratei logo de abraça-la!
Nesse trem (que por aqui se chama ferrocarril) existem quatro classes: CabinePullmanEspecial e Turística, indo do melhor para a pior nessa sequência; comprei a Turística, viagem com emoção...
Quando cheguei á estação de Córdoba, uma multidão de gente se aglomerava: hippies, famílias, mochileiros, budistas (!), artistas de circo (!!): uma mistura fabulosa, rica e pandemônica. Deixei minha mochila para o empregado da ferrovia guardar, e subi com a mochilinha á tira colo.
Os assentos eram fixos, mas não totalmente duros; e se não reclinavam, os assentos podiam ser empurrados para se ficar como de frente para o outro. Depois entendi o porquê...
Partiu o trem! Apito forte, 16h25, e a partir desse momento, até o final da viagem, não parou de circular gente pelo trem, o que é perfeitamente compreensível se pensarmos que são quinze horas dentro de um trem: haja perna e bunda para aguentar ficar sentado. Minhas companheiras de assento são duas senhoras gordas, extremamente viciadas em mate! Podia ser pior...
Crianças, homens jogando truco (ou algo similar), as senhoras ao meu lado levantando a cada 10 minutos para pegar água quente para o mate. Eu só observava aquela fauna curiosa. Acabei conhecendo um brasileiro, se chama Albano, estudante de moda em Buenos Aires. Foram boas conversas, o cara é legal. Por mais que se esforce, não é fácil encontrar uma boa posição para ficar; realmente as pernas e a bunda são castigadas...
No meio daquela movimentação toda, uma espécie de “ferromoço” empurrando um carrinho com sandubas de milanesa; comprei dois desses e uma gaseosa; a pressa desse sanduicheiro contrastou com a levada do trem naquele momento, um arrastar quase desesperador.
Dormi um pouco, e lá pelas 22h, fui ao carro-restaurante: não havia mais comida! A fila estava grande, alguns esperando ainda que, por milagre, o jantar fosse ser servido. Acabei comendo uma torta de jamon y queso, e fui dormir.
O trem fez uma parada em Rosário, por cerca de vinte minutos, uma parada técnica para a composição, e uma parada mais que necessária para os passageiros. O cansaço naquele momento realmente pegou. Saí da minha classe Turística e fui me alongar um pouco, tomar um café...quando retornei ao vagão, as senhoras gordas e viciadas em mate haviam rebatido o assento, deixando-o no sentido contrário do que viemos. Eu me perguntei o porquê daquilo, e a resposta veio com a partida do trem: seguimos agora no sentido contrário mesmo, mas até fazer um retorno, 4km á frente. Eram cerca de 1h da manhã. Dormi até uma 6h da manhã. O trem seguia, o aspecto das pessoas era de um cansaço evidente: eu estava moído. Levantei, andei, voltei a sentar...acho que já estava meio impaciente.
Chegamos extremamente atrasados em Buenos Aires, por volta das 9h, na Estación Retiro: gigante, várias linhas de trem e metrô chegando ao mesmo tempo. Naquele horário os portenhos todos estavam agitados, seguindo na rotina diária de se locomover para o trabalho. Peguei minha mochila, ajeitei no corpo e fui ao metrô. Minha viagem foi bem bacana, apesar de estar em frangalhos fisicamente.

Buenos Aires – 1º dia (22/10)

Assim que saí da Estação Retiro, dei de cara com o metrô (aqui chamado de subter). Era a maneira mais rápida e segura de se chegar ao Centro. Tomei a linha C, até a Estação Lavalle; desci e fui caminhando até o Hostel Obelisco (Av. Corrientes), uma indicação dos gêmeos recifences que conheci em Mendoza. O hostel é muito bom na estrutura, mas o atendimento...uma arrogância e formalidade que não condizem com um hostel. Me informaram que eu só poderia fazer o check in ás 14h, e eram só 10h!Saí pra andar um pouco.
Passei em um posto de info turística onde a atendente Graziela, muito simpática, me passou dicas importantes; fui tomar um desayuno em uma cafeteria chamada La Girondado tipo bem antiga e tradicional: azulejo branco na parede, o garçom de gravata borboleta. Aliás, um dos garçons, um típico merda, atendeu com muita má vontade. Tudo bem, só queria um café com leite mesmo, não pedi um sorriso...
Caminhei muito por Bue até as 14h. Andei quase a Av. 9 de Julio inteira, fui a San Telmo a pé, andei pela Av. Corrientes...a cidade é bonita de fato, avenidas largas, um convite a quem se regozija com andanças. Mas é barulhenta também, e com um povo de feições bem agradáveis.
Voltei ao hostel, me alojei, uma ducha rápida, e saí de novo: dessa vez fui atrás de uma toalha, para substituir aquela que eu havia esquecido em Córdoba. Nem preciso dizer que não consegui. Uma cagada mesmo...
Não achei a toalha, mas acabei vendo algumas ofertas boas para comprar de presente.
Eu entrava e saía do hostel, definitivamente não gostei de lá. No pouco tempo que fiquei lá, conheci um padre mexicano muito louco, chamado Alfredo, mais Felipe e Ricardo, dois brasileiros. Em Buenos Aires é possível encontrar muitos brasileiros.
Fui jantar uns pedaços de pizza. Voltei ao hostel, e terminei numa mesa com cerveja e bom papo com Alfredo (o padre mexicano), Ricardo e Felipe. Fui dormir decidido a mudar de hostel no dia seguinte, e já tenho lugar certo: San Telmo.

Buenos Aires – 2º dia (23/10)

Acordei instintivamente antes da 10h, para fazer de vez o check out: aquele hostel estava me incomodando. Formalizei minha saída, e acabei solicitando a um dos recepcionistas se poderia deixar minha mochila no depósito deles, e fui andar. Iria para o hostel em Santelmo só ás 14h.
Andei desta vez pelas calles Lavalle e Florida, esta última um verdadeiro formigueiro humano, onde todo mundo passa para comprar alguma coisa. Ali tudo é muito barato. O comércio bombando. Aproveitei assim para fazer as primeiras “aquisições”, presentes para a família, camisetas onde se lê “Buenos Aires”, essas coisas mais turísticas, mas que são interessantes para se dar de presente. Em nenhum momento me espantei com os preços, o câmbio está muito favorável.
Quase 14h, voltei ao hostel Obelisco, dessa vez para partir, sem dor no coração; segui caminho para Santelmo, iria me hospedar no hostel Tango Inn, onde fui bem recebido. Deixei minha mochila e fui caminhar por Santelmo.
Acabei indo para o lado bom de San Telmo; almocei muitíssimo bem em um restaurante chamado Desnível (calle Defensa), muito boa comida mesmo, por um preço justo. Depois andei pelas ruas de San Telmo, passei pela Plaza Dorrego, e todas as ruas simpáticas desse bairro, onde se vê antiquários, casais dançando tango, entre outras coisas. Gostei muito.
De volta ao hostel, recebi a resposta por mail de Marie, uma francesa que conheci em Mendoza: me dizia que eu poderia ficar em sua casa, no bairro de Palermo Alto. E assim foi, acabei deixando o hostel sem nem ter ficado um só dia.
Cheguei na casa de Marie e de seu colega de casa, Raffa, de táxi (outra das peculiaridades de Buenos Aires: táxi é uma maneira muito confortável e segura de se locomover por lá) por volta das 21h. Fui muito bem recebido por ambos, e logo saímos para uma praça um pouco distante, chamada Serrano, onde havia alguns barzinhos. O bar era bom, mas a conta saiu bem cara: $70 por uma pícaras (é uma espécie de porção de queijo e presunto, com azeitonas, uma tábua de queijos!), uma caipirinha (razoável) e uma tal de pantera rosa, um drink estranho...muito caro!
Voltamos ao apê de táxi, o metrô pára as 23h aqui. A linha que tomamos é privatizada. Olhos atentos na linha 4 do nosso metrô...

Buenos Aires – 3º dia (24/10)

Logo cedo, Marie e Raffa saíram: Marie foi trabalhar, Raffa á faculdade. Acordei ás 12h30, e fiquei preguiçoso até umas 14h, quando Raffa voltou. Não queria atrapalhar, e aproveitei para conhecer melhor o bairro de Palermo.
Palermo é um bairro bonito, bem organizado, com bastante serviços disponíveis. É agradável caminhar por aqui.
Comecei meu passeio pelo Parque. Las Heras, que o pessoal aqui utiliza como “praia”: todos com roupa de banho, estirados no gramado...o dia estava lindo, céu azul. Fiquei um bom tempo ali, observando; passei em um super (supermercado) e comprei frutas, suco e água, praticamente um mini pic nic.
Isso é bom em Bue: muitas praças, áreas verdes. Se vive bem.
Segui a pé para o Jardín Japonês, parque no estilo oriental. É um lugar muito agradável, e com uma conservação que impressiona. Gostei bastante. Voltei caminhando, me perdendo propositalmente pelas ruas de Palermo: como é fácil e divertido andar por aqui.
Voltei ao Parque Las Herasdeitei no gramado como a maioria, e fiquei lá até ás 18h. Voltei ao apê da Marie, ma antes passei pela lavanderia para pegar umas roupas que havia deixado pela manhã: uma sacola grande de roupas, lavada e passada, por $10, algo como R$5...sem comentários! Serviço nota dez.
Tivemos um jantar muito bem feito pela Marie, um musaká grego, acompanhado por um vinho frisante. Depois de um dia cansativo e bem aproveitado como esse, só tinha uma coisa a fazer mesmo: ir dormir.

Buenos Aires – 4º dia (25/10)

Levantei, arrumei a mochila parceira de trip, e voltei a Santelmo: senti que estava incomodando lá na casa da Marie. E já tá batendo uma saudade de casa; minha volta está marcada para o dia 29.
Cheguei em um hostel chama Santelmo (Av. San Juan 818) por indicação de um espanhol que conheci em Mendoza. O clima é bem legal mesmo, é barato ($18), mas as instalações são bem ruinzinhas.
Fiquei um baita tempão conversando com Nico, um uruguaio que também está no quarto: bem loco, maconheiro, ator, malabarista, enfim, um figura!
Chove agora em Buee eu tenho de ficar por aqui, de bobeira. Isso me dá uma sensação estranha, era como um princípio de tristeza que não se pode identificar o motivo. Na primeira trégua que as nuvens deram, fugi prara a rua, para fugir desse sentimento também. Fui comer, e acabei achando um resto aberto, dá-lhe milanesa...Voltei com chuva para o hostel. Á noite o céu se abriu, uma lua cheia iluminada veio dar a graça, e decidi passar a madrugada na rua. Fui em um bar da Plaza Dorrega, chamado El Balcón, onde uma banda muito boa tocava lá. Funk, soul jazz...acabei até comprando um CD dos caras. Tomei umas cervezas e comi alguma coisa, até que lá pela 1h30 voltei ao hostel, onde uma turma fazia uma algazarra dos diabos. Foi difícil dormir, mas acabei conseguindo...


Buenos Aires – 5º dia (26/10)

Acordei cedo, no instinto. Banho, internet, e decidi ir para o Centro: precisava fazer umas compras, algumas caixas de alfajores, cambiar alguns dólares; acabei fazendo um câmbio bem vantajoso, algo como US$ 1 = $ 3,17, realmente muito bom.
Caminhei muito, muito mesmo hoje. Passei por tudo que faltava: Plaza de MayoTorre Monumental (antiga Torre de los Ingleses), Casa RosadaCatedral Metropolitana...andar por Bue é agradável, como eu já tinha dito. Já com as solas dos pés doendo, voltei para o hostel, fiz um pit stop providencial para um amoço rápido, e logo saí de novo, dessa vez em direção ao bairro de La Boca.
Para se chegar lá, pode-se ir a pé, algo que em algumas conversas antes, e principalmente depois, não se mostrou ser um opção segura não. Conheci um francês no hostel que me relatou um roubo que acabara de sofrer, indo para o bairro...escolhi a maneira mais rápida e direta, ou seja, o ônibus mesmo (linha 65, se não me engano; aliás, os ônibus portenhos são interessantes, não tem cobrador, o que existe é uma máquina onde você coloca os 65 centavos de peso, e uma luz indica ao motorista que foi pago). La Boca fica ás margens do Rio Riachuelo, o similar Tietê portenho, no pior sentido. É poluído, água escura e espessa...mesmo assim, vários barcos navegam por ali. As casas são todas coloridas, muita gente na rua, turistas procurando atrações, e um monte de gente vendendo de tudo para turistas: é difícil explicar o clima, só estando lá mesmo: sentir La Boca e o Caminito. O bairro é meio barra pesada, mas ao mesmo tempo você sente uma coisa tão familiar, uma energia boa. Eu não sei explicar isso, tem que sentir, viver.
Tirei foto como dançarino de tango, andei pelas ruelas cheias de artistas, tudo ali é muito singular e ao mesmo tempo comum a qualquer bairro operário do mundo. Segui até a Bombonera, o mítico estádio do Boca Juniors; várias pessoas tiravam fotos, buscavam infos, entravam no Museo de la Pasion Boquense; aproveitei e entrei também, queria saber mais.
O museu é hiper organizado, dinâmico, instigante. Paguei a entrada com direito a ver o gramado da Bombonera por $ 17, uma pechincha que vale a pena!
O museu é espetacular, mas a sensação que se tem quando se entra nas gerais do estádio é de puro extâse! Eu pirei, vibrei mesmo, e as imagens foram se sucedendo, momentos que vi pela tv...mas estar ali é diferente; em dia de jogo então, deve ser absurdamente melhor. Fiquei um bom tempo ali, sentado, imaginando jogadas...
Saí e fui embora de volta para Santelmo, pegando a linha 12; cheguei ao hostel morto de fome, e tive uma surpresa bem desagradável: as privadas do hostel, todas elas sem exceção, estavam quebradas!O hostel era bem precário mesmo. Acabei dando um jeito e tomei um banho; mesmo podre, saí caminhando em busca de um restaurante para comer algo, estava cansado e com fome. Foi quando encontrei o restaurante Manolo (calle Bolivar 1299), um verdadeiro achado: é um restaurante com um clima fantástico, um tango rolando in lounge, decoração esportiva, camisas de clube de futebol, bandeiras, flâmulas; quadros sobre diversas coisas da Espanha (o dono é espanhol)...só por isso já valeria a pena, mas tinha ainda a comida. Comi um suprema a la manolo, espetáculo de milanesa de pollo, com papas fritas á española (as famosas batatas fritas), um prato tão grande que quase não consegui matar !E olha que eu estava faminto.
Estava lleno! Resolvi andar um pouco, ajudar na digestão, antes de ir para o hostel. Estava cansado, e voltei ao hostel disposto a dormir, mas chegando lá enrolei um pouco, levei um papo interessante com o francês que foi roubado em La Boca (não me lembro o nome do francês, mas me lembro que ele era vegetariano, e que tinha andado por meio planeta...); o cara me contou umas histórias interessantes sobre a temporada dele na Índia. Resolvi dormir, a despeito da festa e dos risos de uma festa que rolava no hostel...

Buenos Aires – 6º dia (27/10)

Mais uma vez acordei cedo, havia combinado com a Marie que voltaria para o apê dela. 7h da manhã eu estava em pé, me aprontando; Marie havia me dito algo sobre a cidade de Tigre, não sei...peguei o táxi em torno das 9h, e logo estava de volta á Palermo Alto, onde Marie mora. Estava cedo, era sábado, e não quis incomodar nem Marie nem Raffa, por isso esperei até as 10h tomando um desayuno em frente ao prédio. Quando me certifiquei que eles já estavam acordados, subi, deixei uma das mochilas (sim, agora eu tinha mais uma, só de presentes) e fui tentar encontrar os brasileiros que conheci em Córdoba, Nei e Felipe. Fui ao hostel em que eles estavam hospedados, no bairro da Recoleta, mas eles não estavam. Fica para a próxima...voltei ao apê, e lá estava Marie e sua amiga Heloise. Saímos os três, eu e Marie para a cidade de Tigre, e para isso precisamos pegar o Tren de la Costa, um trem turístico que vai margeando o Rio Plata. O trem parte da estação Mitre, e para chegar até lá precisamos pegar o subter até a estação Carranza, e depois um trem de subúrbio até a estação Mitre. Lá pagamos $16 para embarcar, e a surpresa é que o trem é muito bom, confortável, as estações em que ele pára também são muito boas; a paisagem, á direita, é a costa do Rio Plata, muito bonita.
A viagem dura 35 minutos. Tigres é uma cidade turística, e logo quando se desembarca você dá de cara com um parque tipo Playcenter; caminhamos até o trapiche, onde rolava uma feira de móveis artesanais, e uma multidão andava, olhava e comprava...seguindo, havia muitos resturantes, parillas, todos um pouco caros, afinal, a turistada ali paga mesmo. Desencanei e resolvi curtir.
Tomamos uma lancha para fazer o passeio pelo Delta do Tigre, que é um conjunto de arroyo que desaguam no Plata. Uma hora de passeio, meio monótono, $13. Dormi um bom pedaço, estava precisando. Quando atracamos, fomos comer; Marie queria parilla, estava enlouquecida de fome. Eu fui de milanesa a napolitana. Ficamos ali um bom tempo, conversando. Foi um bom papo.
Saímos e voltamos para a estação Tigre. Ficamos sabendo que houve um acidente, e que o serviço de trem estava suspenso. Pensamos então no plano B: seguir até a estação de trens comuns, de subúrbio mesmo, pegar um trem qualquer para a estação Retiro. Compramos o ticket e fomos. Quase 50 minutos de viagem até Retiro, e quando chegamos lá, tivemos uma surpresa: nos venderam um ticket que valia para outra estação (que não me lembro qual...) e tivemos de pagar uma “multa” de $4 para ter acesso a estação RetiroUna cagada...
Pegamos o metrô, depois caminhamos até o apê. Eu estava morto, queria uma ducha e cama! E assim foi! Marie só queria cama, e nem banho tomou...herança francesa?
Amanhã, dia de eleições argentina, vamos cruzar o rio e ir até Colônia (URU).

Buenos Aires – Colônia (28/10)

Como seguindo uma tradição, acordamos cedo, eu e Marie. Era preciso estar em Puerto Madero ás 8h30, para fazer os trâmites legais, pegar as passagens no Buquebus, passar pela alfândega...pegamos um táxi ($10), e chegamos em Madero: o terminal de embarque de navios é bem confortável. Fizemos todos os trâmites, e embarcamos para Colônia (URU). Há dois tipos de buques (navios): os rápidos, que fazem a travessia em uma hora; e os ferry lentos, que cruzam o Rio Plata em cerca de três horas. O rápido é mais caro, mas Marie conseguiu uma promoção muito boa, ida e volta custou $100, tarifa muito boa para esse serviço.
O serviço a bordo do navio e as acomodações são muito boas, me surpreendeu bastante. Assentos confortáveis, janelas bem grandes para ver o Rio Plata, enfim, tudo muito bom.
Chegamos em Colônia, e passamos pela imigração uruguaia, aquele trâmite todo...saímos e fomos procurar uma oficina (escritório) de turismo, afim de pegar um mapa, saber mais de Colônia; com um mapa na mão fomos explorar a cidade.
Há um farol, muitas ruínas da época dos portugueses, várias ruas calçadas no estilo “pé de moleque”, e uma tranquilidade contrastante com Bue. Havia turistas, muitos deles (nós incluídos...), mas a cidade estava muito boa para se curtir. Esse dia foi de eleições na Argentina, feriado nacional, por isso imperava a lei seca no país vizinho. Andamos bastante, tiramos fotos, e fomos almoçar na praça central. Comemos muito bem, e pagamos mais ou menos barato: o câmbio no Uruguai é similar ao da Argentina, apesar da moeda uruguai levar a pior na comparação.
Depois de um almoço fabuloso, fomos até a “praia” do Rio Plata, onde eu busquei uma sombra de árvore junto a algumas pedras, e ali mesmo dormi cerca de meia hora; Marie se jogou na areia mesmo, queria se queimar um pouco...a moça era branca como uma vela.
Queríamos ainda passear pela Av. Costaneira, então seguimos em frente. Essa avenida margeia o Rio Plata, e nesse ponto em que a avenida ladeia o rio existe uma larga faixa de areia, que é usada pela população como praia e lazer; aproveitei, tirei a bota e caminhei pela areia...estava com saudade de água, de clima praiano.
O domingo estava ensolarado, e havia muita gente na praia; eu mesmo me queimei bem, só na caminhada que fiz com Marie. A francesinha parecia um pimentão...(rs). Ficamos numa faixa de areia um tempão, só “lagarteando”; estava chegando a hora de voltarmos para Bue. Eram 18h, e o check in no buque rolava ás 19h30. Caminhamos até o porto, mais ou menos 50 minutos, onde tive tempo ainda de tomar uma Stela Artois gelada, pois o calor tava forte!
Todos os procedimentos feitos de manhã, repetimos á tarde. Embarcamos, e 20h30 saímos de Colônia. Gostei bastante da cidade, a simpatia das pessoas, além de ser muy hermosa (bonita).
Na volta, ora conversávamos, ora dormíamos, afinal estávamos cansados, foi uma dia cheio de alternativas. Quando chegamos em Bue, fiquei com vontade de tomar algumas coisa antes de ir para a casa da Marie. No dia seguinte eu estaria de volta ao Brasil, e queria me despedir da noite portenha. Fomos a um bar que Marie conhecia, chamado Limbo. Muito bonito, mas o serviço, una cagada. A caipirinha estava mal feita, e o mojito, parecia chá de hortelã! Basura (um lixo, falando claramente).
Eu já estava morto de cansado, então fomos para o apê. Eu tinha que arreglar (arrumar...) a mochila ainda, já que no dia seguinte voltaria para Sampa. Mas consegui dormir só lá pelas 3h da manhã.

Buenos Aires – São Paulo (29/10)

Meu vôo sairia as 13h20, mas as 10h eu já estava em pé, com tudo pronto. Sentia realmente que já estava na hora de voltar para casa...uma vez eu li em algum lugar que o homem só viaja para poder voltar com mais satisfação para casa, e eu creio que foi isso mesmo que se passou comigo. A Argentina me surpreendeu muito, e de maneira geral positivamente. Na verdade, eu vi muito mais semelhanças nas nossas ditas diferenças.
Meu relato se encerra aqui, mas essa viagem fantástica pela América do Sul apenas começou...


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