1º dia – Chegando em BH, uai! (14/7)
Meu vôo estava marcado para ás
13h. Cheguei ao aeroporto o volta das 11h50, sob a chuva típica desse mês de
Setembro atípico. Trânsito intenso, mas cheguei a tempo de fazer o check in.
O vôo foi um tanto turbulento no
começo; segundo o comandante, era “uma linha de instabilidade sobre São Paulo”
que fazia o avião sacudir bastante. Uma gordinha simpática e de rosto lindo na
poltrona ao lado se abanava freneticamente. Botei meus óculos escuros e tratei
de relaxar.
Chegamos em BH pontualmente ás
14h. Sol e calor. O aeroporto de Confins é afastado da cidade, assim como
Cumbica em Sampa. Me dirigi até a CIT local, onde fui bem atendido. Pessoal
dinâmico e atencioso. Munido de mapas e infos, saí de lá já com uma certeza:
quatro dias serão poucos. BH tem muita coisa pra se ver.
Peguei o ônibus “convencional”
para a rodoviária, ao preço de R$7,80. Em uma hora exata chegamos ao centro.
Foi aí que começou um mini martírio.
Infos desencontradas me fizeram
rodar á toa, atrás de uma pousada. Quando encontrei, travei um diálogo surreal
com a atendente:
- Olá, boa tarde! Você tem um
quarto?
- Tem sim. Preenche essa
fichinha...
- Moça, onde tem um restaurante
aqui? Tô cheio de fome!
- Aqui não tem restaurante não...
- Não?!Mas eu vi um aberto na
outra esquina!
- Mas fica aberto só até as
18h...
- Tá certo...outra pergunta: vou
dar uma volta mais tarde. Fica alguem na portaria, né?
- Olha, moço, aqui não tem
porteiro não...se você sair e voltar depois da meia-noite, a chance de entrar é
mínima...
- Espera...mas eu quero conhecer
a cidade!
- Olha moço, aqui é uma pousada
que recebe atletas, gente que dorme cedo...
- E eu vim tomar uma cerveja!
Peguei minha mochila e fui
embora. Parecia que a recepcionista queria mais que eu fosse do que ficasse
mesmo. No way ficar ali. Pesquisei um pouco e achei um hostel HI no
bairro de Sta. Efigênia. E lá fui eu! Táxi-lotação, infos com um pipoqueiro
falante a beça, e finalmente uma informação correta com o Sr. Raul, um
simpático aposentado que me acompanhou até o Chalé Mineiro (R. Santa Luzia,
288. tel.:31 3467 1576). Entrei e fui recepcionado por Wender, um gay bem
afetado. R$23 pelo quarto coletivo, e fiquei um tempo enrolando numa mesa do
lado de fora, junto á piscina. Engatei um papo com Maria, uma advogada baiana
que mora em Palma de Mallorca (ESP). Conheci também duas crianças negras, mal
educadas pra caramba, acompanhadas de um americano que queria adotá-las. Meio non
sense a situação.
Depois de um banho, fui comer.
Lasanha num botecão simples, a R$6,50, na Av. Brasil. Voltei ao hostel, onde
terminei de escrever este relato, e saí para um forró que me foi recomendado lá
no aeroporto, um lugar chamado A Casa.
2° dia – Belô (15/9)
Acordei meio de resseca. O forró
foi muito bom, animado e gente bonita. Decidi, meio de ultima hora, para onde
eu iria: Lagoa da Pampulha. Banho, escolha de uma roupa leve (o calor hoje bate
na casa dos 30°C) e segui para o centro. Peguei o ônibus 9801 até a Pça. Sete,
e depois o 2004 para a Pampulha. O sistema de ônibus aqui em BH funciona bem,
apesar de algumas reclamações por parte de alguns. Em 30min cheguei ao estádio
do Mineirão, já na entrada da Lagoa. Resolvi fazer uma visita. Paguei R$6 por
uma visita de 10min. Burocrático. Pelo menos a guia, Ellen, era simpática.
Cheguei até o gramado, fiz fotos; o estádio é bonito e passa uma baita energia.
Saí do estádio e caminhei até a
Lagoa. É impressionante a beleza cênica deste lugar. Segui em frente até me
deparar com a Igreja de São Francisco, obra de Oscar Niemeyer, assim como todo
o complexo da Pampulha.
O mural, a parte interna me
pareceu ser de Portinari. É um lugar lindo, realmente. Ao lado havia um
carrinho que vendia coco verde gelado. Com o calor que estava fazendo, nada
melhor... acabei agarrando numa conversa animada com o dono do carrinho, um
belorizontino engraçado chamado Márcio. Foi ele quem me deu a dica de um ônibus
turístico que circunda a Lagoa. Esperei ali com o cara bem humorado até o
danado do ônibus aparecer. Quando veio, subi e paguei R$1,60. E fui até o Museu
de Arte da Pampulha. O museu estava fechado: reforma. Mas o entorno do museu é
muito bonito, tranquilo. Aproveitei para fotografar.
De volta á Lagoa, a dúvida:
voltar até a Igreja de São Francisco e ver a Casa do Baile, ou ir para o
centro, e ver o Mercado Central? Optei pela segunda opção.
O Mercado Central fica bem no
centro de BH, e comparando com o Mercadão paulistano. E tem de tudo um pouco:
comida, bebida, bichos, doces e salgados. Panela, palha, madeira, brinquedo,
faca, tecido. Tudo! E alguma coisa mais.
Tomei uns chopps no Bar do Pelé,
onde fui agraciado com uma porção de peixe frito pelo próprio dono. Comi, ouvi
umas histórias engraçadas de tabela, e segui caminhando pelas alamedas do
mercado. Fui maltratado numa loja de cachaças (cujo nome não e lembro), e
acabei comprando minhas “marditas” em outros dois lugares. Nem sei quanto tempo
passei ali, perdido por aqueles corredores. Lugar muito bom.
Decidi ir embora, por hoje estava
bom. Além do mais, estava meio “baleado” pela noite de forró anterior...
No hostel, depois de um banho,
foi á procura de outra casa de forró que haviam me indicado ontem: Casemiro Hot
Pub. Noite de terça em BH é light, como eles mesmo dizem aqui. Pouca gente na
porta, a beleza da mulher mineira sempre presente. Tomei umas brejas no
carrinho de hot dog do Marquinhos, um figuraça bem conhecido da noite
belorizontina, e fui embora ter um merecido descanso.
3° dia – Caminhando na Pena (16/9)
Acordei com um propósito: andar a
Av. Afonso Pena, a avenida mais famosa da cidade, de cabo a rabo. No dia
anterior havia visto vários prédios interessantes, queria fotografá-los.
Saí do hostel por volta das 9h30.
Peguei a Av. Brasil até o fim, pois queria passar na Pça. da Liberdade, um
símbolo da capital mineira. Acabei conhecendo um dos lugares mais bonitos de
BH.
A praça é centenária, e desde
sempre foi o centro administrativo da cidade. Hoje passa por uma transformação:
todos os prédios históricos do entorno da praça se tornarão centros culturais,
teatros e afins.
Destaque para o futuro CCBB, um
prédio simplesmente espetacular.
BH vai se tornar uma referencia
na área cultural, não tenho dúvidas disso. Fiquei empolgado e emocionado.
Passei um tempão lá, andando e
curtindo o coreto, os chafarizes (água limpa, e sem ninguém tomando banho
dentro!) e o principal, as pessoas que passam ali. Dizem que nos fins de
semana rola uma feirinha animada lá. Fica para a próxima.
Voltando pela Av. Brasil, resolvi
almoçar. quarta-feira é dia de prato tropeiro. Bela pedida. Paguei barato
e comi bem. Satisfeito, fui em direção á Av. Afonso Pena, pegar um taxi-lotação
até o mirante, e então voltar descendo a pé.
Uma nota sobre os taxis-lotação:
é um serviço que funciona muito bem. Fazem determinada linha, no caso, toda a
extensão da Av. Afonso Pena, por módicos R$2,40. Barbada!
O taxi-lotação me deixou na Pça.
do Papa, e dali caminhei até o mirante. A vista ali é muito interessante, e me
surpreendeu: BH é bastante grande. E funciona muito bem como cidade. “Milagre”
do planejamento...
Iniciei a descida da Afonso Pena
já meio cansado pelo calor. Neste trajeto vê-se muitas casas enormes,
opulentas. Gente rica. O bairro é nobre.
Descia num bom ritmo, mas meu pé
sem meia começou a reclamar: o atrito dos dedos no All Star já fazia estrago.
Parei numa farmácia e fiz um pit stop de emergência, onde comprei um
rolo de micropore e praticamente enfaixei o pé. A dor sumiu.
A caminhada já estava ficando
enfadonha. Foi quando cheguei á parte baixa da avenida. Entrei no Palácio das
Artes, dentro do Parque Municipal. É um centro cultural moderno, com cinema,
teatro, livraria. Acabei vendo uma exposição sobre os 300 anos da Guerra
dos Emboabas. E depois fui tomar um capuccino no Café do Palácio, que fica
dentro do centro cultural. Muito agradável.
Já quase de noite, ainda deu
tempo de visitar a Igreja São José. Tinha uma missa, eram umas 18h. O centro
estava lotado, afinal BH ferve ao cair da noite. Ainda mais com esse calor.
Já no hostel, um banho rápido, e
fui até um boteco ver o jogo do Atlético- MG. Torcida sanguínea; mulheres
bonitas. E o Galo perdeu. Tudo normal, mineiramente normal.
4° dia – Adeus (17/9)
A quinta-feira amanheceu linda,
ensolarada e quente. Um dia ideal para passear. Mas eu já estava de partida.
Paguei o hostel, e saí junto com
o Carlão, meu companheiro de quarto. Fomos pegar o metrô, que na verdade é um
trem metropolitano. Desembarquei na rodoviária, guardei minha mochila no locker
da rodô e fui dar uma volta. Antes comprei o ticket do ônibus para o aeroporto.
Visitei o Parque Municipal, andei bastante por suas alamedas. É um parque
lindo, realmente.
BH é uma cidade que me surpreendeu imensamente.
Não só pelas belas paisagens, mas também pela sua gente.
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